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Swap: entenda como funciona essa estratégia para potencializar ganhos ou proteger sua carteira

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Afinal, o que é Swap? Swap é um derivativo que permite uma troca de fluxos de caixa. No swap obrigatoriamente temos uma ponta ativa (o indexador que o cliente quer receber) e uma ponta passiva (o indexador que o cliente quer pagar). Ou seja, é um instrumento que pode ser utilizado para várias estratégias, incluindo as seguintes:

  • Para proteção ou diversificação – Estratégia para proteger parte da exposição da carteira, reduzindo o risco de mercado. Exemplo de utilização: Caso o cliente esteja super alocado em ativos IPCA+ é possível a realização de swap (troca para uma taxa prefixada ou em %CDI) para fins de diversificação ou rebalanceamento dos percentuais da carteira de renda fixa (pré, pós e atrelado à inflação).
  • Especulação – Estratégia que visa ganhar com a abertura ou fechamento das curvas de juros. Exemplo de utilização: Aqui temos duas possibilidades. Caso o cliente acredite que as taxas de juros futuras irão cair, que vai ocorrer queda do risco país e/ou que há muito prêmio num dado vencimento da curva (exemplo: vencimento 2029) e, portanto, deseja aproveitar essa ‘assimetria’ na precificação das curvas de juros, uma possibilidade seria montar uma estratégia de Fechamento de curva, na qual temos como ponta ativa: Taxa prefixada e ponta passiva: Taxa em %CDI. Já, para clientes que tenham posicionamento contrário no qual acreditam que haverá cenário de muita volatilidade devido ao ano eleitoral e internacional, aumento do risco país, inflação não totalmente controlada e aumento de juros para tentar conter avanços inflacionários, uma possibilidade interessante seria montar uma estratégia de swap de Abertura de curva na qual temos na ponta ativa: Taxa em %CDI e ponta passiva: Taxa prefixada.
  • Para trocar uma rentabilidade – Uso do swap para trocar a rentabilidade de ativos novos ou já existentes em carteira. Exemplo de utilização: Cliente comprou um ativo de crédito privado não isento (o qual, em geral oferece prêmio nominal superior aos que ativos isentos) atrelado ao IPCA e deseja aproveitar a equivalência de taxas do swap para trocar para uma taxa prefixada, devido à elevada taxa prefixada nesta troca. Há que fazer uma consideração aqui, visto que, a equivalência de taxas do swap é realizada mediante a taxa do cliente não sendo realizado gross-down (cálculo realizado para verificar quanto deveria ser a taxa do papel caso este fosse isento de IRPF).

Atualmente temos dois tipos de swap, explicando:

  • Swap a Seco (Swap BMF): É um swap onde não há um ativo-objeto. O cliente define a sua ponta passiva na hora de contratar o swap. Não há necessidade de aporte de capital, apenas colocação de ativos em garantia da operação. Exemplo: Cliente deseja fazer um swap de taxa de juros apostando na alta de juros para um dado vencimento, desta maneira a operação terá como ponta ativa: notional (valor da operação) rentabilizando conforme performance do %CDI e ponta passiva: taxa Pré. Neste caso, cerca de 40% do valor da operação deve ser coberto por garantias (ações, títulos públicos federais e alguns CDBs são aceitos, consultar regras da B3).
  • Swap com Fluxo/ Casado (Swap Cetip): Há um ativo-objeto utilizado como garantia da operação. Exemplo: Cliente tem uma letra financeira (LF) atrelada à inflação e deseja trocar para uma taxa Pré, deste modo, podemos trocar a rentabilidade deste ativo utilizando a própria LF como garantia da operação.

Como é realizado o cálculo do resultado (ganho ou perda) do swap?

Para obtenção do valor atual da operação a conta é a seguinte: Valor presente RECEBIDO (ou seja, a rentabilidade da ponta ativa da operação) – valor presente PAGO (ou seja, a rentabilidade da ponta passiva da operação) = Lucro ou Prejuízo da operação num dado momento. Lembrando que o swap não precisa ser levado ao vencimento, podendo a operação ser encerrada antecipadamente (tanto em cenário de prejuízo quanto de ganho). O encerramento da operação se dá através de marcação (taxa) à mercado.

Mas como ocorrem os ganhos/prejuízo no swap?

  • Em caso de Swap a Seco: Cliente ganha quando a estratégia montada estiver a favor das movimentações do mercado. Exemplo: Cliente fez uma operação de Fechamento de curva de juros e a curva de fato fechou/reduziu seus níveis de taxa para um dado vencimento.
  • Em caso de Swap com Fluxo/Casado: Cliente ganha quando a estratégia montada estiver a favor das movimentações do mercado. Além disso, continua recebendo cupons/juros em caso de swap de ativos de crédito privado, por exemplo: Consideramos que o cliente tem uma CRA com rentabilidade em IPCA+, no dia do pagamento do cupom o cliente receberá: pagamento do cupom/juros do CRA (rentabilidade atrelada ao IPCA+) + (rentabilidade da ponta ativa – rentabilidade da ponta passiva).

Quanto a margens de garantia da operação, como funciona? Em geral, são aceitas Ações, Títulos Públicos e Emissões Bancárias (a depender da disponibilidade do emissor) como garantia da operação. É necessário alocação de cerca de 40% do valor do notional (valor da operação) em garantia.

Com relação a liquidez da operação de swap, devo me preocupar? Absolutamente não, uma vez que a contraparte do contrato de swap geralmente são as Tesourarias (atuam como Market Maker), sendo o instrumento bem líquido, podendo ser encerrado a qualquer momento.

Quais são os termos, suitability necessário e valor mínimo para realizar um swap? É necessário que o cliente possua Suitability Agressivo e Termo de Operação Swap assinado. Para operações de Swap a seco: PF e PJ conseguem realizar a operação respeitando o valor mínimo de R$ 100.000,00 e Swap casado: para PF o valor mínimo é de R$ 50.000,00 e para PJ, o valor mínimo sobe para R$ 1.000.000,00. Lembrando que não precisamos aportar esse valor, apenas colocar como garantia.

Desta maneira, podemos afirmar os seguintes pontos como vantagens/benefícios no swap:

  • O swap é um derivativo denominado “Built-to-suit”, ou seja, é um tipo de operação feito “sob medida” para o cliente em termos de valor da operação (considerando o valor mínimo exigido para cada tipo de swap e tipo de pessoa), data de vencimento e indexador que o cliente deseja manter a ponta ativa e passiva.
  • Possibilidade de atuação como instrumento de hedge (proteção), especulação (“aposta”) e diversificação/rebalanceamento de indexador na carteira.
  • Não há ajustes diários (como no Mercado Futuro).
  • Não há necessidade de pagamento de Darf, uma vez que ocorre recolhimento na fonte em caso de lucro.
  • Em caso de encerramento com prejuízo há a necessidade de pagamento do valor, podendo o prejuízo ser compensado com outra operação de swap de mesma natureza (BMF com BMF e Cetip com Cetip), não podendo ser compensado com operações de renda variável.

Por fim, ressaltamos que, sendo o swap um derivativo, este não possui limite de ganhos ou perdas, ficando o resultado da operação sujeito às condições firmadas no momento do contrato e movimentações atuais do mercado. Há que se lembrar que, portanto, a operação permite alavancagem (garantia apenas 40% do valor da operação), potencializando ganhos ou prejuízos e, portanto, recomenda-se uma consulta do seu assessor de investimentos para montagem da estrutura e para entendimento das características da operação.

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