Em entrevista para a Bloomberg, o diretor global de pesquisa para mercados emergentes do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, disse que a Selic não deve subir no mesmo ritmo que as taxas de juros durante o restante do ano.
Para Marcelo, a curva de juros atual no país é excessiva, mas o mesmo aposta que uma solução fiscal virá a partir do final de 2020. A expectativa do mercado é que o Banco Central volte a aumentar a Selic a partir de dezembro e a alta pode somar até 300 pontos base em 2021, expectativa que o BNP não acredita ser plausível. Para o diretor, a Selic volta a subir em 2022, enquanto 2021 será o ano de certa normalização do dólar, que deve voltar a ficar abaixo dos R$5,00.
O risco fiscal não deve se concretizar, uma vez que o governo deve se manter sob o teto de gastos durante 2021, ou no mínimo adotar alguma espécie de “âncora” para o orçamento da União. Para Marcelo, isso contribui para que as expectativas de inflação se mantenham baixas em 2021. Esse contexto também contribui para que as taxas de juros se mantenham em níveis baixos em um futuro próximo.
Marcelo projeta que o real deve se beneficiar dos novos pacotes de estímulo econômico a caminho no exterior, como o pacote sendo discutido atualmente nos EUA. É necessário pontuar que a moeda brasileira foi a mais prejudicada com a pandemia de COVID-19 entre as principais moedas do mundo. O diretor do BNP Paribas ainda projeta que o Brasil deve ter taxas de juros e inflação abaixo das grandes economias do mundo nos próximos meses, em razão da ociosidade provocada pela pandemia.
Imagem em destaque: Suno Research / divulgação