O setor de agronegócios foi um dos poucos que não sofreu com a baixa arrecadação dos estados e municípios, neste ano de 2020, em função da pandemia do Covid-19. E para resolver questões pontuais de infraestrutura, grupos de produtores de diferentes locais, acabaram por se unir para conduzir estas obras, facilitando o escoamento de grãos. Essa união se dá através de grupos e até em parceria com os governos dos respectivos estado e municípios, as chamadas Parcerias Público-Privadas (PPP’s).
Um dos principais projetos nessa área se refere a pavimentação de estradas, fator que reflete no custo do frete, que pode chegar a uma redução de até 15%. Enquanto de chão bruto, essas vias são as responsáveis por quebras de caminhão, tombamentos e é lógico perda parcial (muitas vezes total) da carga, em alguns casos. Sem falar que em época de chuva, o tráfego fica amplamente comprometido. O interessante é que as estradas continuam públicas, mas podem passar para concessões através de pedágios.
As PPP’s, que unem estes produtores e o governo, já foram muito além de pavimentação e conservação de estradas. Chegaram até a revitalização de um porto na fronteira com a Bolívia. Especialistas também apontam essa união como uma saída para o setor econômico.
Essas parcerias surgiram há cerca de 20 anos, no Centro-Oeste do País, mais precisamente no Mato Grosso. E agora, após uma década, voltam a ser utilizadas, com contribuição do setor privado de até 20% dos custos. Pelo governo os recursos vêm através do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), que recai sobre a comercialização de commodities, como soja e milho.
Também no Mato Grosso, uma associação de produtores conseguiu a concessão do Governo do Estado, para reformar o porto fluvial no município de Cáceres. Nesta obra, os produtores da região, conhecida por possuir o maior rebanho bovino do estado, investiram R$ 1,5 milhão na obra que agora será administrada pela associação e que recebe este aporte após 10 anos de estagnação. Este porto – que une o município mato grossense ao Uruguai através de 2.400 quilômetros navegáveis, representa muito para a cidade, tanto em arrecadação, quanto geração de empregos. A previsão é de que inicie a operação já no início do ano que vem.
No oeste do Paraná, uma associação rural, instigada pela união do setor de produção do Mato Grosso, iniciou os projetos de parceria. O governo municipal entra com 70% os recursos para obras nas estradas e o setor participa com os 30% restantes.
Na região Norte do País, por exemplo, foram recuperados, pela PPP, cerca de 914 quilômetros de estradas rurais. Esta mesma parceria tem uma projeção de investimentos na casa dos R$ 180 milhões em 36 meses. Os especialistas observam que estas iniciativas ainda não podem ser medidas, mas é uma tendência a ser explorada por todo o País, levando-se em conta de que os recursos públicos não conseguem andar na frente da necessidade de escoamento da produção.
Foto: Reprodução/Impacto MS