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Na visão de muitos jovens, as luzes da cidade brilham mais do que no campo!

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O Agro brasileiro tem mostrado a este país o quanto ele é competitivo mundialmente. Como prova disso, de acordo com dados do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, o Agronegócio acumulou avanço recorde em 2020, de 24,31% no ano, comparado com 2019. E mais, o PIB do Agro alcançou 26,6% de participação no PIB nacional.


Mesmo em meio a pandemia, o setor agrícola não parou. Seguiu firme em busca de seus objetivos. Se não tivéssemos, no Brasil, os riscos que tanto falamos em relação a falta de infraestrutura, poucas políticas públicas voltadas ao campo, etc., seríamos muito melhores. Entretanto, o Agronegócio não pede muita coisa a classe política. Apenas que os deixem trabalhar.


E, para que todo empreendimento tenha vida longa e consiga crescer, quero falar hoje sobre sucessão. Uma propriedade agrícola não é somente uma área de terras para criar, plantar e colher. Já de longa data ela é vista como um negócio ou empreendimento rural. E, tanto faz, se ela é uma fazenda com milhões de hectares, ou uma pequena área de terras de um agricultor familiar. Os conceitos para administrá-la são os mesmos. Apenas mudam os números.
Para se ter tranquilidade nesse quesito da sucessão rural, um dos primeiros passos a fazer é um bom planejamento. Colocar todos os sucessores e/ou herdeiros a par da situação do negócio familiar. Também, definir prazos e números em relação ao dia a dia da organização. É necessário estar comprometido com a empresa, ser um líder, ter competência para administrar a propriedade e saber quais os negócios que estão sendo desenvolvidos, enfim, saber gerenciar.


O trabalho de ter e de preparar alguém que dará seguimento as coisas boas que já estão sendo feitas e, além disso, implementar melhorias em um empreendimento rural, passa por bons anos de aprendizado. E, não interessa se for uma grande propriedade no Mato Grosso, ou uma pequena área de um agricultor familiar no Sul do País. Para todos, chega o dia de “passar o bastão” sem deixá-lo cair, ou seja, de entregar ao próximo a responsabilidade de tocar o negócio. Muitas vezes, acontece de forma natural, com bom planejamento. Outras, de forma repentina, até mesmo com a morte do grande líder local (é o que mais vemos por aí). O melhor é que a sucessão ocorra em tempo hábil, para que nada interfira nos negócios.


Parece algo simples, mas, atualmente, muitas instituições financeiras estão preocupadas e negam crédito a quem não tem sucessor. Financiamentos de longo prazo são bem analisados, pois uma das coisas que todo financiador quer saber é a capacidade de pagamento do financiado. Se houver dúvida se alguém seguirá a atividade daqui a 5 anos, como poderá o banco conceder um crédito para ser pago no prazo de 10 anos com a produção futura? Provavelmente, esse ativo não existirá mais, se não houver alguém que assuma os negócios rurais da propriedade.


Lembro também, que o ato de suceder não acontece somente de pai para filhos, mas pode ocorrer com outros herdeiros (sobrinhos, irmãos, netos, etc.), e até mesmo com um funcionário/colaborador que queira assumir a responsabilidade de administrar o empreendimento. O importante é que o negócio continue de forma natural, ou seja, fazendo com que os novos administradores deem seguimento nas atividades já desenvolvidas e consigam ampliá-las com novos olhares para o mercado.


A sucessão, nada mais é do que conceder a estrutura de produção a alguém que dará seguimento ao negócio. Parece fácil, mas com a debandada de adolescentes e jovens do campo, esse processo se tornou cada vez mais difícil. Muitos jovens acabam se encantando com as “luzes da cidade grande”, pensando que a vida em uma metrópole seja mais fácil, ou mais tranquila do que no interior dos municípios deste país.


Acontece que muitos desses jovens acabam, com o passar dos anos, percebendo as dificuldades da vida na cidade, enxergando o tamanho da estrutura que tem na propriedade rural dos pais ou familiares. Veem aí a grande oportunidade de suas vidas. Muitos jovens precisam sair de suas propriedades rurais para conseguir enxergar a grande chance que tem em mãos. É somente querer dar seguimento ao trabalho já desenvolvido por seus pais e/ou antecessores.


Como disse a escritora Eça de Queiroz: “Estar longe é como um grande telescópio para as virtudes da terra onde se vestiu a primeira camisa”. Os desafios são imensos, mas como sempre digo: todo grande líder deve preparar seu sucessor.


Forte abraço!

Denis Kohler Bubolz

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