Para algumas pessoas qualquer mudança significa um desafio. A mudança em si não seria um desafio tão grande se não existisse o enorme peso da resistência ao novo. Um conceito que representa essa dificuldade é a “zona de conforto” que sugere que estamos acostumados a viver com os mesmos hábitos adquiridos ao longo do tempo, e são esses comportamentos que trazem a falsa sensação de tranquilidade ou segurança.
Não é difícil perceber que nas finanças não é diferente. Bancos digitais, home broker, corretoras de valores e o mais novo sistema de pagamentos Pix, são exemplos da era digital que estão começando a participar muito lentamente da vida de algumas pessoas.
O surgimento do PIX trouxe bastante expectativa para a maioria dos usuários, e ao mesmo tempo incerteza. Não há dúvidas de que este sistema veio para revolucionar as transações financeiras. A isenção de taxas, a rapidez, a praticidade e a disponibilidade de horário fazem com que os antigos sistemas (TED, DOC, boleto, etc) possam ser substituídos facilmente. Mas será que este sistema terá a mesma aceitação por parte dos usuários, que as tradicionais transações tem?
Os bancos digitais, por exemplo, são ótimas ferramentas de estratégia financeira. A isenção das taxas nas transferências bancárias e na aquisição da conta corrente e cartão de crédito, fazem das fintechs a única opção para muita gente. Mas por que aqueles que mais reclamam das taxas abusivas, das filas das agências e dos gerentes interesseiros, nem se quer experimentam essa novidade? Geralmente, continuam duvidando da confiabilidade do desconhecido, pelo simples fato de não conhecer.
A mesma resistência ocorre em relação aos investimentos. Por que, apesar de terem conhecimento da ineficiência da poupança, mais da metade dos brasileiros continuam com todo o seu patrimônio lá? Por segurança? Talvez. Mas acredito que o principal fator seja a falta de interesse em pesquisar e entender sobre uma melhor opção.
Essa resistência ao novo considero ser um misto de fatores. Um deles é o desconhecimento, como se existisse um limite de aprendizado, e ele é alcançado a partir do momento em que se alcança certa maturidade com o que foi aprendido até o momento. Outro é o desinteresse, as informações estão todas em volta mas está tão cômodo do jeito que está, que não valem a atenção. E o último é o receio, que com toda certeza é fundamental em tempos de fraudes tão sofisticadas, mas que deve ser seguido de curiosidade, pois o medo não pode fazer com que se perca boas oportunidades.
Sem dúvida alguma, as frequentes atualizações que acompanham o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da tecnologia podem nos causar algum incômodo uma vez ou outra, às vezes, até mesmo uma simples mudança de layout de um aplicativo pode nos incomodar. Mas essa é a era em que vivemos! Devemos nos manter resilientes às mudanças e exercitar um modelo mental que aumente nossa capacidade de aprender mais.