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Baixa do dólar em 2021 depende de vacina e ajustes fiscais

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Na última sexta-feira (11), o dólar americano fechou a semana cotado a R$5,05, menor valor para a moeda norte-americana desde junho deste ano. Em meio a troca de comando na Casa Branca e um mercado otimista com o surgimento de vacinas contra a Covid-19, as economias de países emergentes, como o Brasil, se tornaram novamente atrativas para investidores estrangeiros.

Somente em novembro, a entrada de capital estrangeiro na Bolsa somou R$33,3 bilhões, amortecendo o saldo negativo do ano, que tem uma saída acumulada de R$51,56 bilhões. O dólar, por sua vez, acumula uma queda de aproximadamente 12% ante o real desde novembro. No ano, a moeda norte-americana acumula uma alta superior a 25%.

Para o final de ano, a expectativa de boa parte dos especialistas é que a queda do dólar seja freada na segunda metade de dezembro. Para Pamela, head de câmbio na Smart Money Correspondente bancário,  a expectativa é que o dólar feche 2020 em R$5,22. “Para 2021, a projeção se mantém em R$ 5,10”, afirmou.

Ainda segundo Pamela, o cenário se mantém com muitas incertezas, mesmo que a tendência atual seja de queda da moeda norte-americana. “Ao mesmo tempo que há fatores puxando a cotação para baixo, há outros empurrando para cima”, apontou. Pressionando o dólar para movimento de alta estão, principalmente, a segunda onda de Covid-19 e o risco fiscal brasileiro.


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Ouvido pelo jornal Estadão, o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore afirmou que a eleição do democrata Joe Biden ameniza o clima de instabilidade nas relações comerciais do país, principalmente com a China. Atrelado ao início das vacinações contra a Covid-19, a tendência, segundo ele, é de diminuição das incertezas que chegaram com a atual pandemia. “A eleição de Biden trouxe segurança para os agentes e sinaliza uma melhor relação com a China, o que poderia melhorar o comércio de commodities”, afirmou o especialista, atualmente sócio da AC Pastore e Associados.

Pamela, corroborando com a visão de que o resultado das eleições norte-americanas foi positivo para as economias emergentes, apontou que o dólar deve passar por uma desvalorização gradual. “Externamente, o cenário político é favorável a um dólar menos forte. Isto porque a eleição de Joe Biden abre uma perspectiva maior de um pacote financeiro generoso de auxílio durante a pandemia”.

Para Welber Barral, estrategista de Comércio Exterior do Banco Ourinvest, os mercados estrangeiros se tornam atrativos e se beneficiam diretamente com os planos de recuperação econômica dos países desenvolvidos. “Os planos de recuperação econômica nos países ricos mantêm os juros em patamar muito baixo, o que vira liquidez indo para emergentes. Se um investidor americano colocava dinheiro na renda fixa, com os juros inferiores a 1%, ele acaba se voltando para países como o Brasil”, apontou em entrevista ao Estadão.

O atual risco fiscal brasileiro, porém, é o maior impeditivo para uma valorização maior do real no mercado internacional, segundo especialistas. Também em entrevista ao Estadão, o economista-chefe da Necton, André Perfeito, afirmou que o movimento de queda do dólar não é uma garantia, e que a reversão da atual tendência é uma cenário plausível. “Na verdade, é preciso reconhecer que o governo não deu indicativos de que vai conseguir tangenciar a questão fiscal de forma eficiente até agora”, afirmou.

Pamela reforça a importância de se resolver os impasses a respeito da saúde fiscal do Brasil para que o caminho para a valorização do real se abra em 2021. “O risco vem dos discursos conflitantes dos políticos e da equipe econômica do governo quanto à possibilidade de extensão do auxílio e da implantação de um novo programa assistencial, Renda Brasil ou Renda Cidadã”.

Segundo a especialista em câmbio, a manutenção do auxílio e/ou um novo programa de assistência social nos moldes propostos pelo governo federal podem comprometer as contas públicas e afastar investidores estrangeiros do mercado brasileiro, pressionando o dólar para cima.

Por outro lado, o dólar pode ser pressionado para baixo caso um programa de vacinação em massa contra a Covid-19 seja implementado no Brasil. Segundo Pamela, o dólar pode cair até 20% ao longo de 2021 neste cenário, valor que devolveria a moeda norte-americana ao patamar pré-crise. Nesta terça-feira (15), o dólar operava em baixa de 0,662% por volta das 17h (horário de Brasília), cotado a R$5,08.

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Guilherme Guerreiro

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