A segunda semana de maio é marcada no mercado global pelos dados inflacionários dos Estados Unidos, e como isso pode impactar a economia dos países durante esse período de recuperação da normalidade.
De acordo com o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos (DOl em inglês), a inflação nos Estados Unidos ficou muito acima do esperado de 0,2%, fixando em 0,8% em abril. A soma dos últimos 12 meses é de 4,2%. De cara, isso pode significar aumentos nas taxas de juros no país, medida mais usada para tentar frear a alta dos preços.
Acontece que os Estados Unidos estão em sua baixa histórica de taxas, de 0% a 0,25%. Isso porque o país está fomentando a retomada da economia, mantendo os juros baixíssimos e estimulando investimentos. Aliado a isso, planos trilionários foram aprovados para beneficiar a população do país, aumentando mais ainda o poder de consumo.
A baixa histórica nas taxas já provoca inclusive um superciclo das commodities, já que os EUA e China estão fazendo extensos investimentos em infraestrutura. Isso beneficia diretamente países exportadores como o Brasil, que viu os preços das matérias-primas subirem em 66%.
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Segundo o Fed, a alta é temporária, mas políticas podem mudar
Embora a reação do mercado tenha sido negativa, o Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) garantiu, após a publicação da inflação norte-americana, que a alta é temporária.
Após a publicação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), a ideia é reforçada, mas já sinalizando mudanças nas compras de ativos.
“Vários participantes sugeriram que se a economia continuasse a progredir rapidamente em direção às metas do Comitê, poderia ser apropriado em algum ponto das próximas reuniões o início das discussões um plano para ajustar o ritmo de compras de ativos”, diz a ata divulgada.
As projeções para a inflação dos Estados Unidos já estão acima da meta estipulada pelo Fed. Segundo o Fed, a alta dos preços pode representar uma subida de 2,4% em 2021, acima da meta de 2%.
A sinalização de que as políticas de juros dos EUA podem mudar em um futuro próximo esfria o mercado, mas os efeitos não devem ser tão drásticos. No caso do Brasil, além da alta nos preços de commodities, a economia depende da resolução de fatores internos, como a vacinação em massa.
Foto: Reuters / Reprodução