2022 mal começou e muita coisa já aconteceu. Com conflitos geopolíticos no leste europeu, nova variante de COVID-19 um mundo apreensivo, é seguro dizer que todos esses fatores podem influenciar nos seus rendimentos.
Por isso, é sempre importante ficar por dentro dos principais fatores que movimentam o mercado financeiro.
Abaixo, confira os fatores mais relevantes que impactaram – e vão continuar impactando – o mercado financeiro em 2022:
Conflitos geopolíticos no leste europeu marcam o início do ano
O ano começou conturbado na Ucrânia, país vizinho da Rússia.
A pelo menos um mês, a Rússia está enviando tropas para a Ucrânia, investida militar que aumenta as suspeitas sobre possíveis ataques na região. Para os Estados Unidos, a invasão é eminente.
Os conflitos no leste europeu não são novos. O avanço da União Europeia, que já tentou incluir a Ucrânia no bloco, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que diz receber o país com braços abertos, incomodam a Rússia, que teme perder importantes pontos estratégicos.
Nesta semana, aconteceu em Genebra um encontro diplomático entre os Estados Unidos e a Rússia. Participam do encontro o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o Ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. As intenções eram de apaziguar a situação, que se encontra em um ponto de erupção.
Segundo Blinken, nenhum destino certo foi consolidado no encontro, e que a posição dos EUA é clara: possíveis invasões terão respostas na mesma proporção.
Mas como esse conflito todo pode afetar a economia global?
Primordialmente, um conflito na Ucrânia prejudicaria o mercado de petróleo, que atualmente se encontra no maior preço por barril a mais de cinco anos. Além disso, a cadeia do mercado de alimentos provavelmente será afetada.
Juros altos no mundo inteiro (inclusive no Brasil)
O brasileiro já se acostumou com a escalada dos juros básicos, a Selic, durante todo o ano de 2021. A tendência agora é que as principais potências mundiais sigam a tendência, a medida em que as pressões inflacionárias começam a ficar mais evidentes.
Nos Estados Unidos, sinalizações recentes do Federal Reserve (Fed) e economistas indicam que os juros podem começar a passar por reajustes em março.
Na Europa, a posição do Banco Central Europeu (BCE) segue conservadora em segurar os juros baixos na Zona do Euro, mas as taxas, segundo especialistas, provavelmente aumentarão. No Reino Unido, por exemplo, elas já subiram no início do mês.
A única grande superpotência que segue na direção contrária é a China, que diminuiu os juros de referência (LPRs) e os médio prazo (MLF) no início deste ano, tentando acelerar uma economia prejudicada pelo avanço da Ômicron e uma crise no setor imobiliário.
E o Brasil?
Por aqui, 2022 deve ser um ano bem volátil.
Além da pandemia de COVID-19 e o avanço da Ômicron, que segue preocupando todos os setores da economia, 2022 é um ano de eleições presidenciais, que classicamente trazem um cenário mais incerto e volátil.
Isso porque além dos possíveis resultados dos votos, é esperado que o governo federal gaste.
Além disso, as pressões inflacionárias devem continuar durante o ano, juntamente à um crescimento aquém do esperado anteriormente. Por isso, é esperado que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumente ainda mais a Selic, a taxa básica de juros brasileira.
Para se ter uma ideia de como estão as projeções para o ano, acompanhe as análises do último Boletim Focus divulgado pelo BC na última segunda-feira (17):
- IPCA: 5,09%
- PIB: 0,29%
- Selic: 11,75% a.a.
- Dólar: R$ 5,60
Outros assuntos ainda preocupam o setor econômico para o ano, a começar pelo preço dos combustíveis. Atualmente, a gasolina que sai das refinarias da Petrobrás está custando R$ 3,24, um aumento de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior.
É esperado, porém, que novos aumentos aconteçam em um futuro próximo.
Primeiramente, o preço do petróleo, principal referência usada pela estatal, está em sua máxima dos últimos cinco anos. O petróleo brent, do Mar do Norte, ficou acima de US$ 80 por barril nesta última semana.
Os preços do petróleo no mercado internacional são pressionados pelos conflitos geopolíticos, mas também por conta de uma decisão recente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de não acelerar a oferta, mantendo o nível de produção apesar dos aumentos expressivos da demanda.
O governo estuda enviar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que alteraria o PIS/Cofins que incidem sobre os combustíveis, mas isso significaria uma perda de R$ 57 bilhões na arrecadação, ao mesmo passo que a PEC significaria reduções na casa de R$ 0,20 nas bombas dos postos.
É o ano da renda fixa?
Um ano marcado pela alta volatilidade, incertezas e juros altos acabam favorecendo modalidades de investimentos mais conservadoras, como as de renda fixa, especialmente se tratando daquelas atreladas à Selic e ao CDI.
Ao mesmo passo, os investimentos em renda variável acabam apresentando mais riscos.
Atualmente, a Selic está a 9,25% ao ano, mas especialistas indicam que ela pode chegar a 12% até o término de 2022.
Além de favorecer os investimentos atrelados aos juros, caso os planos do BC derem certo, a inflação deve dar uma folga no ano e terminar perto de 5%, segundo as últimas projeções do Focus.
Apesar do momento favorável da renda fixa, as vezes tudo é questão de aproveitar as grandes curvas de oportunidade no mercado mais volátil, especialmente se tratando de planejamentos a longo prazo.
De acordo com a XP Investimentos, três grandes fatores devem ser observados com atenção para o início de 2022:
- Primeiro, as crises na oferta e demanda na cadeia de suprimentos, que afetam o mundo inteiro, devem estabilizar;
- Desaquecimento econômico doméstico;
- Ancoragem das expectativas.
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