Mais de dois anos após o rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), a Vale (VALE3) e o governo do estado de Minas Gerais assinaram nesta quinta-feira (4) um acordo de indenização pelos danos causados na tragédia. Foram mais de quatro meses de negociações, que haviam chegado a um impasse no último dia 25 de janeiro, porém na manhã de hoje as partes chegaram a um valor comum de R$ 37,6 bilhões de reais. Valor está abaixo dos R$ 55 bilhões exigidos pelo governo estadual no início das tratativas.
A tragédia de Brumadinho é o segundo maior acidente ambiental da história do Brasil, ficando atrás apenas do rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, outro empreendimento da Vale, que aconteceu pouco mais de três anos antes do acidente em Brumadinho. O rompimento da barragem no Córrego do Feijão é também o maior acidente de trabalho da história do país, resultando em 270 vítimas, das quais 11 continuam desaparecidas até hoje.
O acordo, de exatamente R$ 37.689.767.329,00, trata-se do maior acordo de medidas de reparação já firmado na América Latina, segundo a Agência Minas Gerais. Ainda segundo a agência do governo mineiro, o fechamento do acordo viabiliza início imediato de obras de reparação nas regiões afetadas pela tragédia. A cidade de Brumadinho será beneficiada diretamente por cerca de 30% do valor do acordo firmado com a Vale.
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Para Dom Vicente de Paula Ferreira, Bispo Auxiliar na Arquidiocese de Belo Horizonte que atua na região atingida pela tragédia, o acordo entre a Vale e o governo de Minas Gerais não merece comemoração. “É triste porque nós, que acompanhamos as comunidades atingidas, temos tantos testemunhos de comunidades em Brumadinho, região, ao longo de toda a Bacia do Paraopeba, e escutar todos os dias que os atingidos e atingidas não participaram desse acordo. Isso é um absurdo”, afirmou em vídeo publicado no seu Instagram.
A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (AVABRUM) afirmou em nota nesta quarta-feira que não foi consultada a respeito do acordo assinado entre o governo estadual e a Vale. “Este acordo está sendo conduzido de forma sigilosa, sem o conhecimento público e sem envolvimento dos atingidos”, apontou a entidade
“A AVABRUM, associação que representa os familiares de vítimas deste crime, não foi ouvida e tão pouco consultada, não sendo possível expressar uma opinião quanto a este acordo”, complementou. “Fomos mais uma vez excluídos do processo, cujo dinheiro advém do sangue das nossas Joias. Esperamos que o dinheiro desse acordo seja aplicado na reparação, que traga melhorias e bem-estar aos municípios verdadeiramente impactados e que honre a memória dos nossos”.
Após o anúncio da assinatura do acordo, os ativos da Vale operam próximos à estabilidade nesta quinta-feira. As ações da empresa (VALE3) subiam marginalmente, 0,03%, às 16:12 (horário de brasilia), cotadas a R$ 90,46. No mesmo horário, o Ibovespa apresentava uma queda de 0,27%, indo aos 119.402 pontos.
Imagem em destaque: CNN Brasil / divulgação
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