O mercado financeiro foi surpreendido nesta quinta-feira (10), com a notícia da morte do banqueiro Joseph Yacoub Safra, de 82 anos, de causas naturais, conforme nota divulgada pelo Grupo Safra. O banqueiro, quarta geração de uma tradicional família de banqueiros, estava morando há dois anos na Suíça e, apesar de debilitado – acometido do mal de Parkinson – ainda se fazia valer sua presença nos negócios.
Com uma fortuna avaliada em R$ 119,08 bilhões, ele se tornou o homem mais rico do Brasil e a 63ª pessoa mais rica em termos mundiais, segundo publicação da revista Forbes. O Grupo Safra inclui em seu conglomerado, além de bancos na Suíça, no Brasil e em Nova York, mais de 200 imóveis ao redor do mundo, entre eles o famoso Gherkin Building em Londres.
A família do fundador do Grupo Safra veio da Líbia, na década de 50. Foi nesta época que o patriarca, Jacob Safra, nascido na Síria, iniciou um conglomerado financeiro. Joseph veio para o Brasil 12 anos depois, em 1962, quando sua família já fazia parte do mercado financeiro do país. Junto com um dos irmãos, Moise Safra, liderou até a morte deste em 2014, o hoje 4º maior banco de controle privado do País.
“Joseph era casado com Vicky Sarfaty, teve quatro filhos e 14 netos. Ainda conforme o comunicado oficial do Banco Safra, o empresário era conhecido por ser um grande empreendedor, que construiu o Grupo Safra no mundo, obtendo sucesso por sua seriedade e visão de negócios. Foi um grande líder e muito respeitado dentro e fora da organização. Viveu uma vida exemplar, simples e reservada, sem ostentação, longe da exposição geral. Sempre dizia ter muito orgulho da cidadania brasileira e de torcer pelo Corinthians”, diz a nota oficial do banco.
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A marca rígida de seriedade, imposta pelo banqueiro aos negócios da família fez o Banco Safra ser reconhecido como um negócio sólido. Ao mesmo tempo, essa rigidez fez com que o banco ficasse um pouco atrás na implantação de inovações. Além da extrema seriedade, ele é conhecido ainda como um filantropo, tendo contribuído para diversas causas.
O banqueiro foi um dos maiores apoiadores financeiros dos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, em São Paulo, além de contribuir com obras junto a instituições culturais do mundo. Mais recente, em plena pandemia da covid-19, o banco Safra, ainda sob sua coordenação, doou aproximadamente R$ 40 milhões para hospitais e Santas Casas do País.
A HISTÓRIA
Antes de encontrar a família que já estava morando no Brasil, Joseph finalizou seus estudos na Inglaterra. Edmond, o mais velho dos nove irmãos e que morreu assassinado em Mônaco, em um incêndio considerado criminoso, era quem cuidava dos negócios da família no exterior. O pai Jacob era auxiliado no Brasil pelos irmãos Moise e Joseph.
morte de Edmond causou uma desavença familiar em torno da herança. Foi quando Joseph fundou o Banco Safra, após infrutíferas negociações com o irmão Moise para que este vendesse sua participação nos negócios da família no Brasil. Desta forma nasceu o Banco Safra, que por sinal foi criado para atender a mesma clientela e com as mesmas propriedades. Ressalta-se que os dois irmãos só chegaram a um acordo no ano de 2006, quando Joseph já preparava a sua sucessão, aos filhos Jacob, Alberto e David. A filha Esther, que trabalhou por um período junto com a família, saiu e hoje é proprietária de uma escola judaica, em São Paulo.
Mesmo em situação de crise global, o banco nunca precisou ou pediu ajuda. No tempo que sucedeu a crise, Joseph anunciou grandes negócios. com a discrição que lhe é peculiar, Joseph surpreenderia o mercado com o anúncio de grandes negócios, como a compra em 2012, do banco Sarasin (suiço). Em 2014, junto com o empresário brasileiro José Luís Cutrale, ganhou uma competição e adquiriu uma das maiores produtoras de bananas do mundo, a americana Chiquita Brands International, pela quantia de US$ 1,3 bilhão.
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