Em uma decisão que estava alinhada com as expectativas do mercado, o Comitê de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, decidiu manter a taxa de juros no patamar atual, que oscila entre 5% e 5,25%. Essa decisão interrompe o ciclo de aperto monetário que havia sido iniciado em março do ano anterior, durante o qual a taxa de juros foi elevada dez vezes consecutivas.
A decisão de manter a taxa de juros foi unânime e reflete os níveis ainda altos da inflação norte-americana. O monitor de juros do CME Group indicou que mais de 95% do mercado esperava a manutenção da taxa, enquanto apenas cerca de 2% previa um aumento de 25 pontos-base.
O comunicado do Fed que acompanha a decisão indica que a atividade econômica continua crescendo em um ritmo modesto, com ganhos de empregos robustos nos últimos meses e uma taxa de desemprego baixa. No entanto, a inflação permanece alta.
O Fed também indicou que manter a faixa-alvo estável nesta reunião permite que o Comitê avalie informações adicionais e suas implicações para a política monetária. A extensão da política que o Fed vinha adotando pode ser apropriada para fazer a inflação retornar a 2% ao longo do tempo.
As projeções do colegiado (dot plot) preveem juros na faixa de 5,6% ao final de 2023, o que sugere espaço para mais dois ajustes de 25 pontos-base na taxa. A projeção de juros para o fim de 2024 é 4,6% e em 2025 de 3,4%.
O cenário macroeconômico, por outro lado, apresenta sinais mistos. Estão no radar a desinflação e as discussões sobre o risco de recessão.
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que todas as autoridades do Fed projetam mais aumentos de juros ainda este ano e que a próxima reunião, em julho, poderá trazer uma nova alta na taxa. Ele também destacou que o sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente, mas que condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação.
A alta taxa de juros nos Estados Unidos pode levar a um aumento na cotação do dólar frente ao real, pois há saída da moeda do Brasil para buscar melhor remuneração no exterior. Além disso, juros altos nos EUA indicam uma desaceleração da economia mundial, já que os empréstimos e investimentos ficam mais caros. Isso pode resultar em uma menor demanda pelos produtos e serviços brasileiros, o que pode ajudar a reduzir a inflação doméstica.