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Hedge: o que é e como pode ser um grande aliado de seus negócios

5 Minutos de leitura

Se você está procurando uma maneira de proteger seus negócios da volatilidade do mercado, você certamente precisa saber o que é hedge.

O hedge é um mecanismo de proteção contra oscilações cambiais e de ativos, muitas vezes comparado à contratação de um seguro. Em 2020, o real foi a segunda moeda que mais se desvalorizou no mundo — atrás apenas do peso argentino — e, por isso, o banco Ourinvest apontou em janeiro deste ano que 2021 seria o “ano do hedge cambial”.

Neste mês, a Smart Money recebeu a head de câmbio da SM Open Bank, Pâmela Taubner, para um episódio do nosso podcast. No episódio 20 do Short Squeeze, Pâmela explicou como funciona o hedge cambial e como esse mecanismo pode ser seu aliado nos negócios.

A seguir, você confere um resumo deste bate-papo:

AFINAL, O QUE É HEDGE?

O hedge é um instrumento utilizado por investidores e empresas como estratégia de proteção contra as oscilações de uma moeda, uma ação, etc. O hedge cambial oferece a possibilidade de fixar as cotações futuras e ajuda a reduzir o risco cambial.

Sendo mais simples: podemos pensar em um produto que faz parte do nosso dia a dia, que é o seguro. Quando pagamos o seguro do nosso carro, a ideia não é ganharmos dinheiro, mas sim nos proteger caso aconteça algo inesperado. Então, quando pensamos em hedge, falamos sobre garantir uma segurança e tranquilidade e, principalmente, evitar perdas.

COMO FUNCIONA O HEDGE CAMBIAL, NA PRÁTICA?

O hedge cambial é muito utilizado por negócios que mantêm relações comerciais com empresas estrangeiras. Independente se para compra ou para venda, pode ser interessante para a empresa estabelecer um contrato de hedge que fixe o valor da moeda em um número, protegendo contra os riscos das variações cambiais.

Desde que a pandemia do novo coronavírus começou a causar efeitos, na segunda quinzena de março (de 2020), o dólar apresenta uma volatilidade ainda maior. Para se ter uma ideia, nos últimos três meses a moeda americana alcançou patamares próximos dos R$ 6 e também teve dias de fechamento abaixo dos R$ 4,90. Sendo assim, empresas utilizam essa ferramenta como forma de não obter prejuízos e isso é muito importante.

Sendo mais prática vou mencionar um exemplo: uma empresa exportadora de arroz faz uma venda para a África de US$ 100 mil, mas essa empresa só vai receber o valor após o arroz chegar no destino. Digamos que essa empresa tenha vendido esse arroz com dólar em R$ 5,22, mas o importador vai pagar com a cotação do dia (da chegada). Digamos que daqui 15 dias o dólar caia para R$5,15, o exportador que receberia R$ 522 mil passaria a receber R$ 515 mil, uma perda de R$ 7 mil.

Você deve estar pensando que, assim como o dólar pode cair, ele poderia também subir. Verdade, mas o hedge é uma ferramenta de proteção e o objetivo é proporcionar segurança (para o exportador) de que o valor pelo qual ele está vendendo seu arroz não sofrerá variação.

Outra situação muito importante para se contratar o que chamamos de trava de câmbio ou dólar futuro é quando uma empresa faz uma operação de adiantamento, tanto na importação com o Finimp quanto na exportação com ACC ou ACE. São operações bem longas, de 60 a 180 dias, então para não sofrer o risco de uma variação cambial negativa a empresa acaba contratando junto com a operação de crédito uma trava, garantindo o valor da moeda estrangeira do dia com o mesmo prazo de pagamento de sua operação de crédito.

QUAL A IMPORTÂNCIA DE UMA ESTRATÉGIA DE HEDGE?

O principal motivo para  se ter uma estratégia de hedge é exatamente evitar perdas, em função da variação dos preços de moedas estrangeiras e outros ativos. Nesse momento de incertezas no câmbio, uma estratégia de hedge é um dos movimentos mais acertados que um investidor ou empresa pode fazer. O hedge elimina os riscos cambiais e nos dá mais tranquilidade.

PARA QUEM É O HEDGE CAMBIAL?

Para todos que estão sujeitos ao risco e prezam por diminuí-lo. Empresas do setor agro, por exemplo, estão diariamente lidando com a variação cambial, pois importações e exportações são parte de suas rotinas. A cotação de uma moeda pode mudar de um dia para o outro e, nessas situações, as empresas têm duas opções: assumir o risco ou buscar  uma ferramenta de proteção, como o hedge.

O mesmo serve para investidores que têm uma carteira de investimentos exposta aos riscos de variação das moedas estrangeiras. Embora o foco do hedge seja o setor corporativo, essa ferramenta de proteção também pode ser contratada por investidores.


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COMO PODEMOS USAR O HEDGE PARA PROTEGER NOSSOS INVESTIMENTOS?

O hedge pode proteger o patrimônio de um investidor da variação cambial. O hedge, porém, não substitui a necessidade de se ter uma carteira diversificada, que é provavelmente a principal ferramenta para diminuir os riscos quando falamos de investimentos. Há várias maneiras de fazer hedge nos investimentos, vou citar algumas:

  • Hedge cambial com moeda em espécie: o investidor  compra moedas quando o preço está em queda e vende quando os preços estão em alta;
  • Hedge cambial com contratos de mercado futuro: a partir da definição de condições para transações de compra e venda sobre a variação cambial da moeda estrangeira que está sendo negociada;
  • Opções de compra de moeda: o investidor assume o direito de comprar moedas no futuro, mas com valores definidos no momento da contratação do hedge;
  • Hedge em ações: uma forma de mitigar os riscos que a volatilidade dos papéis negociados na Bolsa. O investidor compra opções de ações ou aplica em índices, uma operação similar às opções de moeda.

QUAIS OS PRINCIPAIS TIPOS DE HEDGE  CAMBIAL?

Nós temos diversos tipos de operação de hedge cambial. Porém, os mais utilizados por empresas são a trava de câmbio e o NDF.

A trava de câmbio é uma ferramenta que permite travar o preço para liquidação do câmbio em uma data futura. O valor da moeda  no final do contrato é definido na contratação e a quitação do contrato pode ser feita antes do prazo acordado. Para realizar essa operação  é necessário ter a documentação de exportação ou importação para fechamento de câmbio. Ou seja, essa modalidade é indicada para empresas que possuem negociação no exterior, que tenham alguma operação para pagar ou receber e que já possuem um documento de invoice, também conhecido como fatura.

Como o próprio nome já diz, essa operação é uma trava. Ao final do contrato, não há  ajuste positivo ou negativo.

A NDF tem a mesma precificação da operação de trava, porém esse produto é um derivativo. É uma solução que permite travar o preço futuro de compromissos em moeda estrangeira, no momento da contratação são negociados os valores, o vencimento e a cotação futura da moeda  estrangeira.

No vencimento, a liquidação ocorre  pela diferença entre a taxa contratada e a taxa do mercado definida como referência. A NDF é utilizada para proteger o contratante de oscilações cambiais também como forma de se aproveitar da variação cambial.

Como a liquidação ocorre por ajuste financeiro, o cliente pode pagar ou receber uma diferença de acordo com a variação da moeda em questão. Na NDF, não há necessidade de apresentação do invoice, algo necessário para uma operação de trava de câmbio. Este produto também é vendido a pessoas físicas, não só empresas.
A trava não tem ajuste financeiro, porém ela só pode ser liquidada no final do prazo, além da necessidade do invoice. A NDF é mais flexível, mesmo com o ajuste financeiro no final da operação, pois ela pode ser desmontada a qualquer momento em caso de uma oscilação cambial muito grande.

Guilherme Guerreiro

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