O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a Selic a 2% ao ano em reunião ocorrida nesta quarta-feira (20). A taxa básica baixa de juros, que já é mantida a quatro reuniões seguidas, significa que os efeitos da alta da inflação são mais preocupantes que o esperado.
O forward guidance, que altera de forma significativa as expectativas de juros futuros, foi descontinuada. Segundo o Copom, o fim do mecanismo não significa uma alta nos juros básicos já nas próximas reuniões, pois as incertezas do mercado brasileiro atual, que ainda não passou por reformas necessárias e sofre com efeitos da pandemia, prescrevem estímulos elevados.
Uma das surpresas do Banco Central é o aumento severo de preço no setor alimentício, principal fator que levou o país a fechar 2020 registrando alta de 4,52% no IPCA. Alimentícios e bebidas subiram 14,09% no ano passado. A meta do BC era de um IPCA fechando a 4%.
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Copom mantém taxa de juros básico em 2% ao ano, mas extingue forward guidance
Para este ano, a projeção da inflação aumentou no último Boletim Focus divulgado pelo BC. 2021 deve fechar com um IPCA de 3,43% segundo a análise de mais de 140 instituições financeiras consultadas pelo Banco Central.
A expectativa era que com a virada do ano a economia brasileira desse um salto na recuperação. O que acontece, porém, é que o país ainda segue enfrentando desafios com a pandemia de COVID-19, com comércios fechados, ou funcionando parcialmente.
O efeito disso é uma baixa recuperação da atividade econômica, pouco afetada pela manutenção da Selic a 2%. Enquanto a taxa baixa significa mais estímulos fiscais, a pandemia segura o mercado para baixo.
A melhor alternativa para o mercado brasileiro no momento é a superação da pandemia. Embora estejamos passando por uma segunda onda do vírus, comércios e governos estão mais relutantes para diminuir a circulação de pessoas, postergando os efeitos negativos imediatos da COVID-19. A vacina também é um ponto de partida positivo, mas até boa parte da população vulnerável ser vacinada, provavelmente já estaremos no segundo semestre do ano.
Embora a próxima reunião do Copom indique que a Selic será mantida pela quinta vez consecutiva, a expectativa é que em um futuro próximo a taxa aumente. De acordo com projeções da XP Investimentos, a Selic deve terminar 2021 a 3,5%, e 4,5% em 2022. Segundo a XP, a cautela recente do Comitê é fruto do período de instabilidade fiscal e efeitos da pandemia, mas que um ajuste futuro já pode ser observado.
Imagem em destaque: Banco Central / divulgação