Os setores de alumínio e aço, prejudicados pelas políticas tarifárias de Donald Trump, respiraram aliviados com a vitória de Joe Biden para a presidência dos EUA. A nova administração do país deve significar uma mudança nas exportações brasileiras de ambos os setores, que chegaram a ser sobretaxadas em até 130% até 2018.
Os setores foram amplamente prejudicadas pela chamada “trade war” dos Estados Unidos com a China. Na ocasião, o governo de Donald Trump estava preocupado com o déficit comercial do país, que estava em US$ 621 bilhões em 2019. Para tentar conter esse déficit, ele aplicou taxas e tarifas ao país chinês, que a administração norte-americana acreditava estar prejudicando o setor interno com práticas econômicas desleais.
É incomum que os setores de alumínio e aço comemorem a vitória de democratas, que tendem a ser mais protecionistas que os republicanos. O governo de Trump foi uma exceção à regra. O setor de alumínio viu suas exportações caírem mais de 56% este ano. Em setembro do ano passado, os EUA aplicaram uma tarifa adicional de 50% a 130% sobre chapas de alumínio, sendo que as vendas do alumínio já tinham sofrido uma sobretaxa de 10% há dois anos. Ainda em outubro, os EUA impuseram US$ 1,96 bilhões em tarifas de produtos de folha de alumínio, afetando 18 países, inclusive o Brasil.
Porém, com a chegada de Biden, a tendência é que as políticas protecionistas afrouxem. Além disso, o governo democrata tende a ser mais verde que o seu antecessor, com políticas que dão mais atenção ao meio ambiente. Esse tipo de política ambiental de redução de emissão de carbono tende a aumentar o consumo de alumínio, beneficiando o setor brasileiro.
O aço, que teve suas exportações reduzidas em 31% este ano, sofre também com cotas impostas pelo governo Trump. O Brasil só pode exportar 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado para os EUA por ano. Esse acordo, fechado em 2018, ainda determina que as exportações não passem de 30% deste valor por trimestre. Ainda este ano, o setor foi prejudicado mais uma vez quando o governo de Donald Trump anunciou uma redução de 83% dessa cota de importação, indo de 350 mil toneladas para 60 mil toneladas.
Segundo Marco Polo Mello, presidente do Instituto Aço Brasil, o interesse agora é de buscar o fim dessas cotas da exportação do aço, argumentando que a matéria prima é importante para o setor industrial norte-americano.
Uma refinada diplomacia brasileira é crucial para o desenvolvimento de relações econômicas com o novo governo norte-americano, que pretende trazer estabilidade para o mercado mundial.
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