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Para o diretor da Powermig, a automatização é um caminho fundamental para o Brasil

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A automatização e modernização dos processos é um caminho fundamental para o crescimento do setor industrial brasileiro. A chamada indústria 4.0 é muito mais que apenas o uso de robôs para facilitar as tarefas, mas a aplicação de sistemas de integração que envolvem o uso da Inteligência Artificial (AI), internet, robótica e a digitalização.

“A indústria 4.0 vem para fazer essa união. Integrar o ser humano e o robô e a sequência da linha de montagem da cadeia produtiva”, diz Juarez Fochesatto, Diretor da Powermig. A companhia atua há mais de 15 anos no ramo de soldagem e automação.

“Hoje, a Powermig está inserida na 3.0, robotização, que é o processo que o Brasil ainda está passando, como também está na 4.0, que é a conectividade, integração, tomada de decisão com base em dados em função dessa automação”, complementa ele.

Além das inovações tecnológicas que atingem todos os setores da economia, o setor industrial também passa por falta de profissionais de mão de obra básica, como soldadores, pintores e lixadores.

“O Brasil inteiro está com falta de mão de obra básica, e ao mesmo tempo temos 13 milhões de desempregados”, disse o Diretor da Powermig.

A falta de mão de obra não é por acaso. O Brasil, assim como o resto do mundo, já passou pelo intenso período de êxodo rural que marcou o período da revolução industrial. Nessa época, as indústrias 1.0 começavam a se modificar para um modelo 2.0 com o escalonamento da produção em massa.

Durante a grande revolução tecnológica que marca o início das indústrias 3.0 e agora com o período mais moderno, o 4.0, essa mão de obra fica cada vez mais escassa, ao mesmo passo em que a indústria se moderniza e aprimora sua cadeia produtiva.

Um dos questionamentos que as grandes revoluções da indústria provoca é quanto a geração de emprego e demissões de funcionários que, em teoria, seria “substituído” pela máquina. Segundo Fochesatto, isso é um “mito”.

“Eu posso afirmar, depois de 20 anos nessa área, que isso é um mito. Considerando os nossos clientes, por exemplo, não temos um caso onde o pessoal foi desligado. Ou estes foram alocados ou a empresa está em fase de crescimento e está com dificuldade de contratação de mão de obra”, disse ele.

“A automação não deixa de contratar, ela aumenta a contratação. A grande prova disso é que os países mais automatizados são países com um PIB maior e com menos desemprego”, complementa.

Um dos bons exemplos de integração da robótica nas fábricas sem que isso comprometa a força de trabalho é a da Tramontina. Desde 2006, a empresa passou por um intenso período de instalação de máquinas e ferramentas automotivas. O número de robôs novos passou de 500, ao mesmo passo que o número de funcionários praticamente permaneceu o mesmo.

“Isso significa que eles conseguiram manter a competitividade e a concorrência, que é a China, principalmente”, disse o Diretor da Powermig.


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Atualmente, a Powermig conta com 80 profissionais diretamente ligados nos processos de automatização. Foto: Powermig

Além da geração de emprego, a modernização da indústria significa uma maior segurança para os funcionários e para o cliente. Hoje em dia, todas as automações são regidas por uma lei, a Norma Regulamentadora 12 (NR-12).

“A indústria 4.0 promove segurança tanto para o profissional como para o cliente. A integração 3.0 pro 4.0 traz a rastreabilidade. Hoje temos robôs de solda que têm uma característica da automação e um software que identifica se a peça soldada está dentro de todos os 34 parâmetros no total”, disse o Diretor da Powermig.

No caso do Brasil, o processo de transição para a chamada indústria 4.0, e até mesmo a consolidação do 3.0, está um pouco mais lenta e acaba até prejudicando o crescimento econômico do país. De acordo com a Federação Internacional de Robótica (IFR em inglês), em 2019, a indústria de manufatura brasileira contava com 13 robôs para cada 10.000 funcionários. A média global dessa densidade é de 113 para cada 10 mil trabalhadores, e no caso de países mais desenvolvidos, como a Coréia do Sul, essa média chega a 855.

“Quando eu falo que não chegamos na indústria 3.0, digo que temos uma caminhada muito longa para atingir isso”, disse Fochesatto. “Não tem outro caminho a não ser automatizar no Brasil. Temos um problema de país, com a questão dos impostos, e isso é bastante ruim. A indústria brasileira vem diminuindo, pois se importa mais e fabrica menos, aumentando o desemprego. A indústria que está permanecendo, para que fique competitiva, está precisando se automatizar”.

Para ele, “a empresa lá fora geralmente vende para mais países, enquanto o Brasil atende mais o mercado interno, então se ele quer ir lá pra fora, ele precisa automatizar”. Caso o Brasil não modernize suas indústrias em um bom ritmo, corre até o risco do PIB ficar prejudicado.

Impactada pelo crescimento da demanda, a Powermig deve crescer mais de 80% do ano passado para cá. Foto: Powermig

Assim como outras grandes companhias do setor, a Powermig sentiu os impactos negativos gerados pela pandemia de COVID-19, e aproveitou o momento para promover adaptações na força de trabalho. 

“Nós sofremos o impacto da pandemia, colocamos 60% dos profissionais em home office. Gostaríamos inclusive de ter mantido mais profissionais em home office, mas a maioria pediu pra voltar”, disse Fochesatto. “Agora, nós já estamos abrindo vagas orientadas para ser home office, então o profissional já vai ser contratado com essa especificação”.

Com a paralisação dos setores na pandemia, as demandas por automatização cresceram em um ritmo acelerado. Isso porque além da carência natural do setor por mão de obra básica, a pandemia trouxe o problema do presencial.

Além do problema enfrentado pelo impacto da pandemia de COVID-19, o mundo ainda passa por uma grande crise de semicondutores. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao menos 60% dos empresários brasileiros relatam a falta de insumos, que inclui os semicondutores, como um dos fatores principais que emperram a recuperação plena do setor.

“Como estão faltando chips de automóveis, também estão faltando robôs. Todas elas [as empresas] estão com prazos de entregas bastante elevados. Aqui está impactando um pouco, principalmente por essa necessidade de automatização”, disse o Diretor da Powermig.

As expectativas para o futuro, porém, são boas. Para Fochesatto, o caminho do Brasil para que a indústria consiga crescer em um ritmo saudável é de automação dos processos e a aplicação de tecnologias de ponta que buscam integrar os sistemas e aprimorar a cadeia produtiva.

Foto: Powermig / Reprodução

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