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Por que o mundo está tão preocupado com a inflação?

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Não é de hoje que o brasileiro se preocupa com a inflação. O aumento generalizado de preços faz parte da nossa história tanto quanto o samba, a feijoada e o futebol. Quem não sabe o que é inflação, certamente não conviveu com ela nas épocas de “ouro” dos preços, onde praticamente tudo aumentava de valor de um dia para o outro, e os funcionários dos supermercados precisavam passar diariamente alterando o preço de cada produto na gondola. Quem nasceu já nos 90, não deve lembrar dessa época. É acostumado com outra realidade. Desde a criação do plano Real, conseguimos estabilizar nossa moeda e, apesar de ainda vivermos um inflação que preocupa, ela não é nada comparada com o que acontecia nos anos 80.

Porém, esse tema voltou com peso em 2021, depois de um ano de pandemia extremamente atípico, não apenas no Brasil, e sim no mundo todo. Jornais de notícias americanos, europeus e asiáticos estão com esse tema à tona e isso vem preocupando e desestabilizando as principais bolsas do mundo durante esse ano. E por que isso veio a está preocupando tanto todos os mercados? Há alguns motivos principais para isso. 

O primeiro grande motivo foi iniciado em março do ano passado, e ainda está vivo no nosso dia a dia. A pandemia do Covid fez com que fábricas, lojas, estabelecimentos, eventos e diversos outros motores da nossa economia freassem de maneira inédita na história. O mundo parou rapidamente, obrigando diversos setores da economia a se readequar, mudando paradigmas, sistemas, projetos produtos para atender as novas demandas dos consumidores que mudaram em pouquíssimo tempo. 

Para tentar recuperar os motores da economia, governos e banco centrais ao redor do mundo mobilizaram bilhões de dólares em forma de estímulos monetários, seja através de um “cheque” entregue na porta de casa das pessoas até um limite de crédito maior e mais barato para as empresas, aumentando em níveis antes inimagináveis os índices de liquidez das principais moedas do mundo. Com isso, durante os períodos mais intensos da pandemia, muitas empresas conseguiram sobreviver e retomar o patamar pré-pandemia. Entretanto, outras tantas não conseguiram superar a crise e acabaram fechando as portas. Como a oferta de produtos e serviços diminui muito, aqueles que sobraram se viram obrigados a aumentar seus preços para conseguir dar conta da demanda, que aumentou expressivamente com a reabertura das economias graças a vacinação em massa que ocorreu durante o ano de 2021.

Ainda, outro importante insumo que teve um aumento de preços considerável nos últimos dois anos foram os preços das commodities. Esses produtos essenciais que fazem parte da alimentação, da construção e da produção de bens de consumo de praticamente todas as pessoas tiveram um aumento de preços derivada, além dessa crescente demanda oriunda dos auxílios emergenciais, citados acima, da forte recuperação esperada dos países em desenvolvimento pós-pandemia, como era o caso da China. O dólar também sofreu uma alta frente as moedas dos principais países emergentes, o que favoreceu a exportação dessas commodities, tornando-as mais caras para todos.

Portanto, outro motivo para a inflação estar no centro das atenções das principais economias do mundo se deve ao aumento relevante dos custos com energia. A Europa, por exemplo, está enfrentando sérios riscos de falta de energia esse ano, advinda de seus esforços para diminuir a dependência das fontes de energia que poluem em excesso o meio ambiente como é o caso das usinas de carvão. Entretanto, esse risco se agrava com a chegada do inverno, onde a energia é muito utilizada para os aquecimentos das casas e dos estabelecimentos. De 2020 até hoje, o preço do gás natural europeu subiu mais de 500% e os atuais estoques reduzidos trazem preocupações para a indústria (Fonte: XP Investimentos).

Além da Europa, a China também sofre do mesmo problema. Tendo falhado com suas metas de redução das emissões de gás carbônico, ela se viu forçada a reduzir a produção das suas principais fontes de energia e das indústrias de produção de alumínio por exemplo, impactando no custo da energia, mas também das commodities como o minério de ferro. Segundo o Goldman Sachs, tanto a Europa quanto a China devem correr altos riscos de um estoque insuficiente de algumas matérias-primas fonte de energia, como o gás, causando um aumento substancial de preço que impactará todo o mundo.

E por fim, e muito importante para nós, o Brasil também está sofrendo com o aumento da energia. Estamos passando pela pior seca dos últimos 90 anos, e isso afetou os preços da energia elétrica no país. Vale lembrar que quando a energia elétrica sobe de preço, ela afeta não apenas nossa residência, mas toda a cadeia produtiva, pois praticamente 100% da indústria, do comércio e dos serviços necessitam, de alguma forma direta ou indireta, de energia elétrica para atuarem. Felizmente, temos instrumentos no mercado financeiro que nos permitem protegermos nossa carteira de investimentos da inflação. Atualmente, os ativos de renda fixa atrelados à inflação garantem ao investidor uma taxa pré-fixados já além do IPCA, o índice oficial utilizado no Brasil para medir a elevação de preços do consumidor. Com esses ativos, é possível garantir o aumento do poder de compra do investidor, independente do impacto que o aumento de preços tenha no mundo. Existem diversos ativos de renda fixa com essas características, divergindo entre si sobre prazos, taxas, emissores, etc; O ideal é que o investidor tenha a ajuda de um profissional capacitado para entender suas necessidades e indicar qual é o melhor investimento para esse investidor que busca esse tipo de proteção.

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