Educação Financeira

Vidas importam…

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… e a Economia Também. Um eletrocardiograma é um exame que mostra a atividade cardíaca durante o seu funcionamento, e que ao fim apresenta de forma gráfica os batimentos cardíacos, seus altos e baixos. Tanto que se o gráfico anda em linha reta, significa que não há mais coração batendo ali, ou seja, não há mais vida. E na Economia temos uma ideia parecida da atividade econômica, em que há períodos de atividade mais intensa, e períodos com menor dinamismo. E há ainda a estagnação econômica, sem grandes perspectivas de curto prazo. É aquela velha máxima do “pode subir, cair, ou ficar de lado”.

No início deste ano, em meados de março, começou-se toda a discussão envolvendo a Covid-19, e principalmente as controvérsias, sem entrar no mérito das questões de saúde. Mas um fato me chamou a atenção, logo quando as primeiras medidas governamentais sugerindo (em algumas localidades, ordenando) que as pessoas ficassem em casa, sob a alegação de que os governantes deveriam preparar o sistema de saúde para atender as vítimas da doença, começaram a pipocar pelo país. Estou falando de aforismos como “Vidas primeiro; Economia depois”, ou “A Economia a gente vê depois”, ou ainda “Nenhum CPF vale mais que um CNPJ”.

Analisando num primeiro momento, esses e outros dizeres vistos em redes sociais, imprensa e grupos de amigos, nota-se que são frases utilizadas para causar um impacto direto ao interlocutor, de que a situação posta é grave e que devemos nos preocupar. Pois bem, focando-se às questões econômicas, quando se estuda a Economia como ciência, muito além de compreender as relações de oferta e demanda, quando estamos falando de economia, estamos falando de vida também.

Pode parecer estranho num primeiro momento, mas devemos lembrar que o ser humano foi feito para o trabalho, e que o trabalho dignifica o homem. As medidas apresentadas desde março até agora mostraram a dura realidade de grande parte dos brasileiros. Muitos apenas “trocam figurinha”, “vendem o almoço para comprar a janta”, em expressões populares. Em virtude de décadas de medidas de cunho duvidoso dos governos, infelizmente não se enraizou ainda uma cultura poupadora, de se preparar para as adversidades – ainda que isso felizmente esteja mudando; devagar, mas mudando – mas se tem muito uma cultura mais consumidora, de contar com o dinheiro ao fim do mês para consumir seus bens e serviços.

Pois bem, quando estou falando de economia, apesar de utilizar diversos instrumentais matemáticos para resolver e investigar seus fenômenos, estou falando de uma ciência social. Sim, Economia não é ciência exata. Quando estou falando de economia estou falando de relações humanas. É muito mais que pessoas querendo vender coisas interagindo com pessoas querendo comprar coisas, numa relação em que ambas partes procuram aumentar seu bem-estar. Quem vende está valorizando mais o dinheiro do outro do que o bem em questão; quem compra está valorizando mais o bem em questão do que o seu dinheiro. E assim ocorrem as trocas voluntárias, muitas vezes sem ser nada pessoal, apenas uma mera relação de negócios.

E com o ser humano sendo feito ao trabalho, economia e vida são duas grandezas que andam juntas. Não há economia sem vida, e indo além, não há vida sem economia, pois praticamente tudo do que consumimos, é porque dependemos do trabalho de outras pessoas, as quais não fazemos a menor ideia de quem sejam. Por isso, quando diziam que “a economia a gente vê depois”, causou-me um enorme espanto do nível de percepção que muitas pessoas têm do sistema econômico como um todo, pois como há a possibilidade de se obter as coisas sem maiores dificuldades, muita gente pensa que quando se fala em economia está se falando apenas do mercado financeiro, especuladores da Bolsa, ou daquela típica imagem de banqueiro do jogo Monopoly®, por exemplo.

Essas coisas citadas no parágrafo anterior também fazem parte, sem qualquer sombra de dúvida. Mas aqui eu quero destacar a economia real, com as pessoas reais, seus trabalhos reais, problemas reais, a economia que também movimenta bilhões de reais ao ano, que ocorre tanto dentro quanto fora das estatísticas. Entendo que o conceito de “serviço essencial” vai muito além do que o que foi listado em leis e decretos. Para o microempresário que abriu uma pequena loja na garagem de casa, aquela pequena loja é um serviço essencial a ele, pois é dali que ele tira seu sustento e de sua família. É dali que ele vive, ou seja, a vida dele é aquela pequena economia que ele toca na garagem de casa.

Por fim, quero dizer que qualquer dicotomia entre “vidas e economia” não faz o menor sentido, pois não é possível separar uma coisa da outra. Espero que o leitor possa compreender a importância tanto do pequeno empreendedor, daquele simpático tio que vende pipoca na praça, assim como do mega empresário que possui lojas que geram 2.500 postos de trabalho em cada. Todos eles são importantes. Todas essas economias e, consequentemente, todas essas vidas importam.

Douglas Pivatto

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