O Brasil, para compensar o período de estoques internos em baixa, começou a contar com as importações de soja dos EUA para superar entressafra. A negociação, que é atípica, se deve por conta das exportações em massa feitas para a China ainda na primeira metade de 2020, além do crescimento da demanda interna. Segundo a agência Reuters, o valor importado dos EUA deve ser o maior desde 1997.
O Brasil já importou mais de 600 mil toneladas de soja em grão este ano, segundo o Ministério da Economia, 400% a mais comparado com 2019, quando o país importou 125,196 mil toneladas até outubro. Só em outubro deste ano, a importação chegou em 71 mil toneladas, valor muito maior que as 1,3 mil toneladas compradas no mesmo período do ano passado.
Um dos fatores que ajudaram a alavancar a importação de soja no país é a mudança de hábito alimentar provocada pela pandemia do novo Coronavírus, além do auxílio emergencial que aumentou o poder de compra. A alta no consumo, aumento de preços e ausência do produto no mercado fez o governo federal zerar o imposto de importação de soja em outubro. Medida que deve durar até janeiro de 2021.
Na primeira metade deste ano, mais de 72% do total das exportações de soja foram para a China. O país asiático comprou 50,5 milhões de toneladas no período de janeiro a julho. Comparado ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 32,5%. A alta significativa pode ser explicada pela apreensão do governo chinês com a pandemia, e os potenciais problemas que surgiriam na cadeia de alimentos. Por conta disso, o país resolveu comprar estoques de soja, tanto para criação de animais como para consumo humano.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a estimativa é que a importação brasileira chegue em 1 milhão de toneladas até o fim deste ano, e que exportações atinjam 82 milhões de toneladas, aumento de 1 milhão comparado com as expectativas do mês passado A Abiove também aumentou as projeções da exportação de soja para 2021. Ainda no mês passado, a expectativa era que as exportações ficassem por volta 82 milhões de toneladas, diferente dos 83,5 milhões projetados agora.