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Saiba quais são e como gerenciar os riscos nos seus investimentos

6 Minutos de leitura

O mercado financeiro oferece uma ampla gama de opções para aqueles que desejam investir. De ações a commodities, dentre outros ativos, não faltam opções para os investidores e, para tomar a melhor decisão possível, é preciso fazer uma avaliação dos riscos e do retorno potencial de cada tipo de aplicação. Feito isso, o investidor terá capacidade de decidir onde alocar seu capital da forma mais racional possível.

Para te ajudar a fazer esta avaliação, este guia da Smart trará para você um resumo completo sobre riscos nos investimentos, e como avaliá-los antes de tomar as suas decisões. Confira!

RISCOS

Inicialmente, é necessário que o investidor tenha ciência de que nenhum investimento é livre de riscos. O risco é uma característica inerente às operações financeiras, e apenas o governo pode emitir ativos livres de risco, os chamados títulos de dívida pública. No Brasil, por exemplo, temos os títulos do Tesouro Direto, universalmente reconhecidos como a modalidade de investimentos mais segura do nosso mercado.

E mesmo o governo com todo o seu poder sobre as políticas fiscal, monetária e cambial, não consegue evitar totalmente as oscilações nos rendimentos dos títulos de dívida pública. Os títulos de dívida pública são livres do risco de prejuízos, mas a variação das taxas de juros, da inflação e de outros indicadores pode afetar diretamente o rendimento de aplicações em títulos de dívida pública. De forma geral, o risco total atrelado a um investimento é calculado a partir da soma de dois fatores: o risco sistemático e o risco não sistemático.

O risco sistemático, também chamado de risco de mercado, risco não-diversificável e risco comum, é um risco atrelado a fatores macroeconômicos e seu controle está fora do alcance do investidor comum. Já o risco não-sistemático, ou risco diversificável e risco do negócio, é um risco atrelado ao próprio desempenho de um ativo. Ele é chamado de risco diversificável exatamente pela possibilidade do investidor diluir o risco em uma carteira através da diversificação de seus ativos.


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Nós temos ainda algumas outras categorias de risco, associadas ao mercado financeiro e às operações bancárias. Quanto aos riscos do mercado financeiro, temos os seguintes riscos: 

  • Risco de variação das taxas de juros: quando o rendimento de uma aplicação sofre interferência da variação das taxas de juros.
  • Risco de crédito: risco atrelado a possibilidade de não cumprimento das obrigações por parte do devedor, correspondendo a possibilidade de não recebimento dos valores devidos.
  • Risco de mercado: risco atrelado à variação de preços de produtos negociados no mercado financeiro, é a possibilidade de perda com a desvalorização de um ativo no mercado.
  • Risco operacional: risco de perdas decorrente de erros humanos, falhas em softwares, etc. Corresponde a perdas ocasionadas por falhas no processo de negociação dos ativos.
  • Risco de câmbio: atrelado a investimentos feitos no exterior, corresponde a possibilidade de perdas a partir da variação cambial.
  • Risco soberano: corresponde a limitações impostas pelo poder público e órgãos reguladores, como restrições no fluxo financeiro que limitem a entrada e saída de capital de um mercado.
  • Risco de liquidez: risco atrelado a disponibilidade de caixa, está relacionado com a possibilidade de um descompasso entre operações de saque e depósito, que pode causar um desequilíbrio no mercado.
  • Risco legal: corresponde a falta de legislação ou regulamentação sobre um determinado produto no mercado financeiro.

Temos ainda uma série de riscos na atividade bancária, que correspondem à possibilidade de interrupção dos pagamentos por parte das instituições financeiras. Podemos ainda usar as instituições financeiras para ilustrar algumas de modalidades de risco citadas acima e como esses riscos se aplicam no cotidiano das instituições.

O risco operacional, por exemplo, pode estar associado a um capital humano com pouca capacitação, por exemplo. Possíveis sanções sofridas pela empresa a partir de contratos irregulares são parte do risco legal, enquanto a possibilidade de um tomador de empréstimo não honrar seus compromissos corresponde ao risco de crédito.

A possível inadimplência em empréstimos é considerada um risco de crédito (Imagem: Leoa / Divulgação)

GOVERNANÇA

Outro fator que também merece a atenção do investidor na hora de avaliar os riscos de uma aplicação é a forma como uma empresa se comporta, quais os valores que regem as relações internas e externas da companhia. Esse conceito é chamado de governança corporativa.

Através de uma boa administração, uma empresa tem mais chance de cumprir com suas metas de forma eficiente, aumentando sua capacidade de se valorizar ao longo do tempo e dar retorno a seus acionistas. Assim, uma empresa se qualifica para atrair cada vez mais capital financeiro e humano, aumentando cada vez mais seu valor.

GERENCIANDO OS RISCOS

De forma geral, considera-se que existem quatro formas de se gerenciar os riscos nos investimentos. O investidor pode evitar os riscos a partir da aplicação em títulos de dívida pública ou certificados de depósitos bancários (CDBs), investimentos com risco basicamente zerados. Embora limite o potencial de rendimentos da carteira, investir nesse tipo de ativo pode servir para resguardar parte do capital investido.

Outra estratégia similar é a antecipação de riscos, onde o investidor aceita os riscos atrelados a um investimento e os compensa alocando capital em ativos de diferentes níveis de risco, onde os investimentos de menor risco neutralizam os riscos de investimentos com maior potencial de perdas.

Um investidor que não está disposto a assumir os riscos de uma aplicação pode ainda transferir os riscos para outros investidores, que se dispõem a assumir os riscos. Um ativo muito comum neste tipo de estratégia são os derivativos, como contratos futuros, opções, etc.

A redução de risco é feita a partir da diversificação da carteira. Ao aplicar seu dinheiro em diferentes ativos, de diferentes naturezas, com diferentes corretoras e até mesmo em diferentes países, o investidor está aumentando o nível de proteção da sua carteira. Uma carteira de investimento altamente diversificada corre muito menos riscos de prejuízos do que uma carteira altamente concentrada em um ativo de uma mesma empresa ou de um mesmo setor da economia.

O mercado de ações apresenta um risco maior que investimentos de renda fixa, mas o potencial de retorno também é maior (Imagem: SUNO / Divulgação)

O gerenciamento de riscos não é um processo fácil, e é composto de três etapas principais:

A avaliação de desempenho, onde o objetivo é fazer um benchmark do desempenho passado dos ativos cogitados para ter melhor ideia do potencial de rendimento e do tamanho do risco assumido ao fazer o investimento, por exemplo.

A medição de riscos é a etapa onde o investidor analisa o contexto a que os ativos estão expostos, avaliando a posição atual dos mesmos e quais os fatores que podem afetar o desempenho do ativo (taxas de juros, variação no valor de ações, risco de crédito, etc.

Por fim, o investidor precisa executar a estruturação da sua carteira, tendo como referência o posicionamento futuro dos ativos. Nesta etapa, o investidor deve analisar como os ativos precisam ser posicionados hoje para maior rendimento a longo prazo da sua carteira.

Uma maneira “fácil” de mensurar os riscos envolvidos em uma aplicação é a partir dos rankings feitos por empresas especializadas. Essas empresas costumam classificar ativos em diversos níveis, que refletem o tamanho dos riscos envolvidos no investimento. Esses rankings tradicionalmente seguem uma tabela nos moldes a seguir:

RankingRisco
AaaComportam um baixo nível de risco e o pagamento de juros encontra-se garantido
AaSão títulos de alta qualidade e semelhantes às obrigações Aaa. O nível de risco também é baixo e a cobertura de pagamento de juros são semelhantes se analisadas a longo prazo
ASão títulos de alta qualidade média alta. O investimento é aconselhável e as garantias que dão sustentação ao título são consideradas adequadas
BaaSão títulos de alta qualidade média. O pagamento dos juros e a segurança do capital apresentam-se adequados para o presente, mas não são confiáveis no longo prazo. A esses títulos faltam característica de investimento seguro
BNão são títulos de investimento desejável e não há garantias suficientes de pagamento do juro e do capital
CaaSão títulos de baixa qualidade e estão sujeitos ao incumprimento das obrigações
CaSão títulos com alto grau de especulação e apresentam o mesmo grau de incumprimento das obrigações de um título classificado Caa
CSão títulos de classificação da mais baixa qualidade e não possuem um padrão de investimento

E nunca é demais reforçar: nenhum investimento e nenhuma estratégia são à prova de riscos. Você pode fazer tudo corretamente e não ter os retornos esperados, pois alguns fatores aleatórios podem afetar seus investimentos. Cabe ao investidor buscar estudar cada vez mais o mercado, a fim de entendê-lo melhor e deixar seus investimentos mais seguros.

O mercado financeiro está cada dia mais regulado, com órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) trabalhando para garantir a lisura dos processos de investimentos. Se você se sentiu lesado em alguma aplicação, é seu direito recorrer à CVM para buscar seus direitos.

E, assim como a CVM, os profissionais do mercado financeiro, como assessores de investimentos, trabalham para lhe ajudar na sua jornada pelo mercado de investimento. Se você tem capital e tem desejo de investir, mas não se sente seguro para tomar todas as decisões por conta própria, não exite em buscar ajuda de um profissional capacitado.

Guilherme Guerreiro

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