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Entenda como o cenário externo, commodities, resolução do Orçamento e Selic podem empurrar dólar abaixo de R$ 5,00

4 Minutos de leitura

Segundo dados do Ibovespa de ontem (29), o dólar recuou 0,41% e estava sendo comercializado a R$ 5,33 no fim do dia, menor valor registrado desde janeiro. No mês, a queda do valor da moeda americana já soma 5,16%.

Múltiplos fatores são responsáveis pela desvalorização da moeda norte-americana ante ao real, desde resoluções de impasses políticos no Brasil até a forte retomada econômica em países desenvolvidos. O efeito pode ser temporário, e a boa performance da moeda brasileira no futuro pode depender de outros fatores internos.

Abaixo, confira três fatores de peso que ajudaram o real a performar bem no mês de abril.

Juros baixíssimos

Os Estados Unidos passam por uma verdadeira revitalização econômica. Após um ano baqueado pela COVID-19, o país volta a crescer economicamente, já retomando a normalidade depois de quase 200 milhões de doses aplicadas.

No primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB; GDP em inglês) dos EUA cresceu em 6,4%. O GDP do país é impulsionado pela retomada econômica, além do crescimento do consumo da população.

Dois fatores justificam a alta: planos fiscais e juros baixíssimos.

Logo no início do ano, o novo governo de Biden aprovou um pacote de US$ 1,9 trilhão, injetando US$ 1.400 no bolso de cada cidadão do país. O pacote ajudou o país a voltar a sua rotina de consumo, mesmo que a taxa de desemprego ainda continue alta.

Junto a isso, a administração do país mantém os juros básicos a níveis baixíssimos. O Federal Reserve (Fed) do país manteve as taxas entre zero e 0,25% em decisão desta quarta-feira (28), indicando que ainda não é hora de tentar desacelerar a inflação e o crescimento econômico.

O dinheiro mais barato nos EUA pode significar mais liquidez, aumentando a oferta por dólar e atingindo países como o Brasil. De forma direta, isso provoca uma queda no valor da moeda norte-americana ante ao real.

Commodities

Alinhado aos juros baixíssimos, os EUA, e países desenvolvidos como a China, já estão fazendo extensos programas de infraestrutura, que necessitam de muita matéria-prima. Isso já causa um novo ‘boom’ das commodities no mundo.

As rodadas intensas de investimentos acontecem pelo mesmo motivo que levou o Fed dos EUA a manterem os juros baixos: retomada da normalidade, alinhada a vacinação em massa da população, abrindo caminho para fazer o país crescer.

Esse novo superciclo das matérias-primas beneficia diretamente o Brasil, país exportador dos produtos básicos. Segundo dados do Banco Central (BC), as commodities já tiveram 66% de altas de preços no Brasil. Isso pode levar o Brasil a um inédito superávit externo, terminando o ano com saldo positivo de US$ 2 bilhões.

A alta nas commodities é um dos motivos do Ibovespa estar performando bem no início deste ano, ficando acima dos 120 mil pontos, apesar das crises internas. Além disso, isso incentiva a entrada de moeda estrangeira no país. O fluxo cambial positivo também ajuda o real a performar bem ante ao dólar.

Resolução do Orçamento

Os fatores internos também são importantíssimos para uma boa performance para a moeda brasileira. A ideia central é que um país instável, com crises internas e riscos de rompimentos de responsabilidades fiscais, não atrai investidores.

Um dos principais impasses internos que marcou o início de 2021 é o Orçamento para o ano. Aprovado pelo Congresso Nacional, a Lei Orçamentária Anual (LOA) ficou travada no Executivo, com o presidente e sua equipe econômica tentando encontrar meios de aprovar o orçamento sem botar em risco as alianças políticas e a responsabilidade fiscal.

Logo que foi aprovada pelo Congresso, diversas entidades, como o Tribunal de Contas da União (TCU) alertaram o Executivo sobre possível enquadramento pela Lei de Responsabilidade Fiscal caso o texto fosse sancionado. A equipe econômica chegou a chamar o texto de “inexequível”.

Acontece que a lei aprovada pelas casas subestima os gastos do governo. Além disso, continha dezenas de bilhões em emendas parlamentares. Caso o governo decidisse por cortar as emendas, corria o risco de perder apoio dentro do Congresso. Caso aprovasse, corria o risco de furar o teto de gastos.

Como solução temporária, Bolsonaro sancionou o texto, com cortes de R$ 19 bilhões de emendas parlamentares e mais R$ 9 bilhões em áreas que podem prejudicar os ministérios. Além disso, foi aprovada uma medida que deixa os gastos relacionados à pandemia fora do teto de gastos.

Embora especialistas indiquem que mais cortes teriam que ser feitos para não causar uma paralisação da máquina pública, a resolução da crise interna melhora a imagem do Brasil para os investidores. Agora, setores econômicos esperam que o governo acelere os programas de reformas fiscais e privatizações, prometidos durante sua campanha.


Saiba mais

Entenda como o ‘boom’ das commodities deve levar o Brasil a um inédito superávit externo


Selic

Outro fator que está ajudando a moeda brasileira é a variação positiva da Selic. Atualmente, ela está em 2,75%, mas instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central (BC) indicam, em publicação do Boletim Focus, que ela deve terminar o ano em 5,50%.

Como meio de tentar controlar a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) varia a meta Selic para conter a alta dos preços. O aumento de juros básicos desacelera o crescimento do país, mas evita deixar que a alta de preços prejudique a população de forma severa.

As próximas reuniões do Copom estão marcadas para acontecer nos dias 4 e 5 de maio, com mais expectativas de alta.

Todos esses fatores podem manter o dólar abaixo de R$ 5,00, mas o que deve acontecer no futuro?

Difícil de prever quando o crescimento acelerado de países como os EUA deva desacelerar, com provável aumento de juros básicos. O que é certo é que o Brasil depende que suas políticas internas desempenhem bem para sustentar a economia, inclusive a moeda.

Futuramente, o que deve beneficiar o Brasil é a vacinação em massa da população. Com a retomada da normalidade, queda de desemprego e população com mais incentivo ao consumo, o governo pode incentivar o crescimento do país.

Além disso, caso o Orçamento termine o ano sem furar o teto de gastos, com reformas andando e privatizações acontecendo, a economia brasileira pode ser mais bem vista no exterior.

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Juan Tasso - Smart Money

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