De acordo com apurações do jornal Financial Times, o governo da China pretende separar o serviço de empréstimos fornecido pelo aplicativo AliPay, do Ant Group de Jack Ma, aumentando o controle de Beijing sobre um dos serviços mais utilizados do país.
Com a rápida modernização do sistema financeiro do país, o dinheiro vivo começa a cair em obsolescência entre a população, deixando os aplicativos de grandes companhias, como o AliPay, que possui mais de 1 bilhão de usuários, ganhando o espaço no dia a dia das pessoas.
O problema, segundo Beijing, é que o uso de dados privados por essas companhias é especialmente preocupante, especialmente se tratando de companhias cujo modelo é predominantemente capitalista e sob suspeita de monopólio.
Segundo o Financial Times, a repartição de empréstimo do AliPay, que pertence ao Alibaba, será administrada por outra entidade. Além disso, o Grupo Ant terá de fornecer os dados de usuários para uma joint venture ligada ao poder estatal do país.
“O governo acredita que o poder de monopólio das grandes tecnologias vem de seu controle de dados, e quer acabar com isso”, disse uma fonte para o jornal.
Após a publicação da decisão, as ações da Alipay despencaram 7%, diminuindo as perdas para 4,2% ao final do pregão.
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As companhias do ramo financeiro não são as únicas nos alvos regulatórios do dragão chinês. No mês passado, autoridades regulatórias notificaram 42 aplicativos de outra mega companhia do ramo de tecnologias, a Tencent, sobre o uso indevido de dados de usuários.
Quanto à Tencent, as novas restrições quanto ao consumo diário de jogos online pela população infantil atingem diretamente uma das maiores companhias do mundo do setor de jogos eletrônicos.
A decisão de Beijing é mais uma investida amarga contra o empresário Jack Ma, que teve seu IPO do Alibaba adiado no ano passado após órgãos divulgarem dúvidas quanto ao comprometimento do grupo de conseguir cumprir com as normas regulatórias do país. O IPO iria bater um recorde de US$ 34 bilhões somados nas bolsas de Xangai e Hong Kong.
O episódio é emblemático e marca o início da grande rodada de pressões regulatórias contra o setor de tecnologia do país. Além disso, é marcado por ter acontecido um mês após Jack Ma criticar o governo chinês em uma conferência em Xangai. Para o empresário, as velhas regras regulatórias atrapalham o desenvolvimento tecnológico do país.
As relações amargas entre as big tech chinesas e o governo se intensificaram nos últimos anos. Recentemente, Xi Jinping, em uma reunião com o Comitê de Diretores do Partido Comunista Chinês, defendeu que mais controle fosse adotado quanto as grandes companhias de tecnologia.
“A implementação de todas essas regulamentações antimonopólio é absolutamente necessária para melhorar a economia de mercado socialista e promover a prosperidade comum”, disse Xi Jinping.