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Entenda Relações Internacionais, diplomacia e como o Itamaraty é um termômetro da nossa situação

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Há um bom tempo, o cenário político brasileiro vem agitando os noticiários. Ao redor do presidente Jair Bolsonaro, diversas mudanças ocorreram no comando de instituições importantes para o funcionamento da nação ao longo da semana passada. Entre elas, tivemos o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um dos pilares da “ala ideológica” do governo.

O Ministério de Relações Exteriores é uma das pastas de maior prestígio em Brasília. A função do ministério, porém, não está clara para muitos brasileiros, que não sentem o impacto das decisões tomadas no Palácio Itamaraty no seu cotidiano. Essa percepção não está totalmente errada, uma vez que as ações do ministro das Relações Exteriores têm maior impacto em cenários macro, e geralmente não impactam o nosso cotidiano no curto prazo.

O Ministério das Relações Exteriores é responsável por auxiliar o presidente da república na elaboração e execução da política externa de uma nação. E para te ajudar a entender melhor tudo isso, nós da Smart Money preparamos esse guia rápido sobre política externa e a função do Ministério de Relações Exteriores no governo brasileiro. Confira!

RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DIPLOMACIA

Sede da embaixada brasileira em Washington, nos EUA (Foto: O Globo / divulgação)

As Relações Internacionais são umas das principais áreas das Ciências Políticas, estudando as relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países. O curso de Relações Internacionais, ou RI, está presente em boa parte das universidades brasileiras, públicas e privadas. O profissional formado em RI é conhecido como analista internacional, ou internacionalista, e é responsável por analisar as relações entre indivíduos e instituições de diversos países.

O internacionalista pode atuar nas mais diversas áreas da sociedade. Podemos citar como exemplos os setores comercial, cultural, econômico ou político, como é o caso de um ministro das Relações Internacionais. O profissional de Relações Internacionais deve atuar com o intuito de defender os interesses da instituição a qual representa nacional e internacionalmente.

Uma profissão com um escopo de atuação bastante similar ao do internacionalista é a de diplomata. Um diplomata de carreira tem como objetivo defender os interesses de sua nação em âmbitos nacionais e internacionais. A principal diferença entre o diplomata e o internacionalista é que o diplomata, em geral, é um funcionário público de sua nação, trabalhando para representá-la em assuntos bélicos, comerciais e culturais, por exemplo. A atuação do diplomata segue diretrizes presentes no plano de direito internacional formulado na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961.


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No Brasil, os diplomatas trabalham diretamente para o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty. Diferente do que muitos podem pensar, um diplomata de carreira não é, necessariamente, um internacionalista formado. Os diplomatas brasileiros são formados no Instituto Rio Branco, a escola diplomática do Brasil, batizada em homenagem a José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores e idealizador da política externa brasileira nos primeiros anos do Século XX.

Os diplomatas podem atuar com atividades consulares, cuidando do interesse dos cidadãos de seu país no exterior, por exemplo. Também podem trabalhar como embaixadores, defendendo os interesses do estado no exterior ou atuando em instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo. E, para a surpresa de muitos, um diplomata pode atuar também dentro do próprio país, cuidando de assuntos domésticos.

MINISTÉRIO DE RELAÇÕES EXTERIORES E A IMPORTÂNCIA DA POLÍTICA EXTERNA

Palácio Itamaraty, em Brasília, é a sede do Ministério das Relações Exteriores (Foto: Governo Federal / divulgação)

Como responsável pela política externa brasileira, o Ministério das Relações Exteriores é o principal expoente das Relações Internacionais e da diplomacia no Brasil. A sede do ministério é o Palácio Itamaraty, em Brasília. O nome do palácio foi “transferido” da antiga sede da pasta, no Rio de Janeiro, nome dado em homenagem ao antigo proprietário da propriedade, Francisco José da Rocha Leão, o conde de Itamarati.

De acordo com o Artigo 33 do Decreto 4118/02, são de responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores:

  • I – política internacional
  • II – relações diplomáticas e serviços consulares
  • III – participação nas negociações comerciais, econômicas, técnicas e culturais com governos e entidades estrangeiras
  • IV – programas de cooperação internacional
  • V – apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em agências e organismos internacionais e multilaterais

Para parte da população, o papel do Ministério das Relações Exteriores no desempenho da economia do país pode não parecer óbvio, mas a pasta é uma das mais importantes, se não a mais importante, na hora de forjar parcerias comerciais com outros países. O MRE é diretamente responsável pela imagem da nação para outros estados, e um país com a diplomacia mal gerida pode sofrer graves consequências econômicas, até mesmo no curto prazo.


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Para te ajudar a entender melhor esse impacto, vamos usar um exemplo da esfera estatal para explicar a importância de uma diplomacia bem executada. Em outubro de 2019, Daryl Morey, gerente de uma das franquias da NBA, liga de basquete norte-americana, fez um tweet em apoio aos protestos contra o governo chinês em Hong Kong que estavam acontecendo na ocasião.

O tweet de Morey, uma única pessoa, causou uma enorme tensão entre a NBA e autoridades chinesas, e estima-se que esta tensão possa causar um prejuízo anual de aproximadamente 200 milhões de dólares para a liga na atual temporada. Agora imagine o impacto que um ministro de Relações Exteriores, chefe de toda a diplomacia de um país, mal visto pode causar à economia de uma nação.

Isso é mais ou menos o que estava acontecendo no Itamaraty sob o comando do agora ex-ministro Ernesto de Araújo. Desde 2019, especialistas apontam que o Brasil tem se isolado cada vez mais no cenário internacional, contexto que se agravou ainda mais em 2021 com a saída de Donald Trump da presidência dos EUA.

Um dos principais ministros de Bolsonaro, Ernesto Araújo estava à frente do Itamaraty desde janeiro de 2019 (Foto: O Vale / divulgação)

Trump era o principal aliado do governo brasileiro no cenário internacional nos últimos anos, e a sua derrota nas eleições norte-americanas não foram bem recebidas por nosso governo, que foi um dos últimos a reconhecer a derrota de Trump e parabenizar Joe Biden por sua eleição.

Nos últimos anos, podemos ver algumas consequências da gestão de Ernesto Araújo à frente da diplomacia brasileira. O Brasil se isolou das principais potências mundiais, como os EUA, China e as principais nações europeias. O período de Ernesto Araújo à frente do Itamaraty foi marcado pelo crescimento de um sentimento “anti-china” no Brasil, potencializado por diversas declarações do ministro e de outras figuras importantes do governo. Para muitos especialistas da área, o Brasil ficou muito próximo de receber

A instabilidade no MRE, porém, não é uma novidade ou exclusividade do governo de Jair Bolsonaro. O último ministro a ficar mais de 3 anos à frente foi Celso Amorim, que ficou no comando do Itamaraty ao longo dos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, a volatilidade do cenário político brasileiro tem causado uma verdadeira dança das cadeiras no Ministério das Relações Exteriores.

Foram quatro ministros à frente do Itamaraty ao longo do governo Dilma Rousseff e outros três durante o governo de Michel Temer. O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, é o nono chefe da pasta desde 2011. Diplomata de carreira, França tem como missão colocar a política externa de volta nos trilhos, feito que fica ainda mais difícil de ser alcançado em meio a forma como o atual governo tem se comportado perante a pandemia da Covid-19.
Imagem em destaque: Exame / divulgação

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Guilherme Guerreiro

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