Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), encomendada pelo Estadão, a atual crise no abastecimento de insumos pode prejudicar o setor industrial brasileiro, que está se recuperando em 2021.
O atual momento do país, que vem se recuperando do baque da pandemia de 2020, impactou positivamente a produção industrial do país. Em maio, segundo dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial cresceu em 1,4% após três meses de quedas seguidas.
A economia brasileira, que retraiu -4,1% em 2020, deve crescer em 5,18%, segundo dados publicados pelo Boletim Focus do Banco Central (BC) na segunda-feira (05), impulsionado pela retomada da normalidade e continuidade do Auxílio Emergencial, criado no ano passado para atender a população informal do país.
Mesmo com o momento propício para o crescimento, a indústria deve sentir impactos que devem atrasar a recuperação no setor. Um deles é a crise hídrica que afeta o Sudeste e Centro-Oeste, que já provocou altas na inflação e aumentou a conta de luz do brasileiro.
Do ponto de vista industrial, o preço da energia elétrica pode afetar a produção. O agravante da crise hídrica ainda trás a possibilidade de apagões e racionamento de energia.
Outro ponto que prejudica o setor é a crise de insumos no país. De acordo com a FGV, boa parte das fábricas estava operando abaixo da capacidade normal:
- Minerais não metálicos: 33,1% operava abaixo dos níveis normais;
- Produtos de metal: 15,3% operava abaixo dos níveis normais;
- Metalurgia: 13,5% operava abaixo dos níveis normais;
- Produtos plásticos: 5,5% perava abaixo dos níveis normais;
- Máquinas e equipamentos: 4,9%.
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Segundo a pesquisa realizada, embora a demanda tenha aumentado no setor com a normalização dos serviços e alta do dólar, a crise dos insumos se deu pela capacidade de abastecimento, não por inabilidade de suprimento.
O efeito cascata da crise hídrica, que só deve acabar em novembro, e a crise no abastecimento de insumos, pode gerar um Produto Interno Bruto (PIB) um pouco abaixo do esperado atualmente pelo setor econômico.