Começa nesta terça-feira (01) o Ano-Novo Chinês, ou Ano-Novo Lunar, uma das datas mais importantes para o continente asiático. O feriado inicia com o nascimento da segunda lua após o solstício de inverno. Pode acontecer, portanto, entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro.
A tradição de reuniões familiares, feriado e queima de fogos de artifício não é muito diferente do Ano Novo que estamos acostumados. A grande diferença, porém, está na data.
Na China, o calendário possui o ciclo da lua como parâmetro. Um ano, portanto, se refere a 12 ciclos completos do nosso satélite natural. Diferente do nosso calendário gregoriano, o da China possui 354 dias.
O feriado é comemorado em diversos países asiáticos além da China, como a Coréia do Sul, Vietnã e Mongólia. Acredita-se que a origem dele é de 3400 anos atrás, durante a dinastia Shang.
Você provavelmente já deve ter visto a famosa dança do dragão que marca o Ano-Novo Lunar, montado com uma fila de pessoas. Por lá, a figura mitológica é conhecida pelas boas fortunas.
Cada passagem de ano é associada a um dos doze animais que compõem o calendário chinês: Serpente, Cavalo, Javali, Boi, Rato, Tigre, Cão, Macaco, Carneiro, Galo, Dragão e Cavalo. No ano passado, por exemplo, 4719 no calendário, o período foi associado à figura do Boi.
Agora, o ano de 4720 é associado ao Tigre.
O Tigre, conhecido como o rei dos animais, é relacionado à coragem, bravura e força. Para o povo chinês, também pode significar uma figura de esperança após anos conturbados por conta da pandemia de COVID-19.
Além disso, o ano recebe a designação de um dos grandes quatro elementos: Fogo, Madeira, Água, Metal e Terra.
Neste ano, o ciclo que se inicia é o da Água.
O que tudo isso tem a ver com a economia?
O Ano-Novo Lunar é o feriado mais importante da China, que é a segunda maior economia global. Os impactos gerados em todos os setores, portanto, é bem significativo.
Apesar de 2021 ter sido marcado pela paralisação causada pela pandemia, 2022 deve ser um pouco mais aberto, apesar das políticas de “COVID Zero” impostas na China.
Primeiramente, o setor de turismo, que se prepara o ano todo por esta data, recebem pelo menos 2 bilhões de viagens que acontecem dentro e fora da China para a comemoração do feriado. Pelo menos um quinto da população mundial celebra a passagem do ano.
Além de possíveis mudanças nos preços das passagens, procura por hotéis e similares, como o gasto deve ser elevado, os setores de consumo devem sentir um boom.
Outro ponto econômico que deve ser diretamente afetado é o de exportações e importações.
Para entender melhor como o mercado global se prepara para o feriado, é importante ressaltar que a China é a maior exportadora de bens e serviços do mundo, chegando a US$ 2,34 trilhões em 2021 de acordo com dados do World Bank.
Para comemorar o Ano-Novo Lunar, empresas e fábricas de toda a China liberam seus trabalhadores por até duas semanas, atingindo a cadeia produtiva do país. É por isso que os resultados do trimestre, como a balança comercial e crescimento econômico, não podem deixar de considerar o feriado.
As empresas que já estão acostumadas com o Ano-Novo Lunar geralmente se certificam que possíveis carregamentos cheguem na China pelo menos uma semana antes do início do feriado para evitar gargalos. O mesmo vale para compras de suprimentos no período.
Por fim, o feriado fecha a quarta maior Bolsa de Valores do mundo, a SSE Composite Index. Além disso, ficam fechadas também as bolsas de Shenzen (SZSE) e Hong Kong (HKEX).
Saiba mais
China atinge superávit recorde em 2021
O feriado gera uma explosão nos lucros
As empresas que se preparam para o Ano-Novo Lunar sabem que o período é uma grande oportunidade de gerar altos lucros. Em 2019, por exemplo, de acordo como o Ministério do Comércio da China, consumidores gastaram US$ 149 bilhões durante a virada do ano.
No mesmo ano, o mercado de turismo lucrou o equivalente a US$ 80,6 bilhões, número que só deve crescer após o término da pandemia de COVID-19.
Os lucros, porém, não são limitados à China e nem à Ásia. Diversas celebrações acontecem em diversos países europeus e nos Estados Unidos, desde eventos temáticos em restaurantes às reuniões familiares.
Foto: AFP / Reprodução