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Entenda como funciona a Selic e como ela influencia diretamente na sua vida

6 Minutos de leitura

A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Sendo usada como instrumento de controle da inflação, a taxa é definida após as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a cada 45 dias.

O impacto da alteração, ou manutenção, da taxa Selic nos investimentos é inquestionável, pois é uma ferramenta fundamental que o BC possui para estimular ou desestimular a economia. Ela influencia nos LCI’s, LCA’s, poupança e CDB’s, além de afetar os ativos pré-fixados.

O que talvez você não saiba é que a variação da taxa Selic influencia indiretamente o bolso de todos brasileiros. Influencia inclusive nos juros que cada cidadão paga nos bancos, e na inflação, podendo ser refletido nas prateleiras de supermercado.

Embora boa parte das pessoas saibam que a taxa é importante para a manutenção da economia brasileira, às vezes pode ser difícil compreender o grande impacto que a Selic possui no dia-a-dia.

Pois então, como funciona a Selic?

Mercado de títulos

A Selic nada mais é que o Sistema Especial de Liquidação e Custódia. O nome complicado significa, em termos básicos, o sistema virtual em que os títulos do Tesouro Nacional são negociados diariamente entre as instituições financeiras. A Selic é a média dos juros praticados nas transações.

A emissão de títulos é uma das várias ferramentas de arrecadação do governo federal, que no futuro podem ser convertidas em investimentos em educação e saúde, por exemplo. Embora todos possam investir no Tesouro Selic, assim como nos prefixados e Tesouro IPCA, os bancos são as instituições que mais compram esse tipo de título. Os bancos também precisam ter uma certa porcentagem definida de seus depósitos em contas no BC.

O sistema do BC define essa porcentagem mínima para evitar excesso de dinheiro em circulação e descontrolando a inflação. Porém, por conta do volume de transações diárias em bancos, de saques e depósitos, é comum que eles terminem o dia abaixo, ou acima, do exigido pelo governo federal.

Assim, todos os bancos realizam empréstimos over (overnight), de curtíssimo prazo, de outros bancos que ficaram acima da meta definida pelo BC. Os bancos geralmente usam garantias de pagamento, e, neste caso, os títulos são utilizados, além dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI).

É importante deixar claro que a porcentagem dita em noticiário, de por exemplo 2% da taxa Selic, não é exatamente o valor praticado nesses empréstimos over entre bancos. Neste caso, a Selic over oscila em valores um pouco menores que a Selic meta.

Como a taxa Selic é definida?

A cada 45 dias, a meta da taxa Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O Copom não impõe uma taxa fixa, e sim estipula uma meta. Para que a meta possa ser alcançada, o Banco Central compra e vende uma certa quantidade de títulos até que a porcentagem da meta seja alcançada.

De forma direta, a taxa Selic é uma ferramenta importantíssima de controle da inflação. É comum associar a diminuição dessa taxa como uma ferramenta crucial para o crescimento econômico, por atrair mais investidores. Porém, as coisas não são tão simples assim.

A influência da Selic na inflação funciona da seguinte maneira: ao aumentar a taxa Selic, a atividade financeira do país diminui, pois a taxa de juros está alta, forçando o comércio a diminuir os preços para atrair consumidores. Sendo assim, o aumento é utilizado para frear a inflação.

Uma Selic alta também pode significar mais demissões em empresas, diminuição de consumo e pouco interesse de investidores no país.

Na direção oposta, a redução da taxa Selic fomenta a atividade econômica do país, pois os juros estão baixos. Um fomento da atividade econômica não necessariamente significa uma coisa positiva, pois depende que a população tenha o poder de compra que acompanhe o aumento dos preços. Quando não é o caso, a economia fica comprometida.

Se a taxa parece difícil de se definir, é porque é. A tarefa do Comitê de Política Monetária (Copom) é conseguir equilibrar a economia brasileira com a inflação, especialmente após um ano marcado pela pandemia de COVID-19.

Fonte: Banco Central

Atualmente, a meta da Taxa Selic está sendo mantida a 2% desde agosto do ano passado. Porém, tudo indica que ela vai começar a subir a partir da próxima reunião do Copom.

Segundo o Boletim Focus do BC de 08/03, que conta com a contribuição de mais de 140 instituições financeiras, a Selic deve terminar o ano em 4%.


Saiba mais

Quando a Selic deve aumentar?


O que tudo isso tem a ver comigo?

Se você é investidor, a resposta é óbvia: a variação da taxa Selic é importantíssima a ser acompanhada, e influencia diretamente nos seus lucros.

De forma direta, a taxa Selic nos seus investimentos indexados no tesouro Selic, prefixados e IPCA.

Os Certificado de Depósito Interbancário (CDI) também são diretamente influenciados pela meta Selic. CDI’s nada mais são que títulos bancários, usados apenas por bancos em empréstimos over de curto prazo. 

Como os CDI’s giram de acordo com a taxa de juros vigente, eles acompanham a meta Selic.

A poupança, uma das formas mais comuns de se obter renda, também é diretamente influenciada pela Selic. Segundo as diretrizes do governo, toda vez que a taxa Selic estiver a menos de 8% ao ano, a poupança terá um rendimento de 70% da taxa básica deste ano.

Ela também leva em consideração a Taxa Referencial (TR), que está zerada desde 2017.

É por isso que, atualmente, os rendimentos da poupança estão prejudicados. Com um rendimento de 1,4% ao ano, ela está abaixo da inflação acumulada de 4,52% de 2020. Portanto, no ano passado, a caderneta da poupança rendeu negativos -2,30%.

Outros índices de renda fixa, como Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), também são diretamente afetados pela variação da taxa básica.

Por conta de sua taxa de rentabilidade ser diretamente atrelada aos CDI’s, que por sua vez estão ligados à taxa básica de juros, esses tipos de investimentos podem variar de acordo com a taxa Selic. É um efeito dominó.

Todos os investimentos de renda fixa indexados no IPCA também são influenciados, pois a  Selic é uma das ferramentas mais importantes do Banco Central para estimular a variação da inflação. Em teoria, um aumento da Selic diminui o IPCA, diminuindo o retorno de seus investimentos dessa categoria.

Influências indiretas

Os investimentos de renda variável, como os fundos imobiliários (FII’s), sofrem uma influência indireta da variação da meta Selic.

Como a economia brasileira gira em torno de empresas, investimentos, oferta e demanda e afins, seus lucros em índices de renda variável são diretamente afetados pelo apetite de investidores no mercado. No caso de um aumento da taxa básica de juros, pode acontecer deste apetite diminuir, reduzindo seus lucros.

Se você, investidor, tem dinheiro aplicado em fundos imobiliários, você torce para que a economia brasileira esteja aquecida, e que isso melhore a sua rentabilidade nos FIIs.

Você não precisa investir para sentir os efeitos da Selic

Às vezes, por conta dos diferentes tipos de juros existentes no mercado, os efeitos sentidos pelo bolso do brasileiro não são imediatos. A Selic é uma taxa de juros pequena, e de baixíssimo risco de inadimplência. Os bancos, porém, fornecem empréstimos e investimentos que possuem variação de risco.

Em termos básicos, quanto maior o risco de inadimplência, possivelmente maiores são os juros.

Quando a Selic sobe, taxas de maiores riscos de inadimplência, mais populares e acessíveis, como cheque especial e empréstimo pessoal, podem demorar para sentir o efeito, mas ele certamente acontece.

O produto final de uma variação da meta Selic definida pelo Copom pode ser sentido inclusive nas prateleiras de supermercado. Já que a taxa funciona como uma ferramenta de controle da inflação, seu aumento pode ser refletido na diminuição de preços de produtos, enquanto o oposto pode significar um aumento, já que a economia fica mais aquecida.

Por isso que, como comentamos, nem sempre o objetivo central do BC é superaquecer a economia. De nada adianta uma taxa baixíssima de juros básicos, com preços aumentando no país, se a população brasileira não consegue aumentar sua renda e poder de compra no processo.

Agora que você já sabe como a Selic funciona, e como ela pode afetar diretamente seus investimentos e preço de produtos, fique ligado: a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para acontecer nos dias 16 e 17 de março.

A partir de hoje, toda vez que você ouvir o William Bonner falar que a taxa básica de juros do Brasil mudou, você saberá exatamente o que ele quer dizer, e como isso pode influenciar a sua vida.

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Juan Tasso - Smart Money

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