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A relação do Brasil com o cenário mundial de eSports

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Esses dias estava olhando algumas notícias sobre eSports e vi uma que me surpreendeu bastante: a lenda europeia Ninjas in Pyjamas (NiP), decidiu montar uma equipe de VALORANT somente com brasileiros para disputar na região. Isso me fez lembrar que temos, no cenário brasileiro, uma quantidade razoável de organizações estrangeiras que atuam em algumas modalidades e refletir por que isso ocorre.

Ao mesmo tempo, relembrei também de vários exemplos de equipes que saíram do Brasil para disputar no cenário estrangeiro e levaram o nosso legado para o mundo. No fim das contas, como é a relação do Brasil com o mundo dos eSports?

O primeiro ponto que deve ser ressaltado nessa discussão é: o Brasil tem um cenário muito forte de eSports. Em algumas modalidades pode não ser tão expressivo em resultados, não ter grandes conquistas, mas é muito popular (inclusive, já mencionamos isso em nosso primeiro texto).

Muitas pessoas acompanham pelo menos uma modalidade de eSports, muitas pessoas jogam, e muitas também sonham em ser profissionais na sua modalidade favorita. No entanto, a complexidade da questão que colocamos no primeiro parágrafo vêm do histórico de algumas modalidades no país e no mundo.

Os exemplos que talvez ilustrem melhor isso são CS:GO e VALORANT, ambas modalidades de FPS (First-Person Shooter – “jogo de tiro”, como costumávamos chamar há alguns anos) que estão entre as mais populares no mundo dos eSports: O CS:GO tem sua história ligada ao Counter-Strike, primeira iteração da franquia lançada em 1999.

Como todos sabemos, até hoje existe uma parcela da população que não tem acesso à internet (em torno de 17%, para ser mais exato). Agora, se pensarmos lá no início dos anos 2000, a internet era um privilégio (e, por um bom tempo, era discada, o que torna a situação ainda pior). Então, só jogar algum jogo pela internet já era algo que poucos faziam (e, em geral, indo nas clássicas lan-houses), então a ideia de competir profissionalmente em algum jogo no Brasil era praticável para pouquíssimas pessoas.

Dessa forma, o Brasil tinha poucos times de Counter-Strike que realmente competiam seriamente (como MIBR e G3X) e, devido a esse difícil acesso à internet na época, também havia relativamente poucos campeonatos anualmente para esses times jogarem. No entanto, no mundo, a internet já era um pouco mais popular e permitiu um crescimento muito mais expressivo e muito mais cedo que o cenário brasileiro, o que fez o Brasil ir ficando para trás, sendo considerado Tier 3 (ou seja, 3ª divisão) em relação ao mundo, e tendo oferecidas para si poucas vagas em campeonatos mundiais.

Mesmo com algumas conquistas notáveis de brasileiros na modalidade e com a transição do Counter-Strike para o Counter-Strike: Source e posteriormente para o Counter-Strike: Global Offensive, iteração atual da franquia, essa tradição se manteve, sendo que hoje, nos Majors da modalidade, seus campeonatos de maior importância, é ofertada apenas uma vaga para a América do Sul inteira, a qual é disputada por meio de diversos campeonatos qualificatórios, enquanto que a Europa tem em torno de 10 vagas para seus times.

Dessa forma, à medida que o CS se desenvolveu, se tornou um hábito dos times que estavam crescendo no pai e dominando o cenário se mudarem para a América do Norte ou Europa e passar a representar o Brasil nessa região. A primeira vitória brasileira em um major de CS:GO, inclusive, foi representando a Luminosity Gaming, organização norte-americana e, em seguida, representando a SK Gaming, organização alemã.

Em outro momento em que o Brasil chegou a uma final (dessa vez sem conquistar o título), foi representando a Immortals, organização estadunidense. No último Major da modalidade, realizado entre Outubro e Novembro em Estocolmo, tivemos um total de 4 times brasileiros (fora os jogadores brasileiros que representavam times europeus ou norte-americanos), no entanto só um desses times realmente atuava no cenário brasileiro.

Já o VALORANT mostra comportamento diferente: a modalidade, que surgiu durante a pandemia em 2020, não passou por todas as dificuldades tecnológicas que o CS passou, tendo crescido em uma época onde eSports são populares, em que a internet é acessada por uma grande maioria da população e ainda em um ano em que o interesse por entretenimento digital cresceu, devido a constantes restrições e lockdowns.

Desta forma, não apenas o VALORANT Champions, que é o maior campeonato da modalidade, concedeu duas vagas (dentre 16) para o Brasil, como ainda concedeu uma vaga para o LATAM, ou seja, restante da América Latina. Aqui, diferentemente do exemplo anterior, o Brasil é visto como uma potência própria, tendo seu cenário separado do restante da América Latina e tendo representatividade maior no cenário mundial.

E nesse caso, ao invés de vermos times saindo da região para jogar em outras com maiores oportunidades, vemos organizações importantes como NiP e Team Liquid investirem, de alguma forma, em nosso cenário, além de maioria dessas organizações terem, hoje em dia, toda uma equipe focada no marketing brasileiro, com todos os anúncios e outras postagens em português, tentando criar maior identificação com o público brasileiro.

Por fim, histórias a parte, o que isso diz sobre o cenário brasileiro? Mostra que nosso cenário é forte e relevante. As organizações se sentem na necessidade de investir no Brasil, senão acabam vendo as organizações brasileiras infiltrando sua região e tomando seus espaços.

Um ótimo exemplo disso, fora o investimento da NiP em um time brasileiro e da Liquid em um time feminino brasileiro, é a organização sueca GODSENT, que, no CS:GO, dispensou seus jogadores europeus e contratou uma equipe formada e administrada por brasileiros. Poderíamos listar mais modalidades em que isso ocorre, como Free Fire e Rainbow Six Siege, que somente corroboram mais ainda com o ponto.

Mas o que isso diz para o investidor interessado em eSports? Simples: invista no Brasil. É possível ver em todos os exemplos que os jogadores brasileiros valem o investimento e podem ir muito longe. Em algumas modalidades, o time pode se destacar no Brasil e disputar internacionalmente sem sair da região, em outras o passo seguinte pode ser mudar de região, mas de qualquer forma temos jogadores extremamente habilidosos em nosso país (e até uns ótimos jogadores de outros países de nosso continente que resolvem jogar no Brasil), que muitas vezes aceitam começar o trabalho ganhando pouco (ou até nada, em muitos casos do cenário amador), por puro amor à modalidade, e se desenvolvem em enormes potências.

Os lendários jogadores FalleN, Fer, Coldzera, Fnx e TACO, do CS:GO (que ganharam os títulos como Luminosity e SK Gaming nos anos de 2016 e 2017), fizeram, anos antes, uma arrecadação coletiva para disputar seu primeiro campeonato mundial, pois não tinham nenhum patrocínio e, consequentemente, não tinham condições de arcar com uma viagem internacional. Hoje, são referências, não só no CS:GO, mas no mundo dos eSports no geral, como uma das maiores equipes que nosso país já teve, com vários títulos e uma história incrível, servindo de inspiração para muitas equipes jovens do nosso cenário.

O que você, investidor, está esperando para ajudar a criar a próxima equipe lendária dos eSports?

Team Execution

A Team Execution foi fundada em dezembro de 2019 por Pedro 'Kioma' e João 'Snow' como uma equipe de CS:GO. Durante o ano de 2020, a organização cresceu seu engajamento online e criou um laço mais forte com seus seguidores. Em 2021, a organização convidou toda a equipe da Gladius eSports para se unirem a organização e começou uma equipe de Valorant, junto a de CS:GO, que sempre foi o carro-chefe. A busca, nos próximos anos, é expandir para outras modalidades, figurando entre as maiores organizações de eSports do Brasil.

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A Team Execution foi fundada em dezembro de 2019 por Pedro 'Kioma' e João 'Snow' como uma equipe de CS:GO. Durante o ano de 2020, a organização cresceu seu engajamento online e criou um laço mais forte com seus seguidores. Em 2021, a organização convidou toda a equipe da Gladius eSports para se unirem a organização e começou uma equipe de Valorant, junto a de CS:GO, que sempre foi o carro-chefe. A busca, nos próximos anos, é expandir para outras modalidades, figurando entre as maiores organizações de eSports do Brasil.
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