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Koblitz acusa prejuízo de R$ 1,2 bi na venda de ações do BNDES

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O economista Arthur Koblitz, que está na eminência de ocupar um assento no Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acabou por lançar dúvidas sobre a venda de R$ 49 bilhões em ações da carteira da instituição, realizada no ano passado, em plena crise mundial causada pela pandemia da covid-19 e que acabou por criar uma crise interna na instituição financeira. Segundo seus cálculos, o prejuízo causado pela operação foi de R$ 12,2 bilhões.

A conta feita por Koblitz, que é atualmente presidente da Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES), ​considera todos os ativos desinvestidos, porém cita que as perdas foram centralizadas nas vendas de participações na Petrobrás (R$ 1,3 bilhão), Vale (R$ 7,5 bilhões), Suzano (R$ 2,5 bilhões) e Marfrig (R$ 800 milhões). Estes desinvestimentos ocorreram entre dezembro de 2019 e novembro de 2020 e atingiram, conforme Koblitz,quase R$ 44 bilhões.  

O economista observa que estes ativos, no momento das vendas, eram cotados com forte expectativa de valorização perante o mercado. Em texto publicado na página da associação, esta afirma que foi um erro estratégico o BNDES vender quase 50 bilhões de ações, em um momento de grande crise, onde o problema ficaria ainda mais evidenciado.

Para Koblitz, não houve uma estratégia clara quanto ao uso do dinheiro, sendo que tanto os regulamentos quanto os normativos da instituição financeira foram modificados de forma a assentir a velocidade das vendas das ações do BNDESPar, gestora de participações sociais, e uma das três subsidiárias integrais do BNDES. Textualmente, Koblitz enfatizou que era um escândalo vender ações no meio da crise com o mercado em baixa. “Para fazer o quê? ”, criticou.

O economista não afasta a hipótese de entrar com uma ação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU).  Informou ainda que Joaquim Levy – ex-presidente do banco, que foi forçado a fazer esses desinvestimentos, alegava que era preciso deliberar antes uma estratégia para o uso dos recursos.

Em contraponto às alegações de Koblitz, a diretoria executiva do BNDES, através do presidente Gustavo Montezano, lançou junto aos funcionários uma nota de repúdio, acusando Koblitz de atacar a honra e a reputação dos membros da diretoria executiva e do conselho de administração. A nota diz ainda que “repudiamos as insinuações irresponsáveis sobre a governança e os controles internos do BNDES”. 


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Os questionamentos de Koblitz aumentaram as discussões dentro do banco e inclusive já obteve a atenção do TCU, que está de olho nas operações de desinvestimento do BNDESPar. O que se sabe é que o Tribunal deve pedir mais informações ao banco.

Segundo o BNDES a transação das ações aconteceu de acordo com o valor próximo da máxima histórica, depois de avaliação fundamentada pelos canais de governança da instituição. Ainda conforme o banco, esse tipo de cálculo é incorreto tecnicamente porque faz uma comparação olhando para trás. 

O banco informou ainda que as negociações foram suspensas entre março e julho, no alto da crise da pandemia, e só foram retomadas a partir de agosto, quando a Bolsa já batia mais de 100 mil pontos.

O BNDES apresentou um cálculo onde do total de R$ 48,3 bi desinvestidos entre dezembro de 2019 e o final de 2020, R$ 27 bilhões foram negociados antes dos registros de grandes quedas do mercado financeiro em 2020. A partir de agosto, foram vendidas mais R$ 21,3 bilhões em ações da AES Tietê, Gerdau, Vale, Hidrovias e Suzano. O cálculo do economista é de que as maiores perdas, cerca de R$ 7,5 bilhões, foram as ações da Vale, durante a pandemia.

O BNDES analisou que se não fossem negociados os desinvestimentos, a carteira de ações teria sofrido maior inconstância, com perda máxima estimada em R$ 61 bi. A queda máxima estimada observada em 2020 (entre 20/01/2020 e 18/03/2020) da carteira efetiva foi de R$ 44,5 bilhões. Alega ainda a instituição que tudo que se referia a negociação foi apresentada com antecedência ao TCU.

Enquanto Koblitz e a gestão do banco discutem, o Ministério da Economia já se adiantou e pediu a devolução de R$ 100 bilhões este ano, para diminuir a dívida pública, que está sofrendo as consequências da pandemia. 

O banco tem uma dívida de aproximadamente R$ 195 bilhões junto à União. Na semana passada o Tribunal deu um prazo de dois meses para o Ministério da Economia organizar o diagrama de devolução. 

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