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Reabertura econômica na China: o que vai acontecer com a inflação?

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Na última semana de janeiro, ainda durante o World Economic Forum, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE) e uma das autoridades mais importantes europeias, emitiu um alerta preocupante: vem mais inflação por aí. 

Na ocasião, ela se referia à recente reabertura econômica da China, movimento que, segundo ela, trará ainda mais pressões inflacionárias para o continente europeu: 

“Nós teremos pressões inflacionárias simplesmente porque o nível energético consumido pela china no ano passado foi menor do que provavelmente será neste ano”, afirmou em um painel. “A quantidade de gás natural liquefeito que eles comprarão do restante do mundo será maior, enquanto a capacidade em termos de óleo e gás é limitada”. 

Hoje, a inflação na Zona do Euro ainda está bem acima da meta de 2% estipulada pela autoridade monetária. 8,5% na taxa anual, de acordo com dados preliminares de janeiro. 

No Reino Unido, amplamente prejudicado pela alta no custo de vida, a inflação encerrou 2022 em 10,5%. Por lá, o governo ainda enfrenta os resquícios de uma crise fiscal gerada pela ex-primeira ministra britânica Liz Truss. 

Com uma guerra na Ucrânia longe de acabar e custos energéticos altos, apesar das quedas nos últimos meses, sinalizações de que a inflação passará por uma nova pressão preocupa o mercado. Para o cidadão comum, isso poderá ser sentido até nas compras de supermercado. 

O fim da ‘Covid Zero’ 

A reabertura comercial da China tem um nome e sobrenome: Covid Zero. 

A polêmica política que visava levar a zero o número de casos de COVID-19 foi a grande protagonista da China durante o ano de 2022. Durante semanas, grandes metrópoles comerciais, como Shenzen e Xangai, entraram sob lockdown forçado, exames em massa e suspensão dos trabalhos. 

Por ser a segunda maior economia do mundo, o fechamento de enormes centros comerciais gerou danos na economia global, em especial na cadeia global de distribuição. 

Sendo uma grande compradora, a redução repentina da demanda também prejudicou o comércio durante vários meses. 

Apesar de uma política rígida comparada com a grande maioria dos países, a população chinesa parecia conformada e, segundo o governo chinês, apoiando as medidas aplicadas pelo sistema de saúde do país. 

Tudo mudou, porém, em novembro de 2022, quando um incêndio atingiu um prédio em Urumqi, capital de Xinjiang, matando 10 pessoas. Na época, as rígidas políticas de confinamento foram consideradas responsáveis por manifestantes pela demora na resposta dos bombeiros. 

Com os protestos intensificando em grandes metrópoles, o governo de Xi Jinping anunciou o fim gradual das políticas de Covid Zero, iniciando o processo de reabertura econômica do país. 


Saiba mais

Setor de serviços encerra 2022 com alta de 8,3%


Expansão econômica e inflação 

Por um lado, a retomada da remanda da China fará bem para a expansão econômica dos países. No Brasil, por exemplo, o dragão vermelho é o nosso principal parceiro comercial. 

Para se ter ideia da importância da China para o comércio brasileiro, a balança comercial brasileira ficou com um saldo superior em US$ 400 milhões em 2022 em relação a 2021 graças a um aumento na demanda chinesa em dezembro, principalmente considerando o setor da agropecuária. 

Na comparação de dezembro de 2021 para o mesmo período em 2022, as vendas para a China subiram de US$ 724 milhões para US$ 1,8 bilhões. 

Além de commodities, a reabertura econômica é também um convite para o turismo, não só de famílias que visitarão a China, mas dos milhões de chineses que agora vão poder viajar. A classe média chinesa, afinal, tem 400 milhões de pessoas, bem mais que toda a população brasileira. 

Por outro lado, a recuperação na demanda significará mais pressões nos preços. Até o fim de janeiro, por exemplo, cobre, zinco e alumínio subiram acima de 10% em um mês, acompanhando a alta de 30% do estanho. 

Alimentos, como o trigo, prejudicado pela guerra no leste europeu, seguem muito acima dos patamares de 2020. O mundo passa por uma verdadeira crise alimentícia desde a invasão da Rússia. 

Na Europa, a grande preocupação é em relação ao gás natural, principal vilão da inflação europeia em 2022. Hoje, de acordo com dados do TTF holandês, o megawatt-hora está custando € 54, o dobro do registrado no meio de 2021, mas bem menor que os € 330 por megawatt-hora registrados nas primeiras semanas da guerra na Ucrânia. 

Caso a China provoque um distúrbio no mercado de gás natural com a retomada da demanda, a montagem de estoques para o próximo inverno pode ser ainda mais desafiadora para os países europeus. 

A retomada da demanda também deve afetar os custos do petróleo. De acordo com o Goldman Sachs, é esperado que a China consuma 16 milhões de barris por dia no quarto trimestre de 2023, um aumento de 400 mil barris em relação as perspectivas anteriores. 

Momento de cautela 

Alguns economistas defendem que o efeito da reabertura econômica da China será positivo para o crescimento dos países e trará algum tipo de pressão nos preços conforme o ano avança. 

Apesar dos receios quanto a inflação, principalmente em relação a Europa, as pressões podem não ser tão significantes como parecem. A China, afinal, aplicou as políticas durante pelo menos dois anos, e os padrões de consumo podem ter mudado durante esse período. 

Por lá, as expectativas apontam para um crescimento acima de 4% em 2023, acima dos 3% de 2022, contribuindo de forma positiva para a expansão econômica global. 

No Brasil, isso poderá ser sentido nas exportações de minério, já que o setor imobiliário chinês voltará com tudo, e nos produtos alimentícios. 

De qualquer maneira, caso as pressões inflacionárias aumentem nos países desenvolvidos, é esperado que as políticas monetárias mantenham as curvas de juros altas por mais tempo. 


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Juan Tasso - Smart Money

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