Reserva de emergência é um assunto recorrente que ganhou ainda mais força durante a pandemia. A maior parte da população não contava com nenhum recurso financeiro reservado para lidar com tamanho imprevisto e talvez, por falta de orientação sobre planejamento financeiro, essa hipótese não estava no radar dessas pessoas.
Não é só sobre dinheiro
A primeira coisa que devemos entender é que a reserva de emergência está muito além de ter dinheiro guardado como muitos pensam. A reserva tem a função de deixar você preparado para os imprevistos do percurso, para que você não precise entrar em dívidas para ter a solução imediata do problema naquele momento, mas gerando outro problema no curto prazo.
Esse conforto de ter um recurso financeiro com o qual possa contar, também vai te proporcionar maior equilíbrio emocional diante de situações de urgência. Além do maior poder de decisão sobre suas escolhas, como por exemplo, optar por sair de um trabalho que já não atende suas expectativas ou até mesmo durante uma transição de carreira que você tenha planejado.
Rentabilidade, liquidez e risco
Muitas pessoas ao iniciar sua reserva de emergência ficam um pouco frustradas ao perceber que os rendimentos da reserva estão baixos. Porém, precisamos entender que o objetivo da reserva não é trazer rentabilidade e sim segurança. Por isso, esse dinheiro deve ser aplicado em investimentos seguros, que consequentemente terão baixo retorno, pois a relação risco/retorno é diretamente proporcional, ou seja, quanto maior o risco maior o retorno e vice versa.
Como os imprevistos, como o próprio nome já diz, não escolhem dia e hora para acontecer, seu dinheiro deve estar acessível para resgate. Em outras palavras, você deve investir o dinheiro da sua reserva em ativos de alta liquidez. As opções com prazo de vencimento um pouco maior são mais atrativas, mas não vale a pena correr esse risco. Imagina se você tiver uma urgência e só poder resgatar seu dinheiro em um prazo de 60 dias! Provavelmente você acabará tomando empréstimos com juros bem mais altos do que aqueles que irá receber no seu investimento.
Quanto é necessário investir?
Para saber quanto você precisa para compor sua reserva de emergência você deve analisar a sua realidade e o seu nível de empregabilidade. Um autônomo certamente deve ter uma reserva maior do que um funcionário que trabalha em regime CLT e este segundo deverá ter uma reserva maior do que um servidor público, pois cada um desses está exposto a diferentes níveis de estabilidade.
Além disso, para determinar o valor, você deve conhecer seu custo de vida, e ter o equivalente a um ano do seu custo de vida se você é um autônomo, seis meses se você é funcionário da inciativa privada e três meses caso seja um servidor público. Lembrando que estamos sujeitos a diversos riscos além do desemprego.
Vamos às opções de investimento para essa modalidade:
- Tesouro Selic: como é emitido pelo governo federal, é o investimento mais seguro que existe. Um detalhe importante é que para valores superiores a 10 mil Reais é cobrada a taxa de custódia. Como o próprio nome já deixa subentendido, esse investimento rende conforme a taxa Selic e pode ser regatado a qualquer momento.
- CDB de liquidez diária: é emitido por bancos e tem a segurança do FGC. Nessa modalidade busque pelo menos uma taxa de 100% do CDI que é igual à Selic. Alguns bancos já oferecem valores superiores a isso e como possui liquidez diária você pode solicitar o resgate a qualquer momento.
- RDB: esse tipo de investimento vem ganhando força pela expansão das contas de pagamento digitais que rentabilizam seu dinheiro. Ele também rende conforme as mesmas taxas citadas anteriormente e o resgate pode ser feito de forma imediata.
- Fundos DI: são fundos de investimento de renda fixa e oferecem as mesmas condições das opções anteriores. Aqui devemos ficar atentos às possíveis taxas adicionais, como a taxa de administração, por exemplo. Por isso, você deve analisar as características do fundo antes de optar por essa alternativa.
Lembre-se de que você não precisa concentrar toda sua reserva em um único lugar, logo você pode sim adotar a estratégia de diversificação. Outro ponto importante que devemos cuidar é para não tratar acontecimentos previsíveis como emergência. Você já sabe que precisa ir ao médico de tempos em tempos, sabe que seu carro precisará de manutenção, sabe quando serão cobrados os impostos ou a matrícula da escola do seu filho, então isso não é emergência e deve estar provisionado no seu orçamento pessoal.
