Educação Financeira

Resultado do PIB animou governo, mas o cenário é mais complexo do que os números indicam

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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 4,1% em 2020, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (03). O resultado foi comemorado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que o Brasil teve um dos melhores desempenhos entre as maiores economias do mundo ao longo de 2020, ano marcado pela pandemia de Covid-19.

Isso você provavelmente já sabe, mas a situação é muito mais complexa do que parece a olho nu. É bem verdade que, entre as 10 maiores economias do mundo, o PIB do Brasil teve o quarto melhor desempenho, ficando atrás apenas da Rússia (que também caiu 4,1%), Coréia do Sul (-1,9%) e China (+1,9), único país do “G10” que registrou crescimento de seu PIB no ano de 2020.

2020 pegou todos de surpresa. Entre a equipe econômica do governo e especialistas de mercado, era quase unanimidade que seria um ano de crescimento mais expressivo da economia brasileira. A pandemia, porém, empobreceu o mundo inteiro ao longo de 2020 e, depois de todas as turbulências pelas quais passamos, o PIB brasileiro foi um dos menos impactados por todo o caos causado pelo novo coronavírus e suas cepas.

Uma pandemia desta magnitude é um cenário quase inédito, não acontecia desde a Gripe Espanhola no início do Século XX, que infectou aproximadamente 25% da população mundial. A pandemia não foi o único fator que atrapalhou a economia, os ruídos entre a equipe econômica do governo e o legislativo atrasaram e ainda atrasam diversas pautas consideradas importantes para impulsionar a economia brasileira, como as reformas e o Teto de Gastos. Mas ela foi um fator determinante para nos colocar em um cenário de recessão em 2020 e, infelizmente, os impactos da mesma na economia eram inevitáveis.

A manutenção do PIB brasileiro, todavia, teve um preço. O Brasil já ultrapassou a marca das 260 mil mortes por Covid-19 e a vacinação contra o vírus no país é alvo de polêmica nos noticiários diariamente. O país vive atualmente a pior fase da pandemia, há mais de um ano do primeiro caso da doença no Brasil. Medidas de distanciamento social já estão de volta com tudo para conter o avanço do vírus e isso não é um bom sinal para o desempenho da economia nacional em 2021.

No câmbio, por exemplo, o real brasileiro foi uma das moedas mais desvalorizadas do mundo, caindo 22,4% ao longo de 2020, e isto pode nos falar muito sobre o desempenho da nossa economia no ano passado. Quando olhamos o PIB brasileiro do ponto de vista “dolarizado”, os resultados saltam aos olhos, isto porque nosso PIB em dólares despencou 23% em 2020, segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating.


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PIB brasileiro encolhe 4,1% em 2020


De 2019 para 2020, o PIB em dólares do Brasil passou de US$ 1,9 trilhão para US$ 1,4 trilhão. Com o resultado, o Brasil na verdade saiu do “G10”. Ultrapassado por Canadá, Coreia do Sul e Rússia, o Brasil passou a ocupar o 12º lugar no ranking das maiores economias do mundo, a pior colocação do país desde 2004. E as perspectivas, pelo menos do Fundo Monetário Internacional (FMI), não são positivas, já que a entidade projeta que o Brasil pode terminar 2021 na 14ª posição no ranking.

O que também pode ter lhe passado despercebido quanto o Produto Interno Bruto brasileiro é a questão do PIB per capita. De acordo com os dados oficiais divulgados pelo IBGE, o PIB per capita brasileiro caiu 4,8% de 2019 para 2020, chegando a R$ 35.172, menor valor nominal desde 2009.

O PIB per capita é a divisão do total da riqueza do país pelo total da população, e serve como um das principais referências para avaliar a renda da população. Um estudo da FGV Social apontou que a crise causada pela pandemia pode ter levado 27 milhões a ficar abaixo da linha da pobreza. Após o fim do auxílio emergencial, em janeiro, cerca de 12,8% da população brasileira se encontrava abaixo da linha da pobreza.

Caso você esteja se perguntando, a máxima histórica do PIB per capita brasileiro foi registrada em 2013, onde a renda média da população ficou em R$ 39.580. E quando voltaremos a este patamar? Bom, segundo Silvia Matos, pesquisadora sênior da área de economia aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV), não tão cedo.

A média histórica de crescimento do PIB per capita do Brasil desde 1980 é de 0,6%. Se crescer neste ritmo, a projeção apresentada por Silvia mostra que o PIB per capita brasileiro só deve alcançar o valor nominal de 2013 daqui 18 anos, em 2039. “Se o PIB per capita crescer 1% ao ano , só em 10 anos, em 2031 ou 2032, vamos recuperar as perdas desde 2013”, apontou a pesquisadora.

Em valores corrigidos, o PIB per capita de 2020 é 11% inferior ao pico histórico alcançado em 2013. Para alcançar este patamar em até 5 anos, o valor do PIB per capita teria de crescer mais de 2% ao ano. Este é, porém, um fenômeno raríssimo na história brasileira e aconteceu apenas uma vez após o famoso “milagre econômico” registrado no início dos anos 1970 durante a ditadura militar. Entre os anos de 2001 e 2010, o PIB per capita no Brasil cresceu, em média 2,4% ao ano.

Imagem em destaque: Jovem Pan / divulgação

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Guilherme Guerreiro

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