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Com a crise bancária, como o Fed deve ser comportar nesta quarta-feira?

4 Minutos de leitura

A próxima decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed dos Estados Unidos está marcada para acontecer nesta quarta-feira (22). 

Com uma inflação ainda longe da meta de 2%, somando 6% na taxa anual de fevereiro, a autoridade monetária já avisou ao mercado que as próximas decisões iriam ser de baixa popularidade no curto prazo, mas que contribuiriam para um equilíbrio no futuro. 

Desde o ano passado, a postura do Fed é de acompanhamento dos índices econômicos, como a própria inflação, PIB e dados do mercado de trabalho. A geração de emprego continua apertada, indicando que os ajustes ainda não provocaram o efeito desejado. 

O mercado, até uma semana e meia atrás, projetava um ajuste de 75 pontos-base, ou até mesmo manter o ritmo de 50 pontos-base ajustado na última reunião. 

Mas com o início da crise bancária e falência de três bancos nos Estados Unidos, a postura deve mudar. 

O que esperar da reunião de hoje? 

Antes de chegarmos em uma resposta, é importante compreender o momento que hoje é vivido pelo mercado global. Inflação alta, consequência de uma guerra no Leste europeu, alta nas taxas de juros nos países desenvolvidos e possível recessão. 

É um cenário bem diferente do encontrado nos anos que antecederam a pandemia de Covid. Até então, as taxas de juros eram baixíssimas, atraindo o mercado para opções de investimentos mais arriscados. 

Naquele momento, inúmeras startups conseguiram grandes aportes de instituições financeiras e de Ventures Capital. As moedas decentralizadas aplicadas em blockchain, as criptomoedas, também tiveram sua época de ouro. 

Com a puxada de freio na economia para tentar barrar o avanço inflacionário, porém as opções que assumem maiores riscos acabaram ficando pouco atrativas. Não á tota, o setor tech global vive hoje enfrenta imensas ondas de demissões. 

Na semana passada, presenciamos a segunda maior quebra de um banco norte-americano desde a crise de 2008. Trata-se da Silicon Valley Bank (SVB), conhecido como o banco das startups

O resumo da ópera foi o seguinte: como boa parte das instituições bancárias, a SVB possuía parte dos seus recursos de depositantes em opções de investimentos seguros e de uma certa rentabilidade. No caso do SVB, eram títulos de Tesouro dos Estados Unidos. 

O problema foi a falta de uma proteção caso os títulos fossem prejudicados por um eventual aumento das taxas de juros. Com a crise inflacionária do último ano, foi exatamente isso que aconteceu. 

Na segunda quarta (08) do mês, o banco anunciou que levantaria US$ 2,25 bilhões para tentar lidar com perdas em sua carteira de títulos do Tesouro dos EUA — cerca de US$ 1,8 bilhão — em um mercado prejudicado por juros altos.   

Em apenas um único dia, mais de US$ 42 bilhões em solicitações de resgates foram efeituados no SVB, com um mercado temendo que o banco não teria a liquidez necessária para cumprir seu dever com os depositantes. 

Para piorar a situação, a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), órgão regulatório norte-americano que decidiu o banco, garantia os depósitos com um limite de US$ 250 mil por depositante. O SVB possuía múltiplos clientes startups com valores de depósito muito acima da cobertura do FDCI. 

A crise de confiança fez com que inúmeros bancos locais despencassem no mercado de ações. 

Dificuldades de liquidez também foram problemas que atingiram o Signature Bank, focado em criptomoedas. Ele foi fechado no domingo (12) por reguladores de Nova Iorque.  

Um terceiro banco, o Silvergate Capital, também focado em criptomoedas, também colapsou na semana passada.  

Tudo isso fez com que o Fed tivesse que agir de maneira rápida para que a crise da SVB não alastrasse no sistema bancário. Com uma medida de emergência aprovada, o dinheiro dos depósitos está garantido para os clientes, inclusive para aqueles acima de US$ 250 mil. 

Na Suíça, o Credit Suisse, que passava por problemas desde a crise de 2008, foi vendido para o UBS para tentar estancar a sangria no setor.  

Os especialistas ainda acompanham de perto outro banco norte-americano, o First Republic Bank, que apesar de ter recebido injeção de US$ 30 bilhões de outras 11 instituições bancárias, pode não conseguir cumprir com as suas obrigações. 


Saiba mais

Ações do First Republic Bank despencam 39% com temores sobre liquidez


Decisão monetária em meio a tempestade 

Apesar de um risco baixo de contaminação no setor bancário global, o Fed deve reagir imediatamente à nova crise. 

A tarefa do FOMC não é fácil. Além das pressões inflacionárias, deve lidar com expectativas do mercado, que pode interpretar possíveis movimentações como um sinal de que as coisas não estão boas. 

Na mesma esteira, seguir com o ritmo de ajustes altos nas taxas de juros pode ir contra o objetivo de trazer uma estabilidade bancária. Para alguns economistas, a autoridade monetária deveria pausar os ajustes nessa reunião de março. 

De acordo com a plataforma FedWatch Tool, do CME Group, que monitora o sentimento do mercado em relação aos próximos ajustes nas taxas, a maioria (83,4%) acredita que o Fed fará um ajuste de 25 pontos-base nesta quarta (22), elevando para o intervalo variável entre 4,75% e 5%. 

16,6%, porém, acreditam que o ritmo deve ser pausado. Classificado por alguns como a melhor escolha para estancar a sangria bancária, e projetado inclusive pelo Goldman Sachs como a provável decisão de hoje, o movimento pode não ser considerado pelo Fed por conta do risco inflacionário. 


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Juan Tasso - Smart Money

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