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Guerra na Ucrânia: como as sanções contra a Rússia visam isolar o Putin do resto do mundo

5 Minutos de leitura

A invasão em massa promovida pela Rússia na Ucrânia segue preocupando o mercado internacional nesta semana. As forças militares russas avançam pelas regiões sulistas do país, envolvendo cidades como Odessa e Mariupol. Ontem (02), o exército de Putin tomou a cidade de Kherson. 

A situação também está tensa na capital Kiev, com bombardeios acontecendo nos subúrbios da cidade. Para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a Rússia de Vladimir Putin “quer acabar com nosso país e nossa história”. 

Segundo ele, mais de 9 mil soldados russos já morreram em territórios ucranianos. Segundo a ONU, a guerra já provocou a saída de mais de 1 milhão de pessoas do país, que buscam refúgio nos países vizinhos. 

As reações das potências mundiais são diversas, mas não militares. Os Estados Unidos disseram não terem intenção de enviar tropas para a Ucrânia, e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) apenas enviará ajuda militar para países aliados no leste europeu. 

Mesmo assim, além das ajudas humanitárias, os países estão colocando em prática extensos planos de sanções econômicas contra o governo de Putin e diversas companhias ligadas ao governo de Moscou. Para muitos, porém, a Rússia é quase “blindada” pelas extensas reservas. 

Afinal, como as sanções visam atingir a economia da Rússia? 

European Commission President Ursula von der Leyen and President Joe Biden speak before participating in the United States-European Union Summit at the European Council in Brussels, Tuesday, June 15, 2021. (AP Photo/Patrick Semansky)

Extensa linha de sanções e boicotes 

Os Estados Unidos foram um dos primeiros a anunciarem um pacote de sanções que visam isolar a economia russa do resto do planeta. Entre as sanções anunciadas pelo presidente Joe Biden estão: 

  • Parar a capacidade de crescimento do exército militar da Rússia;  
  • Limitar a capacidade de Rússia de realizar investimentos em Dólar, Euro, Libra e Yen;  
  • Dificultar a capacidade da Rússia de competir na economia tecnológica do século 21;  
  • Sanções em bancos russos que possuem US$ 1 trilhão em fundos. 

“Isso vai causar severos prejuízos na economia russa, ambos efeitos imediatos e de longo prazo. Nós propositalmente montamos essas sanções para maximizar os impactos de longo prazo na Rússia e minimizar o impacto nos Estados Unidos e aliados”, disse ele no anúncio do pacote de retaliações. 

Mais recentemente, a Casa Branca anunciou mais um pacote que visa impactar o setor energético da Rússia, como boicotes para a exportação para a Belarus, minando a capacidade do país e se juntar à Rússia na invasão na Ucrânia. 

No caso da União Europeia (EU), a Comissão baniu sete grandes bancos russos do SWIFT, sistema de pagamentos global que conecta as grandes instituições financeiras globais. É uma das posições mais severas desde o início da invasão, pois o SWIFT abriga mais de 11 mil instituições financeiras. 

Para tentar evitar que a Rússia consiga se “blindar” dessas sanções, os países se juntaram para evitar que o Banco Central do país use suas enormes reservas no exterior, que somam US$ 630 bilhões no total. Destes, porém, apenas 6,8% estão em Dólar, sendo que grande parte está sendo guardada em Euro. 

Até a Suíça, que costuma ser mais neutra em conflitos geopolíticos, anunciou que congelará assets de importantes indivíduos ligados ao governo de Putin. No Reino Unido, as sanções também devem ter como alvos os oligarcas ligados ao governo de Moscou. 

Além dos governos, diversas empresas e instituições promoveram boicotes ao país. A UEFA, por exemplo, removeu a realização da final da Champions League da Rússia, e agora o fim da competição acontecerá na França. 

A Apple suspendeu a venda de produtos para os consumidores russos, além de boicotarem o uso do sistema de pagamentos Apple Pay. A mesma coisa foi anunciada pela Google com seu sistema de pagamentos Google Pay. 

Até o cinema deve ser prejudicado. A Disney disse no dia 28 de fevereiro que não deve realizar a estreia de diversos filmes planejados para o ano, incluindo animações da Pixar. A Warner e Sony também não pretendem fazer a estreia de grandes filmes do ano na Rússia. 

A Exxon, multinacional petrolífera, suspenderá toda a sua linha de investimentos no país russo, e disseram também que não pretendem injetar mais dinheiro no país. 


Saiba mais

Gazprom, Rosneft e outras 25 estão banidas da Bolsa do Reino Unido enquanto o mercado segue em queda acompanhado a guerra nesta quinta (03) 


Russian Rubles. Imagem: Shutterstock

Qual é a intenção? 

A ideia é enfraquecer a economia da Rússia em um curto prazo, podendo forçar uma possível negociação do governo de Moscou com o governo de Kiev. Em um longo prazo, porém, caso as sanções não cessem, a moeda e economia russa podem caminhar para um péssimo caminho. 

Desde o início do ano, a moeda russa perdeu 30% do seu valor em relação ao Dólar, situação que pode piorar ainda mais nos próximos meses. 

O boicote do acesso da Rússia à suas reservas em outras moedas devem pressionar ainda mais o Rublo, pois dificulta a entrada de dinheiro no país, especialmente considerando o banimento do SWIFT. Em um pior cenário para Moscou, o Banco Central pode quebrar. 

As consequências econômicas poder ser sentidas, eventualmente, na própria população do país, principalmente considerando possíveis danos no PIB, que inevitavelmente será sentido na geração de emprego. 

Existem também as consequências de acesso da população para serviços e produtos que agora não funcionarão do país. É o exemplo da Google Pay e Apple Pay. O YouTube, da Google, bloqueou o acesso de grandes agências de notícias russas, como o Russia Today (RT) e Sputinik. 

Nas redes sociais, como Twitter e Facebook, anúncios pagos pelo governo da Rússia foram proibidos. 

As sanções devem atingir outros países 

As sanções aplicadas contra a Rússia são, em termos simples, devastadoras para a economia do país, mas ainda há muito que esperar a respeito de possíveis consequências e retaliações. 

Uma das maiores preocupações da Europa é que 60% de todo o abastecimento energético do continente vem da Rússia. No caso do gás natural, que já encareceu do ano passado para cá, cerca de 38% das exportações russas passam pela Ucrânia. 

É incerto dizer se a Rússia cessará, ou cortará parcialmente, o abastecimento de gás na Europa, que ainda está com uma economia fragilizada após a pandemia de COVID-19. Embora a maioria dos especialistas concordem que o fornecimento não deve ir à zero, o continente europeu corre o risco de entrar em recessão no futuro. 

Segundo o Banco Central Europeu (BCE), caso exista um corte de 10% no suprimento de gás natural, por exemplo, o impacto deve ser de 1% no PIB do continente. 

Imagem: Reuters

Juan Tasso - Smart Money

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