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Para Tadeu Cruz, a saúde financeira também faz parte da carreira de sucesso de um jogador de futebol

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“O Brasil é o país do futebol”. Quantas vezes você já ouviu essa frase? 

A fama que o país leva como um dos berços do esporte não é por acaso. Somos pentacampeões da Copa do Mundo, temos um futebol de qualidade de ponta e atletas que correm o mundo fazendo sucesso. 

Ser conhecido como o país de um esporte popular certamente tem seus grandes méritos, mas isso não significa que a jornada de um atleta seja um pouco mais fácil. Pelo contrário, o jogador de futebol pode enfrentar desafios que outros ofícios que conhecemos não passam. 

“Enquanto a maioria das pessoas acabam começando a ter sucesso por volta dos 35 anos, o atleta de futebol com essa idade, principalmente os brasileiros, são praticamente inválidos”, disse Tadeu Cruz, dono de uma agência de gestão de carreiras. 

Tadeu é formado em Educação Física e Administração do Esporte, além de possuir uma pós-graduação em Marketing Esportivo e MBA em Direito desportivo. Hoje, ele é dono da Specialized Business Sport (SB Sports), uma agência que atua na administração de carreiras de jovens atletas. Para ele, um dos erros mais comuns de um jovem atleta que entra no meio do futebol é de gastar além da capacidade. 

Ele também faz parte de um programa chamado de Segredo dos Jogadores, um projeto voltado para as famílias de atletas que buscam ter uma melhor instrução de como conduzir melhor as carreiras dos filhos. São projetos do gênero que acabam evitando equívocos financeiros comuns. 

“A maior besteira que a maioria acaba fazendo é comprar carro e relógio — são as duas maiores coisas que acabam fazendo — e esquecem do principal que é guardar dinheiro, porque a carreira é curta”, disse ele. 

Segundo ele, a grande maioria dos atletas que começa a gerar renda através do futebol vem de uma origem de pouquíssimos recursos financeiros. Por isso, a devida instrução e educação financeira é essencial para que o atleta consiga terminar a carreira sem se preocupar com passar dificuldades no futuro. 


Saiba mais

Dos campos às finanças: como a jornada de William ‘Capita’ Machado no futebol contribuiu para a carreira de sucesso no mercado de investimentos


“O entorno do atleta é muito grande, então ele não cresce sozinho, carrega muita gente com ele, muitos agregados, como família e amigos. Acaba tendo que sustentar muita gente junto, não fechando a conta”, diz Tadeu. “A gente fala: acho bacana ajudar os pais, e tem que ajudar, mas às vezes, ao invés de ajudar os irmãos financeiramente, abre um negócio para ele tocar, que pode ser melhor”. 

Além dos problemas externos, uma boa saúde financeira ajuda o jovem jogador a lidar com fatores da própria profissão, como atraso de salários, coisa que raramente acontece com grandes clubes internacionais. No caso da renda dos atletas brasileiros, cerca de 60% dos recursos da grande maioria vêm da carteira, enquanto 40% vêm dos direitos de uso de imagem. 

Enquanto um mês de um atleta pode ter 60 ou 90 dias, por exemplo, por conta de atrasos na carteira, no caso da renda por direito de imagem os pagamentos podem acontecer de forma ainda mais diluída. 

“Se o atleta não tem saúde financeira, praticamente 50% do salário dele vai estar sempre atrasado e ele vai estar em prejuízo”, afirma Tadeu. 

Embora as pessoas estejam acostumadas com salários exorbitantes de atletas como Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi, a realidade do jogador de futebol brasileiro, em sua grande maioria, é outra. Para começar, apenas cerca de 5% dos atletas recebem valores acima de quatro salários mínimos, a maioria deles por jogar em grandes clubes na Série A do brasileirão. 

Por isso, não é raro conhecer histórias de atletas já aposentados que, por conta de uma má instrução financeira durante a carreira, acabam passando dificuldades após a aposentadoria. 

“A maioria, jogadores famosos inclusive, vive de necessidade. Claro que a rede de amigos é grande, então sempre tem alguém pra apoiar, arrumar um emprego, por dentro de um projeto, clube, alguma coisa”, disse Tadeu. “Mas quando o cara não tem saúde financeira boa, passa por maus bocados e sofre bastante”. 

Uma boa gestão financeira, porém, pode colocar o atleta em uma jornada de sucesso que não precisa terminar com a aposentadoria dos campos. Já contamos sobre um ótimo exemplo de uma carreira construída além dos campos na nossa entrevista com William “Capita” Machado, ex-jogador do Grêmio e Corinthians. 

“Viver nesse mundo de sonhos é atingir patamares do Neymar, seleção brasileira, contratos altos e campanhas publicitárias também”, diz Tadeu. “O restante é a vida normal de um executivo bem sucedido de empresa, e que vai conseguir guardar pra conseguir receber dinheiro até atingir os 60 anos”. 

Juan Tasso - Smart Money

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