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É o momento do Crédito Privado?

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Como sabemos, o nosso país se trata de um mercado emergente, uma economia periférica que apresenta um nível de desenvolvimento social mediano, mas que dispõe de um grande potencial econômico. Mas, há de se salientar que, o Brasil é um dos maiores mercados emergentes de renda fixa corporativa (ou seja, de crédito privado) em termos de tamanho e potencial de crescimento, o que significa que as empresas ainda têm muito espaço ao emitir seus títulos de dívida, visto que, os investidores têm tido, cada vez mais, apetite (atratividade) por esse tipo de ativo.

Alguns dos motivos que levaram a um intenso fluxo de investidores nos últimos tempos para esse tipo de ativo tem relação com a maior disponibilidade de ofertas primárias, devido a uma necessidade de financiamento por parte das empresas, combinado com o ciclo de alta da Selic (taxa básica de juros brasileira). Quando comparamos um título privado (CRI, CRA, Debênture, FIDC) com um bancário (LCI, LCA, CDB) ou com um título soberano (NTN-B, LTN, LFT) encontramos, em geral, taxas mais atraentes, boa profundidade (volume disponível), certa liquidez no mercado secundário, com risco razoavelmente baixo.

Afinal, o que é o Crédito Privado? São instrumentos de dívida privada de renda fixa que são emitidos por empresas consideradas não financeiras e que tem como objetivo captar recursos através do mercado de capitais para financiar suas operações, realizar investimentos em algum projeto (CAPEX) ou adquirir insumos de modo específico (gado, etanol, etc), também podendo servir como capital de giro ou para reperfilamento (rolagem) de dívida.     

Mas e como funciona? Ao investir em um destes títulos privados, o investidor empresta dinheiro à empresa em troca de uma remuneração previamente acordada, podendo assumir maneira de remuneração prefixada, pós-fixada ou atrelada à inflação (IPCA).

Quais tipos de investimentos existem e quais são suas principais características? Em geral, temos quatro principais tipos, sendo Debênture, CRI, CRA e FIDC, abaixo segue brevemente uma explicação sobre cada um dos tipos.

  • Debênture: é um título emitido pela própria empresa, funcionando como um empréstimo feito na qual a devedora é a companhia emissora e os credores são os investidores, os quais recebem à título de remuneração juros (os quais podem ser mensais, trimestrais, semestrais ou anuais) e amortização (devolução do valor investido corrigido pelo fator tempo e pelos indexadores, a título de exemplo, pela inflação do período). As debêntures podem ser incentivadas ou não incentivadas, sendo que as principais diferenças são que a primeira oferece isenção dos impostos sobre os ganhos adquiridos para pessoa física e está geralmente vinculada a projetos de infraestrutura (energia elétrica, saneamento, concessão metroviária, ferroviária, entre outros);
  • CRA (Certificado de Recebimento do Agronegócio): É um título isento de imposto para pessoa física, emitido por uma securitizadora (não pode ser emitido pela empresa), os quais são relacionados com recebíveis (direitos creditórios da atividade agropecuária gerados por produtores agrícolas, cooperativas), tendo como finalidade “vender” esses valores que tem a receber no futuro para se beneficiar de uma antecipação de recebíveis (de recursos) no presente;
  • CRI (Certificado de Recebimento Imobiliário): Apresenta as mesmas características expostas acima, entretanto, tem como finalidade a obtenção de uma antecipação de recebíveis direitos creditórios) gerados a partir da atividade imobiliária;
  • FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios): Podem apresentar o benefício da isenção para pessoa física, mas não é uma regra como ocorre com os produtos acima, e os direitos creditórios que compõem o portfólio desses fundos são originados dos créditos que a própria empresa tem a receber (valores a receber, cheques, entre outros direitos). A dinâmica deste tipo de investimento funciona desta maneira, suponhamos que a empresa venda produtos a prazo através de cartão de crédito e esses direitos (as parcelas a serem pagas pelo consumidor) podem ser vendidos para um FIDC na forma de direitos creditórios, permitindo à empresa antecipar o seu fluxo de recebimento, em troca de uma taxa de desconto (visto que ocorre uma antecipação) que, por outro lado, remunera os investidores do fundo. Basicamente créditos originados de transações dos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de prestação de serviço, entre outros, podem se tornar ativos de um FIDC.   

  É realmente o momento do crédito privado? Entendemos que é o momento e que este irá perdurar por um bom tempo, visto que, as taxas de juros estão voltando aos patamares considerados normais dadas às condições de mercado brasileiras (risco país embutido), onde os títulos de crédito privado, principalmente os atrelados à inflação (ativos IPCA+) tem entregado rentabilidades bem atraentes aos seus investidores, bem acima dos pares, os quais garantem um juro real (parte prefixada dada) e não somente a correção da inflação ao investidor.

Mas como escolher os ativos de crédito privado? Aqui é importante reforçar a importância de se realizar uma alocação adequada, visando a não concentração de riscos em apenas um setor (indústria alimentícia ou saúde, por exemplo). Para minimizar os riscos associados ao crédito privado (liquidez, mercado), é necessário que se pense em uma carteira com diversificação em termos de setor (energia elétrica, por exemplo) e sub-setor (empresas de geração de energia, por exemplo), prazos (adquirir ativos com diferentes vencimentos), indexadores (prefixado, pós-fixado e atrelado à inflação) e tipos dos ativos (CRIs, CRAs, debêntures). Lembrando que muitos ativos contam com rating, ou seja, são avaliados por agências especializadas em risco, as quais atribuem uma nota à qualidade de crédito do emissor e que muitos contam com garantias, também uma maneira de proteger o investidor.

Lembrando que para uma alocação adequada o assessor de investimentos pode ser consultado de modo que se possa sanar dúvidas associadas ao produto, mercado de crédito privado, entre outros, com a finalidade de obtenção de melhor rentabilidade na carteira, com um pequeno acréscimo de risco. 

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