Educação Financeira

Psicologia econômica: por que tomamos certas decisões?

4 Minutos de leitura

O que podemos aprender com uma das mentes mais brilhantes da psicologia econômica? 

Em 2011, o psicólogo e economista Daniel Kahneman publicava o livro “Rápido e devagar: Duas formas de pensar”, uma obra importantíssima que contribuía para a área de psicologia comportamental no mundo inteiro 

Kahneman ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2002 e dedicou boa parte de sua carreira para compreender por que tomamos as decisões que tomamos, e que mecanismos no nosso cérebro – que ativamente trabalham a cada momento – contribuem para isso. 

Seus estudos demonstram que existem, basicamente, dois sistemas trabalhando em conjunto no nosso cérebro. O Sistema 1 é mais primordial e descreve a tomada de decisão rápida, instintiva e amplamente afetada pelo nosso emocional. 

O Sistema 2, tão importante quanto o primeiro, é um pouco mais complexo. É um sistema de cálculos, que toma decisões através de uma análise mais meticulosa e não tão reativa quanto o Sistema 1. 

Um exemplo prático e rápido para entender como os sistemas funcionam é pensar no seguinte questionamento: quanto é 2 + 2

A resposta é quase instintiva de tão espontânea e rápida. Trabalho do Sistema 1. 

Agora, pense na seguinte questão: quanto é 24 x 38

A tarefa certamente não é impossível de resolver, mesmo contando apenas com a capacidade cerebral e nenhum papel e caneca. Mesmo assim, trata-se de uma tentativa categórica do Sistema 2, mais complexo e calculista. 

As descobertas de Kahneman nos mostraram que embora queremos acreditar que tomamos decisões racionais boa parte do tempo, o Sistema 1 é responsável pela imensa maioria dos nossos julgamentos diários. 

Você já ouviu na frase “o mercado é irracional”? Se levarmos em conta as descobertas comportamentais descritas pelo Nobel de Economia, ela faz ainda mais sentido. Como podemos melhorar isso? 

Saber lidar com os vieses 

No mercado financeiro, especialmente no de risco, cada decisão pode significar uma grande perda – ou ganho – de patrimônio. Embora analisemos a todo momento os acontecimentos do mercado e não gostamos de admitir que o emocional nos induz na tomada de decisões, esse fator certamente nos acompanha no dia a dia. 

Reconhecer que isso acontece demanda maturidade. Melhor que isso, nos deixa preparado para as mais diversas induções que nos acompanha na rotina de investidor. 

Você já passou por uma situação em que inúmeras pessoas tomam uma determinada decisão e sua cabeça automaticamente julga ser a escolha certa? Muito provavelmente, isso é fruto do Sistema 1, que como um instinto de sobrevivência julga o comportamento social de manada como certo. 

Abaixo, vamos listar alguns dos vieses cognitivos mais comuns do mercado financeiro. Conhecê-los pode ser muito importante para que você consiga policiar sua tomada de decisões e conseguir investir de uma maneira mais racional. 


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Ancoragem 

Segundo Kahneman, a ancoragem nada mais é que o fenômeno de referências subjetivas

Pense no seguinte: em janeiro deste ano, uma determinada ação estava custando R$ 50. Em julho, as ações chegaram a R$ 19. 

Desconsiderando os fatos econômicos que marcaram o primeiro semestre deste ano, é provável que seu cérebro julgue o valor de janeiro como o ponto de referência para essa determinada ação. Tomar decisões de acordo com esta base, porém, pode ser um erro. 

Outro exercício promovido por Kahneman descreve um fenômeno ainda mais subjetivo. Primeiramente, pense em um ativo qualquer, que você não acompanha. Chute: ele vale mais ou menos de R$ 100? 

Agora, repita com alguém do seu lado o mesmo questionamento, mas mude a última pergunta para: ele vale mais ou menos de R$ 10? 

De acordo com as pesquisas conduzidas pelo Nobel em Economia e posteriormente demonstradas no livro, é muito provável que as pessoas escolham valores próximos a R$ 100 quando o primeiro questionamento é feito, enquanto no segundo os valores vão se aproximar de R$ 10. 

Como você deve imaginar, a ancoragem está presente em todo o mercado financeiro. Ela está intricadamente ligada às suas experiências passadas e pontos de referência, e pode ser um fator importante na tomada de decisão. 

Viés de confirmação 

Mais comum de se identificar, o viés de confirmação acontece quando experenciamos e buscamos evidências que confirmem nossa visão de mundo. 

No livro de Kahneman, é descrito um fenômeno amplamente conhecido no mundo do basquete: quando um jogador não perde um arremesso em uma sequência impressionante de acertos. 

Se você assiste basquete e conhece o fenômeno, aqui está um fato amargo: ele não existe

No seu cérebro, diversos exemplos de jogadas inacreditáveis vão induzir nossa capacidade intelectual e nos convencer que sim, o fenômeno de fato existe. Sempre temos a tendência de buscar fontes e sugestões que confirmem nossa visão de mundo. 

O viés de confirmação é muito presente na política, mas também no mundo econômico. Estamos recheados de “achismos” e nossas experiências pessoais nos guiam para decisões que deveriam ser frias e racionais. 

Efeito manada 

O estado emocional do investidor pode ser o único aspecto necessário para uma determinada ação cair. A ação de venda de uma ação, seguida da venda desta ação por outro investidor, pode ocasionar em uma verdadeira manada. 

Mas, como sabemos, a resposta nem sempre é vender. Aliás, nestes momentos, as vezes a resposta está em comprar. 

Mesmo assim, você com certeza vai sentir frios na barriga quando um grande número de investidores toma uma mesma decisão. Só pode estar certo, não? 

Nestas situações, seus anos de estudo sobre o mercado podem ser seus amigos – com o cuidado para não acabar caindo em viés de confirmação.Tão importante quanto isso, manter a calma em momentos de frenesi é essencial. 

Efeito Dunning-Kruger 

Os psicólogos David Dunning e Justin Kruger nos mostraram em 1999 que as pessoas com baixa capacidade de executar uma determinada tarefa geralmente superestimam suas habilidades. 

O efeito é bem demonstrado no gráfico abaixo: 

O efeito Dunning-Kruger está propenso para acontecer em investidores novos, que acreditam que podem bater o mercado com uma competência maior que boa parte dos investidores mais experientes. 

Já ouviu a frase “só sei que nada sei” de Sócrates? A humildade para reconhecer que o seu pré-julgamento está sendo induzido ao erro pode te salvar nas horas mais críticas. 

Juan Tasso - Smart Money

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