Após dois dias de reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou hoje (16) que decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 4,25% ao ano. É o terceiro aumento consecutivo da taxa básica de juros do país. Em março e maio, o Copom havia decidido pela elevação da taxa para 2,75% e 3,50% ao ano, respectivamente.
A decisão foi tomada na 239ª reunião do comitê, a terceira neste ano de 2021, realizada entre terça (15) e quarta (16). A elevação da taxa em mais 0,75 ponto percentual ao ano já era esperada pelo mercado.
Assim como na reunião anterior, em maio, o Copom citou o cenário externo favorável como um dos motivos para a nova elevação da Selic. “No cenário externo, estímulos fiscais e monetários em alguns países desenvolvidos promovem uma recuperação robusta da atividade econômica”, apontou em nota a entidade.
O Copom ainda avalia que os estímulos financeiros ao redor do mundo terão vida longa, e destaca que a inflação em países emergentes, como o Brasil, ainda é um fator de risco considerável. “Devido à presença de ociosidade, a comunicação dos principais bancos centrais sugere que os estímulos monetários terão longa duração. Contudo, a incerteza segue elevada e uma nova rodada de questionamentos dos mercados a respeito dos riscos inflacionários nessas economias pode tornar o ambiente desafiador para países emergentes”.
No cenário local, o contexto é muito parecido, segundo o Copom. Enquanto a recuperação econômica do país vai bem mesmo diante de uma segunda onda da pandemia de Covid-19 ainda entre nós, a inflação brasileira tem ficado acima das expectativas impostas pelo BC.
“Em relação à atividade econômica brasileira, apesar da intensidade da segunda onda da pandemia, os indicadores recentes continuam mostrando evolução mais positiva do que o esperado, implicando revisões relevantes nas projeções de crescimento. Os riscos para a recuperação econômica reduziram-se significativamente”, apontou o Copom.
Segundo o Copom, a recente alta no preço da energia elétrica e a dificuldade de se encontrar um equilíbrio entre oferta e demanda no comércio têm tido os maiores impactos na inflação do país. “Adicionalmente, a lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo, a despeito da recente apreciação do Real”.
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A entidade destaca que o momento econômico brasileiro é propício para o estabelecimento da Selic em um patamar considerado neutro. O aumento da taxa, segundo o Copom, serve como forma de conter a pressão inflacionária. O comitê espera ainda uma nova elevação da taxa na próxima reunião, na primeira semana de agosto, mas não descarta uma mudança na política monetária a curto prazo caso o cenário econômico exija medidas diferentes.
Se o cenário atual se manter, o Copom espera que a Selic encerre o ano em 5,50% ao ano. Já para final de 2022, a entidade espera que a taxa chegue ao patamar de 6,25% a.a.
Imagem em destaque: Estadão / divulgação