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O que são fundos ESG e como identificá-los

3 Minutos de leitura

Nos últimos anos, cresceu a demanda por carteiras de investimento criadas a partir de critérios ambientais, sociais e de governança (ESGs). No Brasil, especificamente, essa demanda passou a ser uma realidade a partir dos desastres naturais de Mariana e Brumadinho que, além dos impactos ambientais e das irreparáveis vidas perdidas, causou um caos no mercado investidor do país.

Ações da Vale (VALE3) eram presenças massivas nas carteiras da maioria dos fundos de investimento brasileiros. O mercado reagiu rapidamente aos desastres, com as ações da companhia despencando e causando prejuízo imediato aos investidores. Assim, surgiu-se a necessidade das instituições renovarem seus critérios para elaboração de carteiras de investimentos, já que até então os riscos ambientais inerentes às operações das empresas não recebiam muita atenção dos fundos de investimento.

A JGP, por exemplo, vendeu dois terços de seus papéis da Vale logo após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão. A primeira carteira de investimentos pautada por critérios ESG do grupo foi elaborada alguns meses depois, em agosto de 2019. Desde então, os fundos ESG vem ganhando notoriedade no mercado brasileiro, somando hoje pouco menos de R$50 bilhões administrados. Enquanto isso, no mercado internacional, os fundos EGS já somavam mais de US$30 trilhões antes dos desastres naturais em Minas Gerais.

O que são os critérios ESGs?

Na verdade, ainda é um conceito aberto. Embora a teoria básica de o que define um fundo ESG seja conhecida, não é um conceito estabelecido internacionalmente que facilite a identificação de fundos ESG. No Brasil, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prevê que a identificação de um fundo ESG pode policiar e eventualmente requisitar que o título ESG seja retirado de um fundo que a comissão considere não se encaixar nos critérios, o que ainda não aconteceu até aqui.

Em sua essência, os critérios ESG (environmental, social and governance) são feitos para avaliar a administração de uma empresa e como ela se comporta em relação a três itens. São eles:

  • Ambiental: avalia como a empresa se porta em relação à políticas de sustentabilidade. Pode ser através de como ela produz e descarta lixo, seus níveis de emissão de carbono, fontes de energia utilizadas e esforços para prevenção de desastres ambientais, por exemplo.
  • Social: avalia como a empresa se relaciona com seus colaboradores e a comunidade ao seu redor. Leva em consideração fatores como diversidade, saúde, treinamento e direitos de seus funcionários, participação em eventos comunitários, etc.
  • Governança: avalia como a empresa é gerida, seu estatuto, regras e outras práticas administrativas. Pode-se levar em consideração a composição do conselho da empresa e como ele atua, a relação da empresa com seus acionistas, transparência nas operações, assim como medidas para evitar fraudes e corrupção dentro da instituição.

Como identificar fundos ESG?

Colocar seu dinheiro em fundos pautados por critérios ESG pode ser muito vantajoso para o investidor. Os riscos são menores, são fundos de captação mais facilitada. Assim, fundos de investimento têm competido para atrair investidores para suas próprias carteiras pautadas em critérios ESG. Mas como identificar se os papéis presentes em uma carteira realmente seguem os critérios, uma vez que os mesmos não são padronizados?

Primeiramente, o foco deve ser direcionado para a gestora do fundo em questão. É preciso analisar se a gestora integra dados ESG continuamente nos cálculos de risco e retorno de seu portfólio, se a mesma se envolve de forma ativa com as empresas presentes no mesmo (por meio de voto ou diálogos a respeito da gestão, etc.). Ainda é necessário considerar se a gestora é transparente na maneira como gere a carteira, ou seja, se divulga publicamente ou não relatórios referentes aos riscos envolvidos nas operações, sejam eles financeiros ou não financeiros.

Se uma gestora de fundos integra práticas ESG nas suas próprias operações, o seu portfólio será, automaticamente, um portfólio elaborado a partir de critérios ambientais, sociais e de governança. Se a gestora não for considerada na hora de avaliar uma carteira supostamente pautada por critérios ESG, o risco de o investidor colocar seu dinheiro em um fundo que não atende completamente aos critérios é elevado.

É importante pontuar novamente, porém, que fundos ESG podem ser definidos com diferentes prioridades. Uma empresa com alto nível de eficiência corporativa pode estar dentro de um portfólio pautado por critérios ESG, mesmo que suas operações envolvam atividades altamente poluentes. Para isso, o mercado brasileiro pode ser obrigado a criar diferentes selos para catalogação de fundos ESG, o que já é uma realidade na Europa.

Enquanto as entidades reguladoras não providenciam  maneiras mais objetivas de o investidor entender como um fundo entrou em um portfólio pautado por critérios ESG, resta ao investidor se manter atento. Assim, é necessário estudar as práticas da gestora que oferece o portfólio e buscar entender como cada empresa acabou se fazendo presente no mesmo. Por enquanto, não há uma maneira “fácil” de entrar no mundo dos fundos ESG.

Guilherme Guerreiro

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