Educação Financeira

As principais preocupações de trocar de carreira – parte 1

5 Minutos de leitura

“ – … por esses motivos aos quais acabei de citar, tenho convicção que seja um trabalho bastante promissor. Porém não é uma atividade para todos. Logo, peço que quem tenha interesse, e mesmo diante de todas as possíveis dificuldades, entenda que terá um bom desempenho na profissão, que preencha o perfil sobre a mesa e entregue junto ao seu currículo na recepção.”

Esse foi o meu discurso ao final da minha primeira palestra explicando a profissão do assessor de investimentos.

Percebi logo nas primeiras entrevistas que realizei após assumir a área de expansão da Messem Investimentos que passava boa parte do tempo das primeiras conversas com os candidatos explicando a atividade do assessor, ao invés de avaliando o mesmo.

Isso acontecia porque haviam poucas informações sobre a profissão na época. Eu sempre tive o hábito de reforçar, e muito, os desafios da atividade. Não que quisesse assustar as pessoas, mas eu preferia “eliminar” os que não estivessem dispostos a grande dedicação necessária para fazer dar certo.

Então, para não desprender mais tempo detalhando as funções, benefícios e desafios durante as entrevistas, resolvi anunciar em veículos de mídia, faculdades, entre outros, uma palestra sobre as oportunidades no mercado financeiro. 

Como trata-se de uma carreira onde o profissional empreende dentro de uma empresa, ela exige um perfil bem específico. A remuneração pode ser bastante atrativa, porém, como disse em meu discurso, não é para todos.

Para a minha surpresa, 41 pessoas estavam presentes naquela apresentação. Após ser extremamente enfático quanto a todos os desafios e frustrações que os mesmos poderiam encontrar nessa carreira, me surpreendi com o fato de 41 dos 41 presentes se mostraram interessados em dar continuidade ao processo seletivo.

Obviamente nem todos tinham perfil, e fiquei me perguntando por qual motivo uma grande maioria não havia levado em consideração meus avisos. Contudo, ao passar do tempo, entrevistei muitas outras pessoas. Perfis diferentes, desde estudantes a ex vice-presidentes de empresas. Médicos, ex-jogadores de futebol, executivos, empresários… Sim, tive a oportunidade de ouvir os mais variados tipos de pessoas.

Foi então que naturalmente encontrei os receios dentro da mente humana sobre as transições de carreira. Isso sem precisar “provocar” que esses receios emergissem como fazia no início. É claro que o ramo em que atuo é bastante específico, porém muitas dessas preocupações podem surgir para qualquer um que pense em trocar de emprego ou profissão nesse ou em outro segmento.

Foi com a contribuição de excelentes profissionais que se dispuseram a juntar-se a mim para levar a dissolução de alguns mitos, que compartilho com vocês a dissolução de muitos desses receios.

E assim, pretendo ajudar as pessoas a terem mais clareza em suas decisões, através da experiências deles, compartilhadas pela suas próprias palavras.

Nesse primeiro artigo, vou tratar sobre os “mitos” da segurança do regime CLT. Com a experiência de um amigo a qual admiro muito, o Kleber Ramos, ex-gerente geral do Bradesco, compartilho abaixo um pouco sobre as suas emoções e conclusões que possam servir para quem pensa em fazer um movimento de carreira para uma linha mais empreendedora.

Quais mudanças marcaram seus 20 anos como profissional de banco?

Iniciei a minha carreira no mercado financeiro em 2000, onde as transações financeiras eram efetivadas diretamente em uma agência bancária ou central de atendimento telefônico. Não tínhamos internet banking e muito menos os aplicativos que facilitam a vida do cliente nos dias de hoje.

Neste período realizei transições saindo de um banco para outro, e passei também por processo de fusão em duas oportunidades (onde os impactos psicológicos são significativos). Passei por todos os cargos da área comercial dentro de uma agência, desde estagiário até chegar na Gerência Geral da unidade.

Durante os 13 anos que fui Gestor de unidade nos bancos, convivi com pessoas com muito talento e que por algumas vezes acabavam limitando o seu crescimento devido ao modelo imposto pela organização, com regras de limitação salarial e tempo mínimo para galgar uma nova posição.

Como nasceu o seu interesse pela área de investimentos fora dos bancos?

Com o processo de digitalização das agências bancárias, o fechamento expressivo das agências físicas e a cobrança exaustiva por venda de produtos que não atendem a sociedade de maneira “justa”, passei a analisar quais seriam as oportunidades de carreira no mercado financeiro fora dos bancos. Com tantos anos trabalhando em bancos, não enxergava oportunidade fora deles, nem considerava fazer uma migração para o modelo autônomo. Entendia que o modelo CLT era o mais “seguro”, pois aquele pacote de benefícios (convênio médico, 13º salário, vale refeição e vale alimentação) traz uma falsa impressão de segurança. Confesso que isso dificulta muito na tomada de decisão.

Quando passei a participar de processos de seleção nos escritórios de investimentos, vi que precisava conhecer melhor sobre o modelo de negócio. Por mais que soubesse que passaria a trabalhar como autônomo, não sabia das diferenças entre as estruturas dos escritórios e nem o tamanho das oportunidades. Ciente dessa falta de conhecimento, procurei um amigo que trabalhava em um grande escritório de investimentos para entender melhor sobre este modelo.

Quando entendi o modelo de arquitetura aberta de investimentos, a diferença entre as estruturas de cada escritório, a preocupação em oferecer o que realmente faz sentido para o cliente e o potencial de remuneração, me encantei e não parei de pensar nisso.

Mesmo entendendo que teria um serviço encantador para oferecer aos clientes, uma estrutura de 1ª linha, um bom programa de remuneração e uma condição de trabalho com muito mais qualidade de vida, ainda tinha medo de fazer esta transição de carreira por conta do pacote de “benefícios” que eu tinha no banco.

O que te convenceu?

A vontade de fazer parte deste modelo era tão grande, que me fez aprofundar ainda mais na análise de prós e contras, e com isso me fiz as seguintes perguntas…

1 – O que mais me incomodava na minha função no banco? Liderar a equipe de gerentes comerciais com direcionamentos no qual eu não concordava, ofertando produtos de alta margem e incondizentes com o perfil de clientes que atendíamos. Era um desgaste emocional muito grande, isso incomodava demais a mim e a equipe.

2 – Eu atuo no modelo de negócio que acredito? Sempre gostei de atuar na Gestão de equipe para assessoria de investimentos. Dentro do modelo do banco era o que eu menos fazia, trabalhar com o que você não acredita é desgastante.

3 – Como estaria a minha carreira no banco nos próximos 5 anos? Com a necessidade de corte de custos dos bancos por conta dos concorrentes digitais, os próximos passos dentro do banco não atendiam aos meus objetivos, pois na minha análise teria que abrir mão de qualidade de vida (que eu já quase não tinha na função atual) e comprometer a minha família, mudando de cidade a cada 3 anos (em média). Isso não me atraía.

Quando me fiz as mesmas perguntas no modelo autônomo, tudo fez sentido, passando a ter mais qualidade de vida com um trabalho direcionado a negócios sustentáveis, atuando em um modelo de negócio que eu acredito e com um potencial financeiro muito maior do que eu teria no banco em 5 anos.

Além destes pontos que analisei, o tamanho da operação do escritório que escolhi trabalhar fez muita diferença na minha decisão, pois uma estrutura robusta e consolidada traz muito mais segurança para que esta transição aconteça de maneira assertiva.

Que mensagem você deixa para os novos profissionais da área?

Aos profissionais que gostam de trabalhar com assessoria de investimentos, recomendo que conheçam o modelo de agente autônomo, pois enquanto estiverem trabalhando em um modelo tradicional, não conseguirão enxergar as oportunidades nos escritórios de investimentos. A experiência do bancário tem muito valor por aqui.

Willian Kahler

Willian Kahler é sócio e assessor financeiro responsável pela área de expansão da Messem Investimentos. No mercado há mais de 10 anos, Willian começou sua trajetória como assessor de investimentos certificado pela Ancord. Atraído pelo propósito de popularizar o conhecimento sobre o mercado financeiro e auxiliar pessoas a realizarem seus objetivos por meio de investimentos fora dos bancos tradicionais, tornou-se destaque em sua função. Há cinco anos está à frente do trabalho de contratação e treinamento de novos assessores e foi responsável pelo desenvolvimento e transição de carreira de mais de 350 profissionais. Como sócio também é responsável pelas estratégias de M&A e novas unidades da Messem, uma das maiores empresas de assessoria financeira do Brasil, com mais de R$ 17 bilhões em custódia.

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Sobre o autor
Willian Kahler é sócio e assessor financeiro responsável pela área de expansão da Messem Investimentos. No mercado há mais de 10 anos, Willian começou sua trajetória como assessor de investimentos certificado pela Ancord. Atraído pelo propósito de popularizar o conhecimento sobre o mercado financeiro e auxiliar pessoas a realizarem seus objetivos por meio de investimentos fora dos bancos tradicionais, tornou-se destaque em sua função. Há cinco anos está à frente do trabalho de contratação e treinamento de novos assessores e foi responsável pelo desenvolvimento e transição de carreira de mais de 350 profissionais. Como sócio também é responsável pelas estratégias de M&A e novas unidades da Messem, uma das maiores empresas de assessoria financeira do Brasil, com mais de R$ 17 bilhões em custódia.
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