Quando se trata do controle das finanças pessoais com ganhos variáveis, o segredo para se manter o equilíbrio está em entender o seu risco. Já não é novidade que o negócio próprio ou atuar como autônomo está entre os investimentos de maior risco, se não no topo deles. E o motivo é claro: A renda variável.
Se os ganhos são incertos, como manter consistência no direcionamento de parte da renda todo mês para projetos de longo prazo, se não é possível fazer uma projeção correta de pelo menos 1 ano de recebimentos? Ou então, como estipular um custo que inclui todas as necessidades básicas, sem correr o risco de não conseguir manter esse padrão ao longo dos meses?
Quando se tem ganhos variáveis, se torna ainda mais importante que você tenha disciplina no controle do seu orçamento doméstico. É interessante que você faça uma análise ao longo dos meses e defina o mínimo, a média e o máximo dos seus ganhos. Para direcionar parte da sua renda para cada âmbito da sua vida, eu trago aqui ensinamentos baseados na técnica do Gustavo Cerbasi, onde ele sugere que a nossa renda deve ser distribuída em 3 baldes: Da qualidade de vida, da burocracia e do luxo.
No balde da burocracia, o autor sugere que estejam todos gastos básicos, e que normalmente são gastos fixos como moradia, transporte, alimentação, etc. Como se trata de compromissos pouco flexíveis, é recomendado que se você tem renda variável mantenha o custo desse balde abaixo da média do que você recebe.
Já no balde da qualidade de vida você pode mensurar o quanto custa o seu bem estar. Quando sua receita está dentro da média, é sinal que você pode manter todas as atividades que fazem a sua rotina ficar agradável, terá liberdade para fazer os programas dos finais de semana e ao mesmo tempo fazer todos os aportes para os seus projetos de curto, médio e longo prazo.
Uma reflexão interessante a se fazer quando se analisa esses dois baldes é a proteção quanto aos imprevistos que podem surgir. Mesmo que se tenha bons ganhos na média, não se pode deixar levar pelo otimismo dos melhores meses e assumir novos compromissos que se perduram por longos meses. Como todo desempenho passado não é garantia de resultado futuro, não se pode assumir um custo de padrão de vida que pode não se manter lá na frente.
O autor utiliza muito o termo orçamento engessado para definir os grandes gastos fixos que assumimos no decorrer da vida, e são esses gastos que devem comprometer o mínimo possível do orçamento, pois diante de qualquer imprevisto sabemos que não se pode simplesmente “cortá-los” sem criar uma dívida. E mantendo os custos da sua qualidade de vida dentro da média, de forma mais flexível, nada impede que algum programa possa ser cortado ou então um dos seus projetos possa ser adiado um pouco.
E, finalmente, no balde do luxo está o seu teto máximo, é quando você está nos seus melhores meses e pode se dar ao luxo, de fato. Quando você alcança o seu máximo de ganhos você tem a oportunidade de se presentear, ganha o direito de compensar alguns sacrifícios e restrições ao manter uma vida mais simples em outros momentos. É nesse momento que você colocar em dia um grande projeto, antecipa aquele sonho ou então garante mais 6 meses de academia pagando à vista, quem sabe?