Educação Financeira

Muito antes do descobrimento do Brasil: a história da Bolsa de Valores

6 Minutos de leitura

A Bolsa de Valores nada mais é que o comércio de ações de empresas, chamadas de títulos, que representam parte do capital. Um investidor que decide comprar uma ação vira sócio dessa empresa, mesmo com pouquíssimo poder de atuação, e pode lucrar com a compra, ou sair no prejuízo.

A Bolsa existe por um motivo óbvio: para fazer empresas crescerem e captar recursos. Por isso, o aumento no valor das ações é o objetivo central das companhias que abrem seu capital, além de conseguir um alto valor de captação na Oferta pública inicial (IPO).

Embora o mercado de ações já esteja muito moderno e integrado às novas tecnologias, com a criação de robôs traders e algoritmos avançados, as negociações de títulos tem uma história muito mais antiga do que a maioria das pessoas imaginam.

Para começar, os primeiros sinais de interesse em investimentos em comércios acontecem nos grandes polos econômicos europeus, centenas de anos antes de Pedro Álvares Cabral pisar em solo brasileiro.

Você sabia que a primeira Bolsa surgiu durante o descobrimento do Brasil?

Imagem: Flandria Illustrata, 1641

A história das primeiras Bolsas de Valores começa na cidade portuária de Bruges, na Bélgica. Nos anos de 1300, a cidade era um polo econômico do país, recebendo comerciantes de toda a Europa.

Embora uma Bolsa de Valores de fato não tenha sido criada na Bruges, é um marco importante para contextualizar como a existência de um polo comercial é crucial para fomentar o interesse de comerciantes no investimento de empresas. Mesmo assim, formas mais rudimentares de compra de ações já existiam.

Na época, comerciantes compravam produtos e bens que eles acreditavam que subiriam de valor após um determinado tempo. O comércio de títulos também já existia.

Polos comerciais já existiam em toda a Europa e Ásia, e Bruges está longe de ser a primeira. É, porém, um dos exemplos mais importantes para contextualizar o início da formalização da compra de fatias de empresas.

O primeiro registro daquilo que pode ser considerado como uma Bolsa de Valores de fato aconteceu em Antuérpia, na Bélgica, no ano de 1530. Mesmo ainda não apresentando um comércio de ações de fato, os empréstimos já eram negociados.

As primeiras compras de ações acontecem na mesma época da invasão holandesa no nordeste brasileiro

Foto: Ludolf Bakhuizen, Public domain, via Wikimedia Commons

Em 1602, poucos anos antes da Guerra Luso-Holandesa de 1630 no Brasil, a Companhia Holandesa das Índias Orientais finalmente formalizou a compra de ações na Bolsa de Valores em Amsterdã.

Enquanto a Holanda planejava uma invasão no nordeste brasileiro, a Companhia das Índias Orientais construía um monopólio no comércio da Ásia. Com a criação da Bolsa, pessoas que possuíam poder monetário finalmente poderiam comprar fatias da Companhia, que dividiu sua sociedade em várias partes iguais, e inclusive vendê-las se quisessem. Na época específica, tudo isso tinha a ver com as grandes navegações.


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As grandes navegações eram extremamente caras de serem realizadas, isso porque duravam muito tempo, tinham imprevistos o tempo inteiro, e ainda registravam muitas mortes de tripulantes por doenças. Dependendo da situação e do projeto, nem mesmo a realeza possuía interesse em bancar as viagens.

Neste caso, a Bolsa de Valores serviu como um meio das navegações serem financiadas por investidores, que agora possuem uma fatia dos ganhos dos comércios realizados.

A Bolsa de Amsterdã foi a única a fornecer um sistema de compra e venda de ações por muito tempo. É também a primeira Bolsa a passar por uma grande bolha especulativa, episódio chamado de Febre das Tulipas.

Tulipamania

Imagem: Jacob Marrel (1614-1681)

A Febre das Tulipas, também conhecida como Tulipomania, é o primeiro registro histórico de uma grande bolha especulativa na Bolsa de Valores. 

Uma bolha é caracterizada simplesmente pela valorização desenfreada de um ativo. Como o preço fica extremamente inflacionado, quando a bolha “estoura”, uma queda brusca acontece.

No caso do episódio da bolha das Tulipas, o ativo é justamente a flor. 

É simples de entender o que aconteceu: conta a história que em meados do século XVII, a Tulipa virou símbolo de status social na Holanda. A flor não era nativa da Europa, e foi introduzida depois de ser importada da Turquia.

Como possuir bulbos de tulipa se tornou luxo, o valor da flor disparou no mercado, com pessoas trocando até propriedades por bulbos. Eventualmente, o ativo foi introduzido na Bolsa de Valores, com contratos futuros de flores que ainda não nasceram sendo vendidos. O preço valorizou-se ainda mais.

Imagine que você comprou ativos de bulbos de tulipas por um determinado valor. Um mês depois, este mesmo ativo está valendo dez vezes mais. Você, investidor, com receio que o valor caia e que pessoas não honrem contratos, vai querer vender esta ação para obter lucros, que já estão extremamente favoráveis.

Agora, imagine que uma boa parcela de investidores com esses ativos pensem exatamente como você. Foi exatamente isso que aconteceu durante a Tulipomania.

Com o pânico da venda de ativos e investidores não honrando contratos no início de 1637, o governo holandês chegou a tentar intervir, controlando o crash. As tentativas falharam, e muitos investidores faliram.

A Tulipomania é um registro histórico simples para entender um dos conceitos mais básicos da Bolsa de Valores, e serve como parâmetro para compreendermos as seguintes grandes crises econômicas mundiais.

E no Brasil?

Anos após a Tulipomania na Holanda, a primeira Bolsa dos Estados Unidos, a New York Stock Exchange (NYSE), nasce em 1792. Pouco tempo depois, em 1817, surgem as primeiras Bolsas brasileiras, em Salvador e Rio de Janeiro.

O começo da história da Bolsa de Valores no Brasil é semelhante às origens das vendas de ações na Europa. Isso porque, assim como na Holanda, ela inicia nos polos comerciais do país.

A Bovespa como conhecemos teve origem em 1967 em São Paulo, mas antes disso já existia a Bolsa Livre em 1890, fundada por Emílio Rangel Pestana.

A história da Bolsa Livre não foi fácil. Ela fechou em 1891, resultado das crises de créditos durante a gestão de Ruy Barbosa como ministro da Fazenda na República da Espada. A reabertura só foi acontecer em 1895.

Foi somente 4 anos depois da reabertura da Bolsa Livre que a Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo foi fundada. Posteriormente, em 1935, após a transferência para o Palácio do Café na grande São Paulo, ela passou a se chamar de Bolsa Oficial de Valores de São Paulo. 32 anos depois, em 1967, ela passaria a se chamar Bovespa.

É importante ressaltar que nos anos 60, todas as capitais brasileiras possuíam uma Bolsa de Valores própria. Após uma reforma financeira em 1966, as 27 instituições antes controladas pelas secretarias dos estados agora funcionam de forma autônoma. 

Já chegamos na Bovespa, mas a história não acaba por aí. Até 2017, diversas fusões aconteceram até chegarmos na B3 como conhecemos hoje.

Primeiramente, no ano de 2000, uma grande integração acontece entre as nove Bolsas ativas no país. Após a fusão, ações e títulos privados seriam todos negociados na Bovespa, enquanto a Bolsa do Rio ficou responsável pelas negociações de títulos públicos.

Poucos anos depois das mudanças que transformaram a Bolsa brasileira em um formato eletrônico em 2005, acabando com o pregão viva-voz, a Bovespa anunciou a fusão com a BM&F (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros) em 2008.

Anos depois, em 2017, a BM&F Bovespa fundiu-se com a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP), criando, por fim, a B3.

Após uma longa história, passando por crises financeiras e fusões que moldaram a Bolsa de Valores brasileira como conhecemos hoje, agora a B3 é a principal instituição de negociação de títulos financeiros do país.

Atualmente, a B3 é também uma das 10 maiores Bolsas do mundo.

Inovações tecnológicas fazem parte do dia-a-dia

Fonte: Exame

O abandono dos telefones para negociações de títulos foi o primeiro passo para uma lista extensa de inovações tecnológicas nas Bolsas de Valores.

Para começar, a computadorização dos processos, que afetou toda a sociedade, abriu caminho para a criação de softwares avançados e tecnologias de ponta, como robôs broker, algoritmos e inteligência artificial.

Hoje em dia, quem tem interesse em investir na Bolsa pode fazer isso contando com um aplicativo no celular, no conforto de casa. Porém, mesmo com a facilitação de processos, é importante ressaltar que o investidor, principalmente o iniciante, precisa tratar seu dinheiro com seriedade.

Foto: VEJA / Divulgação

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