Segundo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, os países que gastaram mais durante a pandemia de COVID-19 para mitigar os efeitos negativos na sociedade e economia, são os que melhor saíram da crise.
“Quando olhamos o mundo emergente, vemos que países com maiores gastos, como o Brasil, evitaram uma queda mais aprofundada e recuperação mais rápida”, disse o presidente do BC durante o Congresso Nacional Abrasel.
O presidente da entidade financeira mais importante do país destacou o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de países como a China e os Estados Unidos. Ambas as potências mundiais investiram de forma massiva na recuperação da própria economia.
No caso dos Estados Unidos, trilhões de dólares foram injetados para dar um suporte financeiro à população, infraestrutura e políticas públicas relacionadas à área da saúde, com a distribuição de vacinas, e educação.
O resultado disso é uma recuperação econômica robusta que marcou o primeiro semestre do ano. Segundo dados do país, os EUA tiveram crescimento de 6,5% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano.
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Tudo isso, porém, demanda a resolução de fatores internos. Por aqui, o Auxílio Emergencial, programa que paga parcelas para a população informal do país, foi responsável por uma queda menos acentuada do PIB de 2020. O programa paga menos em 2021, comparado com as parcelas de R$ 600 de 2020, mas se mostrou fundamental para manter uma base de sustento da população.
Mesmo assim, 2021 é marcado por um certo atraso na distribuição de imunizantes contra COVID-19, atrasando a retomada plena das atividades. Além disso, a alta nos combustíveis e crise hídrica vem causando pressões inflacionárias que prejudicaram a economia do país.
As boas projeções quanto a economia brasileira deterioraram nas últimas semanas. Mesmo assim, Roberto Campos enxerga a situação brasileira, e a da América Latina, com “ânimo”.
“Existe um entendimento do governo que é melhor ter energia mais cara do que enfrentar um racionamento”, disse. “A gente teve ainda quebras de safra [por conta do frio]”.
Segundo ele, os efeitos inflacionários são de curto prazo, mas já existem sinais que indicam que a inflação pode ter efeitos mais duradouros.
Foto: Agência Brasil / Divulgação