Com um plano de governo que propõe seis vertentes para recobrar a produção e a inovação do país, o democrata Joe Biden garante que assegurar um futuro feito em toda a América e por todos os trabalhadores americanos. Nas seis linhas de ação, estão incluídos as concessões de subsídios e até a transferência de fábricas para os Estados Unidos. Analistas apontam este projeto como de difícil execução, pois no desempenho diário, isso pode significar que o consumidor americano pode vir a pagar mais caro por produtos que, potencialmente, podem ter qualidade inferior.
No seu plano, Biden vê a China como uma rival, especialmente na área de alta tecnologia, mas ao mesmo tempo espera uma relação mais estável e, principalmente, mais diplomática.
As políticas na área econômica são as mais esperadas, após Biden assumir, principalmente as que irão contribuir – ou não – para um restabelecimento célere da economia mundial, assim como para uma depreciação do dólar em relação a moedas de países em desenvolvimento. Analistas acreditam que o governo brasileiro pode se favorecer de um alongamento casual na guerra comercial, caso deixe de lado suas convicções políticas e vá atrás de uma estabilidade entre os dois países, que, hoje, têm uma política claramente diferentes.
As seis linhas de ação enunciadas no plano de governo da campanha de Biden se relacionam exatamente a recuperação do país: que se compre produtos americanos, que se faça na América, inove na América, invista em toda América, que levante-se pela América, com estratégias para competir em empregos e produtos e que retorne as cadeias de suprimentos críticas.
Isso significa dizer que Biden vai demandar mais conteúdo americano legítimo, em todos os setores. Vai coibir a liberação de importação de componente e impulsionar a demanda por produtos, materiais e serviços americano. Vai tornar mais rígidas as regras sobre conteúdo americano nos produtos “Made in USA”. Hoje, basta ter 51% de conteúdo para se obter a isenção na aquisição de componentes importados.
No segundo ponto, “Faça na América”, subsídios e financiamento dedicados para ajudar os fabricantes a reequipar e construir novas fábricas, além de incentivo por meio de compras governamentais. Nesta ação, Biden afirma que para as empresas se beneficiarem de pesquisas sustentadas pelo contribuinte, os produtos devem ser feitos no país, ou que a empresa restitua o governo pelo apoio.
O terceiro ponto, “Inove na América”, estabelece um investimento de US$ 300 bilhões (R$ 1,7 trilhão) em 48 meses em P&D. Garantir que o governo capture uma parte dos royalties de produtos altamente lucrativos desenvolvidos com financiamento federal. O quarto ponto, “Invista em toda a América”, prevê investimentos em todas as regiões do país. O quinto, “Levante-se pela América”, é uma tática para competir em geração de empregos e produtos, por meio da redução de tributos. Por fim, o sexto, “Suply America”, onde Biden pretende levar de volta cadeias de suprimento críticas, tanto no setor de saúde, como de tecnologia.
A preocupação de Biden com o país asiático fica evidenciada na parte em que afirma que vai trabalhar com aliados para diminuir a necessidade de concorrentes como a China no setor tecnológico. Ele afirma que o governo chinês está investindo efetivamente em pesquisa e comercialização nesta área. O que,nas palavras do recém eleito presidente americano, “mostra um esforço para superar a primazia tecnológica americana e dominar as indústrias futuras”.
PARA O BRASIL
Ter Biden como presidente, pode representar uma forma de progresso entre o Brasil e a China, já que o democrata investiria direto em negociação. Mesmo assim, especialistas políticos e econômicos apontam que o Brasil opte por alinhamento pontual com os dois países.
OUTRAS PROPOSTAS ECONÔMICAS
Programa de novos estímulos que inclui aumentar os cheques mensais da Previdência Social em US$ 200 (R$ 1.106) por mês; liberação de US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões) ao longo de seu primeiro mandato em ações ligadas à infraestrutura e desenvolvimento sustentável; investimento em competitividade prevê US$ 1,3 trilhão (R$ 7,1 trilhões) em uma década, para equipar a classe média americana para competir e vencer na economia global; aumento de impostos para grandes corporações e pessoas com renda a partir de US$ 400 mil (R$ 2,2 milhões) por ano, somado a cortes de tributos da classe média.
Foto: Paul Sancya/AP