O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (08) que irá proibir as importações de petróleo e gás natural da Rússia. A decisão é parte do pacote de sanções anunciado pelo presidente Joe Biden que visa isolar o governo de Vladimir Putin do mercado global.
“Os EUA fizeram essa decisão consultando nossos aliados mais próximos e parceiros de todo o mundo, assim como membros do Congresso de ambos os partidos”, diz uma nota divulgada pelo governo. “Os EUA podem dar esse passo devida a nossa forte infraestrutura energética doméstica, e a gente reconhece que nem todos os nossos aliados e parceiros estão em uma posição de se juntarem a nós”.
Segundo o presidente Joe Biden, essa decisão deve aumentar mais ainda os cursos dos combustíveis no país, mas que tomará “todos os passos possíveis para minimizar a alta nos preços no país”.
Em Kiev, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, comemorou a decisão.
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De acordo com a decisão anunciada pela Casa Branca, ficam proibidos:
- A importação de petróleo e alguns produtos derivados, gás natural liquefeito e carvão. No ano passado, os EUA importaram por volta de 700 mil barris de petróleo por dia, além de produtos derivados. Esse passo deve depravar a Rússia de bilhões de dólares vindos dos EUA.
- Novos investimentos dos EUA no setor energético da Rússia, o que assegurará que companhias norte-americanas e investidores não subscrevam os esforços de Putin de expandir a produção energética dentro da Rússia.
- Financiamentos por norte-americanos em companhias estrangeiras que ativamente investem para produzir energia na Rússia.
O banimento nas importações russas já era esperado pelo mercado econômico, já que os planos se estendiam há dias. Agora, existe uma apreensão quanto a posição da União Europeia, onde 60% do total da exportação energética vem do país de Putin.
As respostas do governo russo começaram a aparecer antes mesmo da oficialização do banimento. Ontem (07), o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, disse em discurso que o país poderá cortar o abastecimento energético para a Europa.
“Temos todo o direito de tomar uma decisão espelhada e impor um embargo ao bombeamento de gás através do gasoduto Nord Stream 1, que hoje é carregado em o nível máximo de 100%”, disse Novak. As falas também foram uma resposta à interrupção do gasoduto Nord Stream 2, que ligará a Rússia a Alemanha.
Os países europeus usam três principais fontes de importação: Rússia, Noruega e Argélia. A Rússia sozinha corresponde a cerca de 38% do total das importações, enquanto a Noruega, por exemplo, corresponde a apenas 19%.
Por outro lado, as importações russas representam apenas 8% do mercado energético dos EUA, sendo que 3% correspondem ao petróleo bruto.
A Comissão Europeia apresentou nesta terça-feira (08) um plano para reduzir a dependência do continente da importação de combustíveis fósseis russos até 2030, começando pelo gás natural.
“A Europa tem enfrentado crescentes preços de energia há vários meses, mas agora a incerteza sobre a oferta exacerba o problema”, diz o comunicado.
O programa foi cunhado como REPowerEU, que pretende substituir o gás na geração de energia até o fim do ano e diversificar a oferta da commodity. A ideia também é usar mais gases renováveis.
A decisão dos EUA deve pressionar ainda mais o mercado energético global, que hoje passa por altas severas. Na tarde desta terça (08), o barril de petróleo brent, do Mar do Norte, passa de US$ 130. No início de janeiro, o preço por barril era de menos de US$ 85.
Outra commodity que já sente as pressões do conflito no leste europeu é o gás natural. Em julho do ano passado, o preço dos contratos de gás natural TTF (Title Transfer Facility) estava em cerca de € 18 por MWh. De acordo com dados da plataforma ICE, o preço desta terça-feira (08) está em € 227 por MWh.
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