Não faz tanto tempo assim que o dinheiro como conhecemos hoje saiu do chamado “padrão-ouro”, quando um grande acordo monetário definiu que todas as moedas das principais potências do mundo passariam a ser indexadas a uma variação de valor ligada ao Dólar.
Você se lembra da história do dinheiro? Há muito tempo atrás, a humanidade funcionada através da troca de produtos, modelo que sustentou as sociedades rudimentares durante milhares de ano.
Com o início das primeiras sociedades organizadas em cidades, a commodity money se tornou o modelo financeiro mais popular. As vantagens são óbvias: o ouro, por exemplo, possui um valor intrínseco e fácil de ser reconhecido. Acaba também o problema da oferta, por exemplo, de duas sacas de trigo por um determinado produto, e o comprador não possuir interesse naquela commodity.
Foi em 1971 que Richard Nixon, o 37º presidente dos Estados Unidos, retirou a moeda norte-americana do sistema de commodity money. A partir daí, o dinheiro atingiu sua abstração máxima até então, se baseando apenas a um valor de mercado, e não em uma pedra física.
Desde lá, inúmeras inovações tecnológicas marcaram o mercado financeiro e facilitaram a sua vida, desde caixas eletrônicos, contas bancárias, open banking, e, mais recentemente, o blockchain.
Em um mundo onde a presença digital é praticamente impossível de se ignorar, o velho papel-moeda, que ainda é amplamente utilizado, está perdendo sua importância. Hoje, 60% das transações são feitas no meio digital, e a tendência não deve parar por aí.
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O futuro é digital?
Sim, mas não apenas isso.
Embora seja difícil prever o futuro e como a sociedade reagirá às novas tendências e inovações, novas tecnologias sendo implementadas hoje nos dão uma visão relativamente fiel do futuro.
Uma dessas grandes inovações, e que não deve demorar tanto assim para chegar no Brasil, são as moedas digitais.
Mas o meu dinheiro já não está presente digitalmente?
Sim, o nosso dinheiro está presente em nossas carteiras digitais, mas no caso das moedas digitais as coisas funcionam de uma maneira um pouco diferente. Pegando o exemplo da China, pioneira na implementação e uso dessa tecnologia, o chamado Yuan digital (eCNY) é emitido pelo Banco Central do país e aplicado em um blockchain, podendo ser usado por todos que já estiverem com o sistema em mãos.
Se você leu blockchain e pensou em Bitcoin, você não está errado, pois é o mesmo tipo de sistema que dá sustentação às criptomoedas. As criptomoedas, porém, são descentralizadas, e todo mundo pode “mineirar” Bitcoins, por exemplo, sem qualquer risco de rastreamento.
Na visão das agências reguladoras, como a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), o Bitcoin não possui um modelo seguro e regulado o suficiente para ser considerado como um ativo aceito pelas agências de todo o mundo.
No caso das moedas digitais, o modelo é centralizado, ou seja, os governos dos países controlam o sistema monetário. Embora não seja tão “privado” quanto as criptomoedas, a aplicação de um ativo digital na economia significa uma ampla desburocratização dos processos, além de fortalecer os sistemas monetários e apostar em um futuro em que o papel-moeda é obsoleto.
Você notou que a China vem aplicando duras medidas contra as criptomoedas em circulação no país? Nada é por acaso.
A China é a pioneira na aplicação da tecnologia, e até bota em cheque a supremacia do Dólar, mas os Estados Unidos não estão muito atrás nas pesquisas e o nosso Banco Central (BC) brasileiro já anunciou que deve lançar o Real Digital em um futuro relativamente próximo.
Uma economia “low touch”
Além das inovações que vão marcar o mercado financeiro em um futuro próximo, não podemos nos esquecer do principal fator que viabilizará a aplicação de novos processos tecnológicos: o consumidor.
Atualmente, a chamada “low touch economy” já faz parte da realidade de muitas pessoas, com o uso de tecnologias como Apple Pay, QR Codes e serviços como o PIX que cada vez mais nos deixam independentes do papel-moeda.
No Brasil, o PIX é uma das apostas do Banco Central (BC) para modernizar os processos em todas as esferas da sociedade. Hoje em dia, é fácil encontrar um restaurante, loja ou padaria que aceita o PIX, seja por transferência direta ou QR Code, como meio de pagamento.
Tudo isso depende, portanto, do próprio consumidor dessa tecnologia, e como ele vai adaptar sua vida às novas tecnologias.
A revolução, porém, certamente já começou e está a todo vapor.
XaaS
Outra grande inovação que já existe no mercado financeiro e deve ficar cada vez mais forte é o XaaS, ou Everything As a Service (Tudo Como Serviço). Em resumo, é a modernização dos sistemas de empresas que agora poderão possuir todo o seu ecossistema em armazenamentos baseados em nuvem.
Assim, os famosos custos com “TI” vão ser profundamente reduzidos, pois a necessidade de maquinário é reduzida. Consequentemente, isso também agiliza todos os processos e melhora a comunicação.
O modelo XaaS, portanto, é benefício para as companhias, mas também para todo o corpo de funcionários das empresas. No futuro, esse tipo de modelo empresarial provavelmente será a norma.