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Manutenção da Selic em 2% é uma armadilha, afirma ex-presidente do BNDES

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na última quarta-feira (28) pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 2% até o final de 2020, valor historicamente baixo. Em entrevista ao jornal Estadão, Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações durante o governo FHC, afirmou que a Selic em 2% é uma insustentável, e representa uma armadilha para o Copom.

Por um lado, a manutenção da taxa de juros é positiva para o mercado investidor. A manutenção da Selic e a expectativa de que ela só volte a crescer na segunda metade de 2021 são bem-vindas, uma vez que facilita o planejamento a longo prazo por parte dos investidores. Mas taxas tão baixas causam preocupação quanto ao quadro fiscal do país, assim como aumenta o medo por um crescimento descontrolado da inflação.

No comunicado em que anunciou a manutenção da Selic, o Copom admitiu que a decisão pode impactar negativamente na inflação a curto prazo. Mas a entidade reforçou sua orientação de tomar decisões visando prazos mais longos (forward guidance), prezando pela manutenção de uma certa previsibilidade no mercado financeiro.

Um dos fatores que colocou o Banco Central na atual situação com a Selic foi a baixa previsão de inflação que tínhamos até meses atrás. “O mercado errou, a expectativa era de 2% para este ano e, mesmo para o ano que vem, era baixa, entre 2% e 2,5%”, afirma Mendonça de Barros em seu depoimento ao Estadão. “O BC levou isso a ferro e fogo, sem criticar. E agora o mercado mudou a expectativa de inflação, para mais de 3% em 2021, sem pedir desculpas ao BC”.

Para o economista, as taxas de juros devem subir para que estejam compatíveis com as estimativas de inflação. A Selic baixa, combinada com a pressão cambial e a escassez de alguns produtos no mercado, pode comprometer seriamente a saúde econômica do país no futuro próximo.

Segundo Mendonça de Barros, a manutenção da Selic expõe uma falha analítica por parte da equipe econômica do governo, que se mostra resistente a corrigir a suposta falha. “Mais do que isso, se errou, corrige. Já deveria ter corrigido. Vão jogar a culpa na questão do déficit público, mas isso não tem nada a ver.”

Imagem em destaque: Exame / divulgação

Guilherme Guerreiro

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