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Impacto das curvas de juros sobre os títulos de renda fixa

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O comportamento das curvas de juros influencia direta ou indiretamente títulos de renda fixa e de renda variável, possuindo uma ampla atuação sobre todo o mercado de valores mobiliários.

Mas afinal, o que é a curva de juros e por que ela é tão importante para todo investidor? A curva nada mais é do que a expectativa de taxas de juros para diferentes prazos para um dado emissor (exemplo o Tesouro Nacional) representada através de um gráfico. Ou seja, são as taxas que o mercado entende serem atrativas para dado emissor num dado vencimento, portanto, os agentes de mercado (instituições financeiras, empresas, pessoas físicas etc.) ajudam a formar a curva de juros.

As curvas de juros que refletem a rentabilidade dos títulos públicos (emitidos pelo Tesouro Nacional) funcionam como referência para formação de todas as demais taxas praticadas pelo mercado, visto que, esses títulos possuem o chamado “risco soberano”. Portanto, empresas, bancos e gestores utilizam essas taxas como balizadores para formação de seus preços, aplicando spreads de crédito e elevando a remuneração de seus títulos com o intuito de satisfazer a relação de quanto maior o risco, maior o retorno.

Quais são as curvas de juros existentes e onde podemos encontrar esses dados? Há basicamente três curvas de juros as quais estão diretamente relacionadas com os indexadores utilizados na renda fixa, isto é, pré, pós-fixados e atrelados à inflação (juro real). Podemos consultar as curvas de fechamento de D-1 (também chamada de Estrutura a Termo das Taxas de Juros Estimada) através do site da Anbima. Nele, podemos visualizar a ETTJ PRÉ (títulos prefixados do governo), ETTJ IPCA (títulos atrelados à inflação e com retorno de juros reais) e a informação da inflação implícita (esperada) para os dados períodos. As curvas (taxas) pós-fixadas acompanham a variação da taxa Selic/CDI conforme decisão do Copom. 

Fonte: XP Investimentos. No exemplo acima temos a curva da NTN-B (Tesouro IPCA+) e fica visível que as taxas variam conforme variam os vencimentos. Podemos observar também a oscilação na expectativa da formação de taxas (representado pelas três linhas), a qual pretende informar que, quão maior for a expectativa de rentabilidade, maior o estresse no cenário econômico para justificar tal mudança de perspectiva. Texto completo em: https://conteudos.xpi.com.br/renda-fixa/carteiras/investindo-em-agosto-2021-renda-fixa/.

Mas como as curvas de juros impactam os meus investimentos? Essa é uma pergunta bem ampla, então vamos ir por partes. Primeiramente, é importante mencionar que o deslocamento das curvas para cima (sobretudo a curva pré e a curva de juro real) indica um ambiente econômico mais agitado e, o deslocamento das curvas para baixo, sugere um ambiente econômico mais ameno e de menor risco. 

Para se compreender os impactos que os demais indicadores e forças econômicas têm sobre as curvas de juros, é importante mencionar que a parte mais curta da curva (vencimentos mais curtos) é mais impactada por eventos relacionados com a política monetária (inflação, PIB, desemprego, câmbio) e é nesse contexto que a decisão do Copom possui maior influência (aumento ou redução da Selic Meta). Já a ponta mais longa da curva é impactada principalmente por aspectos fiscais, como dados da dívida pública e resultado primário do governo.  

Ou seja, podemos perceber que o fator que determina a abertura (aumento) ou o fechamento (redução) das curvas de juros tem relação com o aumento ou a diminuição das percepções de risco do país, respectivamente. Desta maneira, em momentos de estresse econômico (percepção de elevação do risco) que resultam em uma abertura das curvas (na parte curta e/ou longa) é interessante adquirirmos títulos atrelados à inflação (IPCA+) e como exemplo destes títulos temos os títulos de crédito privado (debêntures, CRIs e CRAs) e as NTN-Bs (Tesouro IPCA+). 

Neste momento, os prêmios de crédito (spread over a NTN-B de referência) se elevam, elevando a remuneração para o investidor que adquirir o título neste momento. Já, com relação à abertura da curva prefixada, títulos como os CDBs também sentirão o impacto sofrendo uma elevação de taxas (banco deverá remunerar mais pelo mesmo título).

Em ciclos de elevação de taxas de juros o investidor que já possui em carteira títulos atrelados à inflação, por exemplo, poderá visualizar um deságio do papel (justamente pela relação inversa entre taxa e preço) mas, se não for feita a venda antecipada do título, o detentor não irá sofrer nenhum prejuízo, continuando a obrigatoriedade do emissor remunerar o papel conforme a taxa contratada. Lembrando que mesmo em casos de deságio há possibilidade de o título voltar a se valorizar num futuro próximo.

Agora, vamos imaginar o cenário oposto, consoante uma expectativa de ciclo de queda (fechamento) das curvas das taxas de juros, o investidor que já possui em carteira títulos atrelados à inflação, por exemplo, irá visualizar um ágio sobre os seus papéis (taxa atual de mercado inferior à contratada e, portanto, o preço do título sobe). Neste momento o investidor pode realizar o ágio (valor de mercado superior ao valor na curva) realizando a venda antecipada do papel ou pode optar por levar o seu título até o vencimento, sendo remunerado pela taxa contratada. 

Portanto, como podemos perceber, encontramos inúmeros investimentos sendo beneficiados a partir da alteração da expectativa do comportamento das curvas de juros, justificando a necessidade de acompanharmos de perto as oscilações. Por fim, lembramos que ativos de renda fixa são recomendados para todos os perfis de investidor e que as informações do tipo do ativo, indicador e representatividade do ativo na carteira devem ser levados em consideração. Caso o investidor necessite de orientação para decidir qual investimento é o mais adequado para dado momento é recomendado que consulte a opinião de um especialista no assunto.

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