O último mês no Brasil foi marcado no mercado econômico como uma recuperação das estimativas positivas quanto à recuperação brasileira. Mesmo com o fator da pandemia ainda latente e a vacinação seguindo pelo Brasil inteiro, enquanto a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid acontece no Senado, as recentes apostas apontam para um Produto Interno Bruto (PIB) mais forte que o previsto anteriormente.
Segundo a projeção de corretoras de investimentos, na média, as apostas apontam para um PIB de 3,8% em 2021. Segundo o Boletim Focus, publicado semanalmente pelo Banco Central (BC), o PIB deve terminar o ano em 4,36%.
As boas estimativas são refletidas na publicação do PIB para o mês de maio. Segundo o IBGE, o índice de crescimento econômico ficou 1,2%, acima das projeções de especialistas.
Recentemente, segundo um cálculo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, o Brasil está apenas 2% abaixo das estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) caso ele não tivesse sido interrompido pela pandemia de COVID-19 em 2020.
Diversos fatores contribuem para um forte crescimento econômico em 2021. Um deles é o efeito do superciclo das commodities, impulsionado pela retomada econômica dos EUA e China, que estão gastando muito com projetos em infraestrutura.
Nos EUA, os efeitos dos juros baixíssimos são refletidos positivamente na economia brasileira. Além de um dólar com mais liquidez, diminuindo o valor da moeda ante ao real, o Brasil é um conhecido exportador de matérias-primas.
Porém, mesmo com um cenário apontando para uma boa recuperação brasileira, os dados publicados pelo IBGE ontem (09) evidenciam um fator de preocupação que pode prejudicar o crescimento da economia brasileira: a inflação.
De acordo com o IBGE, a inflação em maio ficou em 0,83%, somando 8,06% em 12 meses. É, segundo a entidade, o maior resultado para um mês de maio desde 1996.
Atualmente, a inflação está acima do teto da meta estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5,25%.
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Secretário de Guedes diz que crise hídrica pode afetar o crescimento econômico brasileiro
Embora a pandemia tenha prejudicado extensivamente o consumo do brasileira, afetando o preço do combustível e alimentos, outro fator deve marcar o segundo semestre do IPCA: a energia elétrica.
De acordo com o IBGE, a alta de 5,37% na energia elétrica representou, sozinha, uma variação de 0,23% no IPCA.
A crise hídrica que assola o sudeste e centro-oeste do país é a grande culpada pela alta severa nas contas de luz do brasileiro. Por conta da seca, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que as contas vão chegar no segundo patamar da bandeira vermelha, representando um valor adicional de R$ 6,24 a cada 100 kwh consumidos.
A alta acontece após a aprovação do Ministério de Minas e Energia para o uso de termelétricas mais caras para suprir a demanda de energia elétrica e evitar possíveis racionamentos e apagões.
Os efeitos da bandeira vermelha nível 2 ainda não foram completamente sentidos no IPCA, já que a mudança é relativamente recente.
Segundo uma nota técnica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), enviada à ANA e Ministério de Minas e Energia nesta semana, oito reservatórios da região sudeste do país devem chegar perto de colapsar antes do dia 30 de novembro, período em que a estiagem termina.
Os efeitos práticos são sentidos diretamente na conta de luz do brasileiro, o que já prejudica o consumo por si só. O buraco, porém, pode estar mais embaixo.
A variação do preço da energia elétrica afeta diretamente o setor industrial do país, que recentemente saiu de uma crise de abastecimento de insumos. Como ela está presente desde a cadeia produtiva até a final, é certo dizer que a alta na conta de luz vai afetar tanto o setor industrial como o de serviços.
Eventualmente, os efeitos inflacionários da crise hídrica podem afetar o crescimento do país, justamente por afetar o consumo, setores industrial e de serviços.
Segundo o ONS, a estiagem no sudeste e centro-oeste deve durar até o fim de novembro. Até lá, a conta de luz do brasileiro deve ficar mais salgada, com o país correndo o risco de apagões e racionamento.
O crescimento do PIB no Brasil depende de diversos fatores, tanto externos como internos. Outra coisa que pode impactar o índice, mas de forma positiva, é o avanço da vacinação nos estados, promovendo a retomada da normalidade de rotina.
Foto: Agência Brasil / Destaques