Embora 2020 tenha sido um ano de baixa histórica no número de calotes, os grandes bancos brasileiros já reservaram R$ 72 bilhões desde janeiro até setembro deste ano para cobrir com eventuais inadimplências. O valor da Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) já é 8,9% maior que a reserva do ano passado, de R$ 61,2 bilhões.
Um dos fatores que ajudam a entender o porquê da grande reserva é a incerteza das instituições bancárias quanto ao auxílio emergencial. O programa do governo está programado para acabar em dezembro, e o impacto que isso vai ter ainda é incerto. Além disso, setores do mercado financeiro ainda aguardam para ver se o governo brasileiro vai estourar – ou não – o teto de gastos, que pode significar uma piora da situação fiscal do país e um eventual aumento na inadimplência bancária.
Outro fator a se considerar é o aumento no endividamento das famílias, que é calculado com o total de empréstimos em relação a renda. O valor é o maior desde 2005.
As reservas do Itaú representam mais de um terço de todas as reservas dos grandes bancos somadas. O valor chegou em R$ 24,3 bilhões desde janeiro até setembro. O Bradesco, segundo na lista, reservou R$ 21,2 bilhões.
O Banco do Brasil aumentou em 40,5% o valor do PDD nos últimos 12 meses, reservando R$ 17 bilhões de janeiro a setembro deste ano. O Santander reservou R$ 9,7 bilhões para lidar com eventuais calotes no mesmo período.
Segundo Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, a expectativa é de crescimento da carteira de crédito nos próximos meses. O CEO do banco também disse que está observando como o ambiente se desenvolve, e que a inadimplência é esperada, além da velocidade com que ela chega, que depende de vários fatores.
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