O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou e divulgou um novo decreto nesta quinta-feira (31) em que diz que caso novos pagamentos não forem feitos na moeda oficial do país, o rublo, o fornecimento de gás natural para a Europa poderá ser cortado. Atualmente, boa parte das negociações são feitas em Euro, e algumas delas em Dólar.
A ordem passa a valer a partir de hoje para a realização de novos contratos, ou seja, o fluxo de gás segue normalmente nesta sexta-feira (01). Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o problema começa quando novos pagamentos começarem a vencer a partir da segunda metade do mês de abril.
“Se tais pagamentos não forem efetuados, vamos considerar inadimplência por parte dos compradores, com as consequências decorrentes. Ninguém nos dá nada de graça, e não vamos fazer obras de caridade. Portanto, nesse caso, os contratos atuais serão interrompidos”, diz o anúncio do presidente Vladimir Putin.
O banco autorizado a servir como intermediário nas negociações é o russo Gazprombank, um dos poucos que não foram atingidos pelas duras sanções de isolamento impostas pelos países europeus. Isso porque o banco é um agente muito importante no processamento de transações financeiras relacionadas ao abastecimento energético.
Na visão da Rússia, que disse que não faz obra de “caridade”, o país forneceu à Europa os recursos energéticos, mas recebe em troca um Euro que agora está sendo congelado pela linha de sanções.
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A ação do governo russo é uma tentativa de mitigar os efeitos das sanções econômicas impostas pelos países, já que dos US$ 600 bilhões em reservas da Rússia, mais da metade foram bloqueados. Além disso, o decreto obrigaria a abertura de contas em bancos russos, que foram particularmente prejudicas pelo banimento do sistema SWIFT.
O gás natural é uma commoditie essencial para a Europa, particularmente durante o inverno do continente. 60% de todo o abastecimento de gás é importando, e destes, 38% têm origem russa. No caso de países como a Alemanha, 60% do abastecimento energético do país vem da Rússia.
Por isso, na Alemanha, um plano de emergência já está sendo preparado no caso de um corte profundo no fornecimento de gás. O ministro da Economia, Robert Habeck, já pediu para o setor industrial do país uma redução no consumo, e um futuro racionamento de gás não está descartado.
No caso de um possível corte, ou redução no abastecimento, a Alemanha pode entrar em uma recessão. Atualmente, os altos preços do gás, altamente pressionados nos últimos meses, já prejudicaram a produção industrial do país. O resultado disso é um crescimento econômico aquém do esperado antes do conflito na Ucrânia iniciar.
Foto: Reuters / Reprodução