Descomplica

O aumento dos juros nos EUA impactam meus investimentos no Brasil?

3 Minutos de leitura

Na última semana, tivemos o aumento da taxa básica de juros aqui no Brasil, a SELIC, em 1,50 p. p., voltando aos dois dígitos e chegando ao patamar de 10,75% ao ano, taxa que não tínhamos desde 2017. Essa alta já estava precificada pelo mercado nas últimas semanas e não houve surpresa em relação ao aumento, o que fica em dúvida é até onde podemos chegar com os juros aqui no nosso país. A próxima reunião do COPOM, que define a taxa de juros, será em março e teremos um novo aumento, possivelmente acima de 0,75%, chegando nos 11,50% ou até acima disso.

Desde 2008, na crise financeira mundial, houve uma queda contínua nas taxas da maioria dos países, principalmente os mais desenvolvidos, com políticas monetárias influenciando o avanço econômico e a segurança dos mercados, tendo em diversas regiões juros negativos ao redor do mundo por muitos anos, levando ao questionamento de até que momento essas ações movidas pelos bancos centrais seriam eficientes e saudáveis em um olhar financeiro e econômico futuro. O que sabemos é que a economia é movida por ciclos, e neste momento, impactado por diversos fatores, principalmente inflação e acontecimentos oriundos da pandemia, teremos uma alta de juros em todo o mundo. Novo ciclo, velhos problemas.

O passado escreve o futuro?

A história não é a mesma, porém com similaridades. Em meados de 1980 o FED (Banco Central Americano) fez um aumento muito significativo nas taxas de juros dos EUA em um momento crítico da economia mundial, passando dos 21% a.a. de taxa básica no país. Naquele momento o preço do petróleo tinha mais que quadruplicado de valores por conflitos no Irã, passando de $ 15 para $ 60 por barril, o termo estagflação, muito debatido hoje, onde consiste em baixo crescimento e alta inflação era comum nos jornais e assuntos econômicos, além de observar a alta da moeda americana em relação a outros países, algo bastante visível. Tudo isso sem contar a moratória do México em 1982, onde os olhares para toda américa latina ficaram mais evidentes devido ao risco pelo momento sensível de toda região. Na época o presidente do FED era Paul Volcker, que foi um dos mais criticados naquele momento, mas que salvaria o país do último período de grande inflação dos americanos, mas que causaria uma dívida sem fim aos outros países com passivos dolarizadas, nascendo naquele momento o termo conhecido por todos sobre a américa latina nos anos 80, a chamada Década perdida. 

Muita inflação, baixo crescimento e desemprego. Alguma coincidência sobre o momento que vivemos hoje? Creio que sim, em doses menores, mas o remédio pode não ser o mesmo, mas o cuidado deve ser o maior possível.

Todos os pontos acima fazem com que qualquer investidor tente proteger seus recursos com investimentos menos arriscados ou em locais com mais segurança, e assim, com a alta de taxa de juros nos EUA, levem as aplicações financeiras para locais atrativos e sem tantos riscos, retirando dólares do Brasil, por exemplo, e levando para os EUA. O impacto disso é uma desvalorização da moeda local caso o Banco Central não aumente as taxas de juros a um ponto que seja atrativo deixar o dinheiro por aqui, impactando diretamente nas contas públicas e na vida do brasileiro, que paga mais caro pelo crédito.

Alta de juro é um remédio para o freio da inflação, talvez amargo, onde breca o desenvolvimento econômico pelo alto custo que se dá ao mercado e pelo aumento da dívida pública, aumentando a cada ano que passa. Até que ponto a taxa de juros impacta de fato a inflação no nosso país? Não seriam movimentos externos que estariam estressando estes indicadores mais que a própria Selic? 

O que sabemos que irá acontecer é um aumento de juros em todo o mundo e precisamos estar atentos a este novo ciclo, entendendo dos riscos e buscando oportunidades para que consigamos encontrar alternativas de valorizar nossos recursos com mais calma, olhando para não termos ansiedade de mudarmos de posição quando algo incerto acontecer no mercado. As melhores oportunidades aparecem nestes momentos, juros altos, eleições, mudanças econômicas, e saber trabalhar com calma nos levará a administrar melhor nossos recursos. O que não queremos é ter de novo uma década perdida, mas sim, uma década ganha. Se não for falando do nosso país ou região, que seja dos nossos investimentos.

Descomplica

Postagens relacionadas
ArtigosCuriosidadesDescomplicaEducação Financeira

4 erros de investir na previdência em dezembro

2 Minutos de leitura
Maravilha, tudo bem? Possivelmente você já saiba que a previdência privada do tipo PGBL é o único investimento que oferece um benefício…
DescomplicaEducação Financeira

Não consegui finalizar a declaração! O que fazer?

1 Minutos de leitura
O nosso colunista Rondinelli Borges, Auditor Fiscal da Receita Estadual, pós-graduado em Direito Tributário e em Finanças e Investimentos, gravou um treinamento…
DescomplicaEducação Financeira

Posso declarar CURSOS como despesas com educação?

1 Minutos de leitura
O nosso colunista Rondinelli Borges, Auditor Fiscal da Receita Estadual, pós-graduado em Direito Tributário e em Finanças e Investimentos, gravou um treinamento…